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A IBM de Virginia Rometty será diferente da de Sam Palmisano?

É claro que toda mudança de comando influencia a empresa, mas Rometty e Palmisano formaram uma dupla bem afinada nos últimos anos

Palmisano e Virginia: mudam os personagens, mas a linha de trabalho é a mesma (Divulgação)

Palmisano e Virginia: mudam os personagens, mas a linha de trabalho é a mesma (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2011 às 12h47.

São Paulo – A indicação de Virginia Rometty para substituir Sam Palmisano no comando da IBM é o desfecho natural de uma parceria bastante afinada nos últimos anos, segundo os analistas. Por isso, a IBM de Virginia não deve destoar da de Palmisano, pelo menos, num futuro previsível.

Palmisano chegou ao cargo de executivo-chefe da IBM em 2002, como substituto de Louis V. Gestner Junior, e herdou uma empresa que havia recuperado as contas, mas que buscava um caminho para crescer. Palmisano decidiu, então, investir na área de prestação de serviços, vendendo mais soluções do que equipamentos.

A primeira grande parceria de Virginia e ele ocorreu logo quando assumiu. Virginia, que ingressou na IBM em 1981 e, na época, já integrava a alta direção da empresa, defendeu a compra da PricewaterhouseCoopers, uma das gigantes do mercado de consultoria e auditoria.

Plano arriscado

O negócio, fechado por 3,5 bilhões de dólares, foi recebido com ceticismo pelos investidores de Wall Street, que não viam como uma empresa de tecnologia poderia conciliar interesses com uma auditoria que, no final das contas, deveria atuar de modo independente.

Coube a Virginia, com o apoio de Palmisano, buscar caminhos para a integração. Junto com a sua equipe, a executiva baseou-se na experiência dos auditores da PwC para desenvolver serviços e softwares específicos para determinados segmentos de negócios.

Com o tempo, a executiva passou a chefiar a transformação da IBM em uma empresa de serviços, mais do que de softwares ou equipamentos – um caminho traçado por Palmisano. Em 2009, Virginia tornou-se a vice-presidente sênior para vendas, marketing e estratégia.


Entre suas atribuições, estava a supervisão dos negócios nos mercados emergentes, como China, Índia e Brasil. Atualmente, esses países representam 23% da receita global da IBM, ante os 20% de quando ela assumiu. E os planos da empresa são de que a fatia chegue a 30% até 2015.

É claro que a troca de comando sempre influencia uma empresa, já que o perfil dos executivos nunca é idêntico. Mas os analistas acreditam que Virginia não dará nenhuma guinada nos rumos da IBM – tanto que a maior parte das declarações gira em torno de como ela aprofundará o modelo de prestação de serviços, e os desafios para crescer nos mercados emergentes.

Foco nos emergentes

Em uma empresa com faturamento anual de cerca de 100 bilhões de dólares e 400.000 empregados, a Índia, por exemplo, já representa mais de 25% do quadro de funcionários. E alguns planos apontam para que o país possa crescer para até 150.000 empregados no médio prazo.

A estratégia de prestar serviços, nascida da parceria entre Palmisano e Virginia, foi reconhecida recentemente pelos investidores. Neste ano, a IBM passou a Microsoft em valor de mercado, tornando-se a segunda empresa mais valiosa do setor de tecnologia, com 214 bilhões de dólares, atrás apenas da Apple.

A primeira mulher a comandar a IBM conquistou a presidência da companhia ao apostar na estratégia que ela mesma apoiou durante dez anos. E os investidores esperam, simplesmente, que ela continue acreditando naquilo que fez até aqui.

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