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A nova dor de cabeça do Airbnb: festas em casas alugadas na pandemia

Promotores de festas descobriram que podem criar casas noturnas de uma noite; visinhos reclamam

Casa para alugar no Airbnb: com casas noturas fechadas na pandemia, festas ocorrem em casas alugadas (Airbnb/Reprodução)

Casa para alugar no Airbnb: com casas noturas fechadas na pandemia, festas ocorrem em casas alugadas (Airbnb/Reprodução)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 09h40.

Quando a pandemia de coronavírus fechou bares e salas de concerto em março, um novo fenômeno surgiu: casas noturnas de aluguel por temporada.

Promotores de festas profissionais começaram a vasculhar o Airbnb, Vrbo e outros sites de aluguel de curto prazo em busca de mansões e condomínios de luxo para alugar. As entradas custavam US$ 90 na Eventbrite e no TikTok para saraus com serviço de garrafa e DJs.

“As pessoas queriam escapar de suas próprias casas e vinham ao nosso pequeno bairro para festejar o dia todo, todos os dias”, diz Kristen Robinson Doe, moradora de um bairro tranquilo nos arredores de Dallas, onde uma casa de festas estava sendo alugada por mais de US$ 1.000 por noite.

A casa de cinco quartos, com piscina estilo resort, banheira de hidromassagem, cozinha ao ar livre e campo de minigolfe foi alugada constantemente durante o verão. Kristen observava incrédula enquanto estranhos passavam pelos portões todo fim de semana e dançavam até o amanhecer, sem máscaras, embriagados - e numa clara violação dos protocolos de distanciamento social.

A Host Compliance, que reúne dados sobre imóveis para aluguel de curto prazo em mais de 100 cidades dos EUA, registrou aumento de 250% nas reclamações de junho a setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado. Promotores de festas rapidamente descobriram que “podem alugar no curto prazo, criar casas noturnas de uma noite e ganhar muito dinheiro com isso”, disse Ulrik Binzer, diretor-presidente da Host Compliance, que ajuda municípios a navegarem pelas regras de compartilhamento de residências. Vender entradas para festas na Eventbrite e no Instagram é “algo que nunca vimos antes”, diz Binzer, que trabalha no setor há cinco anos.

O Airbnb e a Vrbo, da Expedia, tentaram reprimir esse tipo de aluguel. Apesar das rígidas medidas de fiscalização, as empresas enfrentam dificuldades para acabar com esses eventos. Se um anúncio for banido do Airbnb, muitas vezes ainda pode estar disponível na Vrbo e em outros sites, e vice-versa. Se um anfitrião - ou convidado - estiver na lista negra, ele ou ela pode alugar outro imóvel com outro nome. Alguns organizadores de festas profissionais até dizem aos participantes para se encontrarem em um local público para transportá-los para casas particulares, de forma que o endereço nunca seja publicado online. Em meia hora, uma casa vazia em uma rua residencial pode se transformar em uma completa discoteca.

O Airbnb lançou políticas de segurança e tecnologia de detecção de risco para localizar listas de incidentes. A empresa removeu infratores do site e criou uma equipe de resposta rápida para “casas de festas” e uma linha direta de reclamações para vizinhos.

A Vrbo também tem uma política de “não tolerância”, além de um grupo encarregado de descobrir hóspedes que oferecem festas não autorizadas e proprietários que as permitem conscientemente. “Houve raras ocasiões em que alguém abusou da plataforma e continuamos comprometidos em ajudar nossos parceiros a proteger suas propriedades” com informações sobre como evitar que pessoas aluguem os imóveis para práticas irregulares, disse um porta-voz da Vrbo.

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