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A pílula da libido feminina não está vendendo

O Addyi, produzido pela Sprout, uma unidade da Valeant Pharmaceuticals International Inc., gerou controvérsia antes mesmo de chegar ao mercado americano


	Addyi, o viagra feminino: o número de prescrições do Addyi, a pílula desenvolvida para aumentar a libido feminina, em suas primeiras semanas, foi de 227
 (REUTERS/ Sprout Pharmaceuticals)

Addyi, o viagra feminino: o número de prescrições do Addyi, a pílula desenvolvida para aumentar a libido feminina, em suas primeiras semanas, foi de 227 (REUTERS/ Sprout Pharmaceuticals)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2015 às 19h47.

Mais de meio milhão de homens receberam prescrições para o Viagra no primeiro mês do medicamento no mercado, em 1998.

Sabe qual foi o número de prescrições do Addyi, a pílula desenvolvida para aumentar a libido feminina, em suas primeiras semanas? 227.

“Eu pensei que haveria uma enorme investida”, disse Stephanie Faubion, diretora da unidade de saúde da mulher da Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, nos EUA.

“Houve alguns pedidos casuais, mas nenhuma prescrição até o momento”.

O Addyi, produzido pela Sprout, uma unidade da Valeant Pharmaceuticals International Inc., gerou controvérsia antes mesmo de chegar ao mercado americano, em 17 de outubro.

A pílula oferece uma ajuda significativa a apenas cerca de 10 por cento mais pacientes que o placebo e apresenta o risco de uma série de efeitos colaterais, incluindo pressão sanguínea severamente baixa e desmaios.

Para minimizar os possíveis problemas, as mulheres deveriam evitar o consumo de álcool ao tomar a pílula, que é diária.

“Há muito ceticismo em relação a esta droga em particular, tanto das mulheres quanto dos médicos delas”, disse Alina Salganicoff, vice-presidente e diretora dos programas de saúde feminina da Fundação Família Kaiser em Menlo Park, Califórnia, EUA.

A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) havia rejeitado o Addyi duas vezes antes de finalmente aprová-lo, em 18 de agosto, sob a condição de que os médicos fossem certificados para prescrevê-lo, de forma a garantir que entendessem os riscos e pudessem aconselhar as pacientes em relação a eles.

Isso exige um treinamento on-line que leva cerca de 10 minutos para ser concluído. A certificação é uma segurança adicional da FDA para garantir o uso apropriado de medicamentos particularmente perigosos.

1 por cento certificado

Cerca de 5.600 médicos foram certificados até o momento, disse Michael Pearson, CEO da Valeant, em uma teleconferência no dia 10 de novembro.

O número representa cerca de 1 por cento dos mais de 35.000 obstetras e ginecologistas praticantes e 435.084 clínicos gerais nos EUA, com base em dados do Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas e da fundação Kaiser.

Um impeditivo para os médicos pode ser o fato de eles precisarem enviar a papelada para a certificação por fax, disse Tami Rowen, obstetra e ginecologista do Centro Médico de São Francisco da Universidade da Califórnia.

Os médicos deverão poder concluir o processo completamente pela internet dentro de um ano, disse a Sprout Pharmaceuticals Inc., fabricante do Addyi, em um comunicado.

A Valeant comprou a Sprout por US$ 1 bilhão logo após a aprovação do medicamento para venda.

Equipe de vendas

A Sprout tem uma equipe de vendas de cerca de 150 representantes farmacêuticos e um time de atendimento administrado para ajudar a capacitar médicos e farmacêuticos a respeito do uso seguro da pílula, disse a CEO Cindy Whitehead em um comunicado enviado por e-mail.

“Estamos orgulhosos de a Sprout ter conseguido lançar o Addyi apenas dois meses depois da aprovação pela FDA e estamos confiantes na posição em que estamos só algumas semanas após chegarmos ao mercado”, escreveu ela.

O Addyi está aprovado para mulheres na menopausa com transtorno do desejo sexual hipoativo, ou seja, pacientes com baixa libido causada pelo transtorno, e não por uma condição psiquiátrica ou por problemas em seu relacionamento.

A Sprout havia prometido que não realizaria publicidade direta para os consumidores durante 18 meses, mas, logo após a aprovação do Addyi, Whitehead disse que essa decisão poderia mudar sob a gestão da Valeant.

A Valeant está sendo criticada pelos aumentos de preços a medicamentos mais antigos e por um relacionamento, agora terminado, com uma farmácia por correspondência, a Philidor Rx Services, que ajudava a aumentar os reembolsos dos planos de saúde.

A Valeant preferiu não comentar se a Philidor, que está sendo fechada, tinha um acordo para preencher prescrições do Addyi. A farmácia disse que preencheu receitas apenas com medicamentos que os médicos e os pacientes pediram.

O preço pode ser um problema para o Addyi.

A Sprout não informou o preço, mas a farmácia da Clínica de Saúde da Mulher em Rochester comercializa a pílula a US$ 26, disse Faubion.

Esse é aproximadamente o preço do Viagra, mas o Addyi precisa ser tomado todos os dias, por isso a conta mensal é de cerca de US$ 780.

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