Diego Zia e Janaina Assis, da B2Gether: consultoria direta para ajudar clientes a navegar a complexidade das operações internacionais (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 14h17.
O setor de câmbio passa por um momento de ajustes. Mudanças regulatórias e incertezas sobre o cenário global impactam o ritmo das operações financeiras internacionais. No Brasil, fintechs tentam se adaptar e encontrar novas oportunidades para crescer.
Uma delas é a B2Gether, especializada em intermediação cambial. Criada em 2021 pelo casal Janaina Assis e Diego Zia, a empresa se destacou ao oferecer soluções para empresas que precisam reduzir custos em transações internacionais. Em 2023, movimentou R$ 7,4 bilhões e faturou R$ 17,9 milhões. Agora, os fundadores ampliam sua atuação com um novo negócio: a 4TE Group, empresa de crédito para empresas.
A decisão de lançar um novo braço financeiro veio da percepção de um entrave recorrente. "Muitos clientes queriam operar conosco, mas estavam presos aos bancos por conta de operações de crédito. Sem um financiamento próprio, não conseguíamos competir", afirma Diego Zia. Com o novo negócio, a fintech passa a oferecer tanto câmbio quanto soluções de crédito, ampliando sua carteira de serviços.
Janaina Assis conhece bem os desafios de acessar o sistema financeiro. Nascida na periferia de Poá, na Grande São Paulo, começou a trabalhar cedo para sustentar a filha. Sua entrada no setor de câmbio aconteceu por necessidade. Aos 20 anos, conseguiu um emprego como caixa em uma corretora no aeroporto de Guarulhos. O turno era de madrugada.
O início foi intenso. "No meu primeiro dia, me entregaram um monte de moedas estrangeiras e mandaram cadastrar no sistema. Eu nem sabia o que era direito”, lembra Janaina. O movimento no aeroporto não parava. “Quando chegavam os voos internacionais, era uma correria. Às vezes, nem dava para sair para ir ao banheiro."
A experiência abriu caminho para uma carreira. Em três meses, foi promovida para a mesa de operações de câmbio. Depois, passou 15 anos em bancos, chegando a cargos de gerência. O contato direto com clientes revelou ineficiências no processo bancário. Em 2021, decidiu empreender.
Ao lado de Diego Zia, ex-colega de banco e hoje seu sócio e companheiro, Janaina criou a B2Gether para resolver um problema comum: a burocracia e os altos custos das operações cambiais. O modelo da fintech se baseia em intermediar transações para empresas importadoras, exportadoras e facilitadoras de pagamentos internacionais.
A vantagem competitiva da empresa vem do volume de operações. Só em 2023, intermediou mais de R$ 7,4 bilhões. Com isso, consegue negociar taxas melhores com bancos e repassar aos clientes.
"Um empresário que opera sozinho chega ao banco com 100 mil dólares. Quando ele opera pela B2Gether, entra no nosso volume total, que no ano passado foi de 12,7 bilhões de reais. Isso muda completamente a taxa que ele consegue", explica Janaina.
O atendimento personalizado também é um diferencial. Sem uso de chatbots, a fintech aposta na consultoria direta para ajudar clientes a navegar a complexidade das operações internacionais. Esse modelo ajudou a empresa a crescer 640% desde sua fundação, levando-a ao ranking EXAME Negócios em Expansão.
Nos últimos anos, muitos clientes da B2Gether enfrentaram um problema comum. Apesar de buscarem melhores taxas de câmbio, estavam presos a contratos de crédito com bancos tradicionais. O financiamento era atrelado à exigência de fechar câmbio na própria instituição financeira, limitando a competitividade da fintech.
Foi daí que nasceu a 4TE Group. O novo negócio amplia o escopo de atuação dos fundadores, entrando no setor de crédito empresarial. "Se a empresa precisa de capital para importar, mas não quer descapitalizar tudo de uma vez, conseguimos um crédito mais barato e estruturado para ela", explica Diego.
A empresa trabalha com um portfólio diversificado, conectando empresas a diferentes tipos de crédito. Entre as soluções, estão linhas de financiamento para importação e exportação, antecipação de recebíveis e operações estruturadas para alavancagem financeira.
A 4TE Group já tem acesso a um volume inicial de 18,7 bilhões de reais em fundos de investimento. O modelo de negócios segue a mesma lógica da B2Gether: atendimento consultivo e menos burocracia. "O mercado está carente de soluções mais flexíveis. Grandes empresas até conseguem crédito nos bancos tradicionais, mas médias e pequenas enfrentam muitas barreiras", afirma Janaina.
A empresa estreou com alta demanda. Nos primeiros meses, já analisou propostas que somam mais de 2 bilhões de reais. A expectativa é faturar 10 milhões de reais já em 2024. "O potencial de crescimento é enorme. Em poucos meses, percebemos que há muito espaço para oferecer crédito com condições mais justas e personalizadas", diz Diego.
A expansão dos negócios vem em um momento de incerteza no mercado financeiro. Além das mudanças regulatórias, há a volatilidade do dólar e o impacto das eleições nos Estados Unidos. Para Janaina e Diego, a estratégia é diversificação.
Com a B2Gether consolidada no câmbio e a 4TE Group ganhando tração no crédito, o objetivo é criar um ecossistema completo para empresas que operam globalmente. "Queremos que o cliente encontre todas as soluções financeiras que precisa sem a burocracia dos bancos tradicionais", afirma Diego.
A jornada de Janaina, da periferia ao comando de uma fintech em expansão, reflete uma mudança no setor financeiro. O mercado, antes dominado por grandes instituições, agora abre espaço para novos players. "Eu comecei como caixa de casa de câmbio no aeroporto. Hoje, ajudo outras empresas a crescerem sem depender dos bancos", diz Janaina. "Isso faz toda a diferença."
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses. Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
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