Telefônica: na Espanha, uso de serviços de TV e internet subiu 50%, diz Christian Gebara, presidente da companhia no Brasil (Telefônica/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 31 de outubro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 08h19.
São Paulo – De um lado, receita líquida com queda de 1%. Do outro uma significativa redução de custos e uma ajudinha da Justiça. Resultado: alta de 14% na bolsa ontem. Os números trimestrais da companhia de telefonia Telefônica Brasil, dona da Vivo, mostraram que a empresa patina para crescer em receita, mas teve lucro líquido de 3,2 bilhões de reais, alta de 160% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado tem “potencial para produzir remuneração sem precedentes aos acionistas”, diz a companhia.
É verdade que o resultado foi ajudado por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o pagamento de PIS e COFINS sobre o ICMS nas contas da empresa. No entanto, mesmo excluindo esse fator não recorrente, a companhia teve alta de 57% no lucro líquido no trimestre.
A explicação para o resultado num período em que a receita andou de lado está no corte de custos: a empresa vem reduzindo suas contas de forma consistente há pelo menos um ano, com foco em aumentar a margem Ebitda, que chegou a 36%. O resultado é uma economia de 304 milhões de reais no acumulado do ano.
O risco de cortes como esses é a redução na qualidade do serviço. Mas a empresa afirma que junto com as contas mais enxutas, também melhorou o atendimento ao cliente. Os gastos com call center, por exemplo, caíram 13% no período, enquanto os gastos com faturamento e postagem foram tiveram queda de 19%.
Segundo a companhia, o segredo dos cortes foi a digitalização de processos. “Os custos reduziram por conta dos atendimentos digitais. A empresa reforça seu comprometimento de prover uma experiência digital ao consumidor reduzindo custos de forma sustentável”, disse o CFO da Telefônica Brasil, David Melcon, em teleconferência com acionistas.
As ligações para o call center tiveram queda de 30% no terceiro trimestre de 2018, em comparação com o mesmo período do ano passado. A cobrança digital cresceu de 38% para 53% no mesmo período, enquanto o número de usuários do app Meu Vivo aumentou 46%.
Mesmo assim, não dá para ignorar que a receita da companhia caiu 1% no período, na comparação com o terceiro trimestre do ano passado. Parte do resultado fraco se deve à queda na linha de pré-pagos, que vem acumulando perdas e chegou a - 21,4% nesse trimestre.
“O desemprego e o cenário macroeconômico estão impactando o pré-pago”, afirmou o vice-presidente Executivo da Telefônica Brasil, Christian Gebara, em conferência com analistas.
Os executivos ressaltam, porém, que nem todos os consumidores que desistem do pré-pago deixam de ser clientes da Vivo – parte migra do pré para o pós-pago e isso explica a importância estratégica desses clientes num mercado de competição acirrada. Para reverter o quadro de queda, a empresa vai melhorar suas ofertas, com inclusão de mais benefícios e o lançamento da promoção Giga Chip (com Whatsapp ilimitado, dentre outras vantagens).
Para compensar essas perdas, a companhia aposta também em produtos de maior valor agregado. A receita com venda de aparelhos, por exemplo, cresceu 72,4% no trimestre. No acumulado do ano, foram mais de 2,6 milhões de novos clientes no pós-pago (que gasta mais que os clientes pré) - um crescimento de 16,3% quando comparado ao mesmo período de 2017. A Telefônica Vivo detém 41% do mercado de pós-pago.
Já a receita de Ultra Banda Larga teve crescimento de 28,5% no comparativo anual, resultado que reflete “os esforços da empresa direcionados ao aumento da base de clientes para velocidades mais altas”, disse a companhia em comunicado.
Em um período de crise e com forte concorrência, os resultados são alentadores para a companhia, que acumulava perdas na bolsa desde fevereiro. Agora é fazer a receita crescer.