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"A Revolução do Novo" debate um mundo de revoluções diárias

Fórum organizado por VEJA e EXAME reúne 150 executivos para discutir o desafio de uma geração: adaptar-se à velocidade das mudanças de hábitos e pessoas

Grupos de discussão durante o evento 'A Revolução do Novo', realizado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em iniciativa das revistas VEJA e Exame (Antonio Milena/VEJA)

Grupos de discussão durante o evento 'A Revolução do Novo', realizado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em iniciativa das revistas VEJA e Exame (Antonio Milena/VEJA)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 16h14.

Última atualização em 21 de março de 2017 às 12h20.

São Paulo - Se, para pessoas comuns, já tem sido difícil acompanhar as mudanças de hábitos, tendências e preferências da vida cotidiana, dada a velocidade de disseminação dos acontecimentos, esse desafio é ainda mais profundo para as empresas, que precisam ajustar suas linhas de produção e estratégias de venda a essas reviravoltas.

A apresentação dos desafios de um mundo conectado e acelerado – e também dos caminhos para enfrentá-los – foi o centro dos debates do fórum A Revolução do Novo, realizado nesta terça-feira, em São Paulo, pelas revistas VEJA e EXAME em parceria com a Coca-Cola.

O encontro foi dividido em três blocos, cada uma com dois palestrantes. No primeiro, o tema foi “O comportamento na era digital”. Desse bloco saíram afirmações como o de que tende a ganhar terreno a realidade aumentada (integração de informações virtuais a visualizações do mundo real, como os que integram o jogo Pokémon Go), apresentado por Luis Olivalves, diretor de parcerias para a América Latina do Facebook.

No segundo bloco, “A revolução da ética”, o economista e filósofo Eduardo Giannetti discutiu temas como tolerância e intolerância a desvios de conduta em tempos de Operação Lava Jato e o consultor na área de compliance (boas condutas) empresarial Andreas Pohlmann ratificou que o esforço para manter as empresas longe de práticas ilegais precisa ser cotidiano. Pohlmann é considerado um dos maiores especialistas em compliance do mundo.

Julio Zaguini, diretor de desenvolvimento de negócios do Google, participou do terceiro bloco, “O novo consumo. Ele resumiu a dimensão da mudança que empresas e pessoas têm encarado nos últimos anos. “Não se trata mais de uma revolução, mas de ondas de revoluções, que acontecem a todo instante”, disse. “Primeiro veio a internet. Depois, quando ainda estávamos nos adaptando a ela, surgiram os smartphones.”

Agora, afirma ele, a evolução da inteligência artificial é outro fator dessa complexa equação. Marcos de Quinto, vice-presidente executivo e líder global de marketing da Coca-Cola, deu um resumo de como esse quadro de velocidade nas mudanças de hábitos e valores afeta o cotidiano de uma grande corporação. “Sempre que tentamos antecipar o futuro, nos equivocamos”, disse.

No espírito da urgência do tema proposto pelo fórum, os participantes – cerca de 150 altos executivos de algumas das maiores empresas do país – discutiram os assuntos em suas mesas nos intervalos entre cada bloco. Assim, eles puderam atestar as dificuldades de acompanhar a velocidade das mudanças e tentaram apresentar esboços de resposta a esse desafio.

Mudanças em velocidade exponencial

“Mudanças são naturais. Mas, com o avanço da tecnologia, essas mudanças ocorrem com uma velocidade exponencial”, diz David Feffer, principal executivo da Suzano Holding. “E não se trata apenas de tecnologia. Estamos passando também por uma revolução humana, de valores.”

O fórum A Revolução do Novo discutiu, assim, mais que questões práticas (como melhorar vendas na rede? Como amplificar a mensagem aos consumidores?), mas o pano de fundo desse universo de revoluções cotidianas. Leandro Karnal, doutor em história social pela USP e professor da Unicamp, que abriu o evento, deu um exemplo aparentemente banal, mas que funcionou como uma metonímia dos debates do evento – e dos tempos atuais.

“Em um exercício de aula, um aluno leu três parágrafos de [Immanuel] Kant [filósofo alemão, considerado o fundador da chamada filosofia crítica] e, na hora, disse que Kant estava errado.” O exemplo do professor não foi para criticar o aluno, mas para mostrar que, com suas imperfeições (a pressa, a autossuficiência) e virtudes (o raciocínio rápido, a capacidade de trabalhar simultaneamente com vários assuntos), as novas gerações são o que são – e é preciso que empresas e pessoas trabalhem para se adaptar à nova ordem.

O fórum A Revolução do Novo foi o primeiro de uma série de três ciclos de debates programados pelas revistas VEJA e EXAME para 2017. Neste primeiro, o ponto central das discussões foram as pessoas. No próximo, programado para março, as empresas serão o foco dos temas.

(Colaborou Anderson Figo, de EXAME)

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