Negócios

A nova estratégia deste grupo baiano para crescer R$ 1 bilhão em um ano com frotas

Empresa MaxiFrota já fatura R$ 1,5 bilhão, mas agora quer chegar a novos postos de combustíveis para ampliar o faturamento

Paulo Guimarães, CEO da MaxiFrota: "Agora, o motorista pode escolher entre uma rede muito maior de postos”

Paulo Guimarães, CEO da MaxiFrota: "Agora, o motorista pode escolher entre uma rede muito maior de postos”

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 4 de novembro de 2024 às 12h01.

Para uma empresa que cuida de dezenas, senão centenas de carros ou caminhões, fazer a gestão dessa frota toda é, no mínimo, uma tarefa desafiadora. Controlar o consumo de combustível, o rendimento dos veículos e até prever manutenções são ações que exigem uma coleta constante de dados, algo difícil de alcançar no corrido dia a dia dos motoristas.

Quando a baiana MaxiFrota foi criada, como um produto da empresa de alimentação para trabalhadores Nutricash, o objetivo era justamente facilitar essa gestão para outras empresas. O grupo projetou um sistema em que motoristas utilizavam um cartão para pagar o combustível em postos credenciados, obrigados a registrar uma série de dados a cada abastecimento — como quilometragem rodada e litros consumidos.

Esses dados eram enviados para os gestores, que ganhavam uma visão completa do uso dos veículos, e a empresa pagava diretamente aos postos.

Esse modelo foi um sucesso e ajudou a MaxiFrota a alcançar um faturamento de 1,5 bilhão de reais para este ano. Mas o objetivo para o próximo ano é ainda mais ambicioso: a empresa espera adicionar mais 1 bilhão de reais a essa receita. Como?

A nova aposta para alcançar essa meta é o cartão Veic. Ele deixará de ser um cartão frota aceito só nas empresas escolhidas pela empregadora do motorista (como funciona hoje com a MaxiFrota) para ser um cartão com bandeira — a Elo. Na prática, o motorista poderá, agora, passar esse cartão em praticamente todos os postos de combustíveis do país. E isso deve aumentar um tanto as transações e a receita da empresa baiana.

Um movimento participante de um big bang do mercado de adquirentes testemunhado nos últimos 15 anos. Se no passado, praticamente duas bandeiras monopolizavam o setor, a última década ampliou o portfólio do setor com marcas de arranjos fechados e outras concorrentes. Isso estimulou, por outro lado, uma corrida por ganhar escala e participação de mercado. É nesse redemoinho de expansão e mudança do setor que esta história entra. 

Como vai funcionar o novo cartão

Em poucas palavras, o objetivo do Veic é ampliar a oferta da MaxiFrota com algo inédito para o mercado de frotas. O novo cartão é aceito em mais de 44.000 postos de combustível pelo país, todos que têm maquininha compatível com a bandeira Elo. 

Essa mudança elimina uma limitação antiga dos cartões de frota, que só eram aceitos em redes específicas escolhidas pela empresa. Com a expansão da rede, a MaxiFrota espera resolver uma dor recorrente dos gestores: o ágio cobrado sobre combustíveis quando o pagamento é feito por cartão de frota.

Desde 2017, uma lei permite que comerciantes cobrem mais caro nas vendas pagas com cartão em vez de dinheiro, por exemplo, ou mais caro num cartão frota do que num cartão de crédito. E era, mesmo, o que estava acontecendo. 

“A primeira ideia com o Veic foi resolver o problema do ágio,” afirma Paulo Guimarães, CEO da MaxiFrota. “Depois vimos que isso ainda nos daria a chance de expandir as possibilidades de abastecimento. Agora, o motorista pode escolher entre uma rede muito maior de postos”.

Assim como o MaxiFrota, pelo Veic as empresas poderão criar parâmetros específicos de controle, como escolher o tipo de combustível, o valor máximo de litros por abastecimento e os dias da semana para reabastecer.  

Como a empresa espera atingir 2,5 bilhões de reais em receita 

Para atender à expectativa de crescimento em faturamento, a MaxiFrota planeja se apoiar em uma série de iniciativas comerciais, incluindo a presença em feiras de frotas e o trabalho com uma rede de representantes pelo Brasil. 

“Estamos prontos para escalar a operação e aumentar nossa capilaridade de atendimento em nível nacional com o Veic”, diz Guimarães, que acredita que o novo cartão será um passo decisivo para transformar a MaxiFrota. 

A empresa, que já fatura cerca de 1,5 bilhão de reais ao ano, agora pretende atingir 2,5 bilhões de reais com o novo cartão até o final de 2024, aproveitando o que vê como uma vantagem competitiva em relação aos modelos de gestão de frota disponíveis no mercado.

O desafio é não fazer com que o novo cartão concorra com a MaxiFrota, mas seja algo complementar. “O Veic amplia a liberdade de escolha para o motorista ao permitir abastecimento em qualquer posto que aceite a bandeira Elo, já o cartão MaxiFrota convencional ainda atende a clientes que desejam controlar com mais rigor o abastecimento da frota”, diz. 

Ambos mantêm o sistema de autogestão e relatórios detalhados, mas servem a diferentes perfis de operação dentro do mercado de frotas, na visão do CEO. 

Mercado este que movimenta, todos os anos, 409 bilhões de reais. “O Brasil sempre foi um país rodoviário, e a frota que roda pelas estradas é essencial para nossa economia”, diz o CEO.

Qual é a história da Nutricash, a empresa que deu origem ao MaxiFrota

A Nutricash foi fundada em 1993, em Salvador, pela empreendedora Rosane Manica, com o propósito de oferecer vales-refeição e benefícios alimentícios para empresas.

Rosane, uma gaúcha radicada na Bahia, vinha de uma experiência como diretora regional da Apetik, uma empresa da área de alimentação corporativa que pertencia ao Citibank, e decidiu empreender após ser demitida.

A empresa começou como uma das poucas fornecedoras de cartões de refeição no Nordeste, mas, com o tempo, ampliou suas operações para alcançar empresas em todo o país. Com clientes como a Oi e os Correios, a Nutricash se estabeleceu como uma referência no setor e começou a diversificar suas soluções.

Nos anos 2000, a empresa ganhou força no mercado nacional ao criar uma própria rede de terminais de recebimento de cartões no Norte e Nordeste, que mais tarde seria vendida para a Redecard. No entanto, um dos grandes passos da Nutricash foi o lançamento de soluções que iam além dos benefícios alimentares: o portfólio da empresa cresceu para incluir cartões de premiação, multibenefícios e, eventualmente, o MaxiFrota, um cartão voltado à gestão de combustíveis para grandes frotas.

O produto se tornaria um dos principais da companhia, tornando possível que empresas gerenciassem custos de combustível e manutenção em uma rede autorizada de postos e oficinas.

Acompanhe tudo sobre:CaminhõesVeículosBahia

Mais de Negócios

Uma vaquinha de empresas do RS soma R$ 39 milhões para salvar 30.000 empregos afetados pela enchente

Ele fatura R$ 80 milhões ao transformar gente como a gente em palestrante com agenda cheia

Experiente investidor-anjo aponta o que considera 'alerta vermelho' ao analisar uma startup

Startups podem acabar com uma das tarefas mais chatas do escritório