Ricardo Heineck, presidente da Docile: Passamos a figurar oficialmente entre os maiores do mundo" (Docile/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 11 de março de 2025 às 11h59.
Última atualização em 11 de março de 2025 às 15h32.
Todo mundo tem uma história com doces. Seja a bala escondida na mochila da escola, o chiclete premiado no recreio ou aquele marshmallow no cinema.
A Docile, empresa gaúcha que começou como um pequeno negócio familiar, soube transformar essas memórias em um império açucarado.
Hoje, a marca de Lajeado, no Rio Grande do Sul, está entre as 100 maiores fabricantes de doces do mundo, segundo o ranking Global Top 100 Candy Companies, publicado pelo portal norte-americano especializado Candy Industry. Um feito inédito para a empresa, que já é a maior exportadora brasileira do setor e agora entra de vez no mapa global das grandes fabricantes de guloseimas.
O ranking leva em conta o faturamento das companhias e inclui apenas quatro empresas brasileiras: Docile, Cacau Show, Dori Alimentos e Kopenhagen & Chocolates Brasil Cacau. Para os irmãos Ricardo, Alexandre e Fernando Heineck, que comandam a empresa fundada pelo avô, esse reconhecimento é um sinal de que a Docile está no caminho certo.
“Passamos a figurar oficialmente entre os maiores do mundo, ao lado de players estratégicos e referências globais. Como empresa, entramos em um novo patamar de visibilidade e reconhecimento”, afirma Ricardo Heineck, presidente da Docile.
A história da Docile começa há mais de 80 anos, quando o avô dos atuais donos começou a fabricar balas de forma artesanal. A tradição familiar continuou e, em 1991, a empresa foi oficialmente constituída com o nome Docile. Desde então, o crescimento foi contínuo, impulsionado pela inovação e pela busca por novos mercados.
Hoje, a empresa tem um portfólio com mais de 170 produtos, divididos em sete categorias: balas de goma, pastilhas, regaliz, chicles, balas de gelatina, refrescos em pó e marshmallows. Aliás, a Docile foi a primeira empresa do Brasil a lançar marshmallows recheados, um dos seus grandes sucessos de venda.
A operação também cresceu. A Docile conta com duas fábricas: uma em Lajeado, no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, e outra em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. Juntas, essas unidades produzem mais de 3 milhões de quilos de doces por mês, abastecendo tanto o mercado interno quanto os mais de 80 países para onde a empresa exporta.
O crescimento da Docile não para. Em 2024, a empresa faturou 684 milhões de reais. O objetivo, no entanto, é ainda maior: alcançar o primeiro bilhão em faturamento até 2026.
Para isso, a empresa está investindo 100 milhões de reais na ampliação da capacidade produtiva. O destaque desse plano é a aquisição de uma máquina de última geração importada da Alemanha, que vai aumentar a produção da empresa em 50%.
“Somos a única empresa brasileira do setor com essa tecnologia. Hoje, esse tipo de máquina só existe na Europa e na América do Norte”, afirma Cristian Ahlert, diretor de Exportação da Docile.
O equipamento deve chegar ainda em março e estará operando a partir de junho, instalado no novo prédio da Docile, um espaço de 7.000 metros quadrados. Com essa expansão, a empresa prevê a criação de cerca de 60 novos postos de trabalho.
Além da produção industrial e das exportações, a Docile está apostando no varejo físico para fortalecer sua marca no Brasil. O primeiro passo foi a inauguração de quiosques próprios, o primeiro deles localizado em Lajeado. A empresa tem também uma loja temática no Hopi Hari.
“No Hopi Hari, temos a possibilidade de mostrar nosso produto de uma forma diferente e estar mais próximos de públicos que conversam muito com a nossa marca, que são os jovens e as famílias", diz Heineck.
O crescimento da Docile acontece mesmo diante de desafios. Em maio do ano passado, Lajeado foi uma das cidades atingidas pelas fortes chuvas que devastaram o Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul.
Embora a fábrica da empresa não tenha sido diretamente afetada, 31 funcionários perderam tudo e outros 150 foram impactados. Além disso, a Docile enfrentou dificuldades para escoar a produção e ficou 10 dias sem receber matéria-prima.
"Tivemos algumas linhas que pararam de produzir, mas retomamos aos poucos", diz Ricardo Heineck. "Demos suporte para nossos funcionários e seguimos investindo. Empresas como a Docile, que vendem para o Brasil e para o mundo, ajudam a gerar riqueza e reconstruir a região."
Com crescimento acelerado, investimentos pesados em tecnologia e um plano de expansão no varejo, a Docile se prepara para um futuro doce — e bilionário. A aposta em inovação, tanto na produção quanto na estratégia de mercado, deve consolidar ainda mais a empresa no cenário global.
"Temos muita confiança na qualidade dos nossos produtos", diz Ricardo Heineck. "Nossas lojas e quiosques vão ajudar a divulgar ainda mais a marca. Queremos continuar crescendo sem perder a essência: fazer doces que todo mundo gosta."