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A reestruturação para salvar a BRF já terminou?

A companhia apresentou resultados fracos em 2018, abalada por operações da Polícia Federal, o fechamento do mercado russo e a greve dos caminhoneiros

Fábrica da BRF: mais equilíbrio entre marketing e campo é prioridade | Germano Lüders /  (Germano Luders/EXAME/Exame)

Fábrica da BRF: mais equilíbrio entre marketing e campo é prioridade | Germano Lüders / (Germano Luders/EXAME/Exame)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 1 de março de 2019 às 06h00.

Última atualização em 1 de março de 2019 às 06h00.

A BRF passou o último ano reestruturando seu negócio. A fabricante de alimentos e dona da Sadia e Perdigão negociou dívidas, vendeu ativos e contratou grandes executivos para impulsionar sua operação.

Mas a companhia continua a apresentar resultados fracos e desanimadores, abalada por operações da Polícia Federal como Carne Fraca e Trapaça, bem como o fechamento do mercado russo, a greve dos caminhoneiros e a exclusão das plantas da BRF no Brasil da lista de estabelecimentos habilitados para exportação à União Europeia.

A companhia reportou prejuízo de 4,5 bilhões de reais no ano e margem ebitda foi de 7,6%, queda de 1 ponto porcentual, abaixo da previsão de analistas.

Um dos principais pontos da reestruturação da companhia era a venda de ativos considerados não essenciais. A companhia vendeu operações na Argentina, Tailândia, Várzea Grande (MT) e suas fábricas de processamento de alimentos e abate de aves na Europa. Arrecadou 4,1 bilhões de reais com todas as operações.

A meta, no entanto, era chegar a 5 bilhões de reais com os desinvestimentos. O valor das vendas, abaixo das expectativas, levou a empresa a divulgar uma perda não recorrente de 2,5 bilhões de reais no balanço de 2018. A BRF vai reconhecer ainda uma perda adicional de 800 milhões de reais relacionada a vendas de ativos recentes por variações cambiais.

Mesmo assim, o presidente da companhia Pedro Parente acredita que foram acertadas. “O valor é o que o mercado encontrou”, afirmou em teleconferência com investidores. "Vamos concentrar os recursos preciosos da empresa nos ativos mais estratégicos", disse.

Outro desafio da companhia foi a queda no preço de frangos e suínos. Com o fim da autorização para exportar para a União Europeia, de repente a empresa tinha um estoque de animais grande demais, o que fez o preço despencar. A empresa afirma que já se desfez de 60% de seu estoque de matéria prima, o que deve normalizar os preços em 2019.

Para o futuro

Para a XP, as melhores tendências de exportação e os preços mais altos dão uma perspectiva positiva para o futuro da BRF, apesar dos resultados operacionais fracos. "Destacamos nossa perspectiva construtiva para proteínas no Brasil para 2019, devido a sólidas tendências de exportação, reforçadas pela demanda asiática e pelos potenciais impactos da peste suína africana na China, que é o maior consumidor e importador de suínos do mundo, e melhoria da demanda com ambiente macroeconômico mais forte e oferta equilibrada no Brasil", escreveu a corretora em análise.

Já o BTG não está tão otimista. "Melhoras substanciais em precificação e em controle de custos indiretos ainda são necessárias, e acreditamos que os sinais ainda são muito incipientes", afirmou o banco em relatório.

A BRF é comandada por Pedro Parente, que chegou à BRF ao deixar a liderança da Petrobras. No início de fevereiro, Ivan Monteiro, que substituiu Parente na petroleira, foi anunciado como vice-presidente financeiro e de Relações com Investidores da BRF. A Petrobras anunciou lucro de 25,8 bilhões de reais em 2018, depois de quatro anos de prejuízos;

A expectativa é que os executivos que ajudaram a petroleira a se recuperar possam repetir o feito na fabricante de alimentos.

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