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A Localiza na briga pela mobilidade

Michele Loureiro Desde que assumiu a presidência da Localiza, maior locadora de veículos da América Latina, há três anos, Eugênio Mattar tem uma obsessão: fazer com que a companhia seja uma opção de mobilidade nas grandes cidades. É um mundo novo para a companhia, fundada em 1973. Com o crescimento dos aplicativos de táxi e […]

EUGÊNIO MATTAR: a crise tem ajudado a implementar um plano de ganhar terreno no mercado de mobilidade / Leo Drummond/EXAME.com

EUGÊNIO MATTAR: a crise tem ajudado a implementar um plano de ganhar terreno no mercado de mobilidade / Leo Drummond/EXAME.com

DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2016 às 17h14.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h38.

Michele Loureiro

Desde que assumiu a presidência da Localiza, maior locadora de veículos da América Latina, há três anos, Eugênio Mattar tem uma obsessão: fazer com que a companhia seja uma opção de mobilidade nas grandes cidades. É um mundo novo para a companhia, fundada em 1973. Com o crescimento dos aplicativos de táxi e de serviços como o Uber, atuar como um meio de transporte no dia-a-dia virou uma obrigação para a Localiza manter os resultados no longo prazo.

A crise econômica acabou, sem querer, colaborando para que esse modelo se fortalecesse. “A renda dos brasileiros diminuiu e a posse de carros passou a pesar mais no orçamento. Com isso, o aluguel de veículos pode deixar de ser só uma opção para viagens ou finais de semana para entrar no dia a dia das pessoas”, diz Mattar. Para pegar carona nesse movimento de vendas menores da indústria automotiva – que no acumulado do ano apresentam retração de 25% – e evitar sofrer ela mesma os efeitos da crise, a Localiza baixou os preços entre 20% e 60%.

A lógica é a seguinte: cobrar menos e ganhar mais atraindo mais clientes. O aluguel de um carro básico nas 494 unidades da marca custa em média 120 reais por dia, mas quando contratado por uma semana o montante cai para cerca de 60 reais por diária. “Esse valor dividido entre os ocupantes do carro acaba sendo mais barato do que pegar transporte público todo dia”, diz Mattar.

A Localiza decidiu não bater totalmente de frente com a concorrência, pelo menos por enquanto. Tanto é que há uma parceria importante com o Uber. Os motoristas que trabalham para o aplicativo podem alugar carros da Localiza por um preço especial (a companhia não divulga os valores) e contam com smartphone, wi-fi no veículo, além de não se preocuparem com a manutenção do carro.

Os números mostram que a estratégia, até aqui, está dando certo. Na última semana, a companhia divulgou os resultados do segundo trimestre de 2016 e registrou lucro 5% maior ante o mesmo período do ano passado, com 98 milhões de reais. No acumulado do ano, o lucro é de 201 milhões de reais, alta de 3,8% na mesma comparação. Apenas na divisão de aluguel, houve alta de 10,6% na receita do segundo trimestre.

Seminovos

Além dos aluguéis, que representam 35% do faturamento total da companhia, a crise tem ajudado muito a Localiza na venda de seminovos, um negócio que responde por 50% de sua receita (outros 15% vêm da gestão de frotas). Com as montadoras apertadas, a Localiza consegue negociar ótimos descontos na hora de comprar milhares de unidades, e depois perde menos na hora de vender aos consumidores.

A renovação de frota da Localiza acontece em média a cada 14 meses para os carros de aluguel e a cada 32 meses para os veículos de frota. No primeiro semestre, a Localiza comprou 30.000 carros. Só no segundo trimestre, vendeu 13.800 em suas 78 lojas espalhadas pelo país. “Só não vendemos mais carros no segundo trimestre porque não tínhamos. O segmento de aluguel cresceu e não havia mais frota disponível para a venda”, diz Mattar. Como o aluguel tem margens menores, acaba sendo a prioridade quando a empresa pode escolher.

No negócio de gestão de frotas o impacto da crise é mais direto. No trimestre, a receita do segmento subiu 6,4% em relação ao mesmo período de 2015, mas os desafios são enormes. Muitas empresas precisaram se desfazer de suas frotas para se capitalizar e acabaram procurando os serviços da Localiza. Em contrapartida, com a redução do quadro de funcionários outras companhias diminuíram os contratos, ou pularam para os braços de concorrentes mais baratos.

Uma das pedras no sapato da Localiza é a Júlio Simões Logística, maior empresa do segmento de gestão de frota no país. Mas a empresa também vive a era das renegociações de contratos. “Quase todos os nossos clientes precisaram renegociar contratos nos últimos meses”, diz Fernando Simões, presidente da companhia, que afirma que precisou abrir mão de parte dos ganhos para manter sua carteira de clientes. Apenas no primeiro trimestre deste ano, a JSL registrou lucro líquido 12,3 milhões de reais, queda de 53,1% em relação ao mesmo período de 2015.

Para a Localiza, concorrer com transporte urbano, Uber e bicicletas tem sido muito mais negócio do que bater de frente com empresas como a JSL.

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