Venda de artigos da Fórmula 1: em uma loja, faturamento do final de semana do GP de São Paulo quase chega ao 1 milhão de reais (Paloma Lazzaro/Exame)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 8 de novembro de 2025 às 13h17.
A seis quilômetros de distância do Autódromo de Interlagos, o trânsito carregado na avenida Washington Luiz faz motoristas lembrarem de que neste fim de semana, 7 a 9, ocorre o Grande Prêmio (GP) de São Paulo da Fórmula 1.
No coração de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, as ruas cheias de casas e pequenos estabelecimentos comerciais são inundadas por multidões de fãs de automobilismo, e por comerciantes buscando a melhor forma de capitalizar em cima do alto fluxo atípico.
Próximo ao Portão D do Autódromo, na Avenida do Jangadeiro, há um outlet de capacetes e artigos licenciados automobilísticos: a OMP Racing Brasil.
OMP Racing Brasil: loja oferece produtos oficiais com preços mais baixos (Paloma Lazzaro/Exame)
A loja nasceu em 2020, época em que o esporte voltou a ganhar popularidade no Brasil após alguns anos em declínio. Marcelo Venturella, o dono, já trabalhava com automobilismo desde muito antes, mas viu que o novo negócio se beneficiou muito desse crescimento de público.
"Tem uma empresa chamada Fortex, que importa os produtos oficiais. Ao fim do ciclo de vendas, sobram várias peças, que seriam muito caras para exportar de volta, então ficam aqui no Brasil e são distribuídas em alguns pontos comerciais. A gente pega esses produtos do ano anterior e vende aqui", afirma.
Vender produtos de outros anos permite à OMP oferecer peças oficiais por preços mais baixos.
"Vendemos uma camiseta oficial de uma equipe, por exemplo da RedBull, por 300 reais, enquanto lojas que vendem peças do ano cobram cerca de 750 reais."
Eles operam durante o ano inteiro, mas o final de semana do GP de São Paulo é para eles o que o Natal é para o restante do setor de varejo.
"A região do Autódromo em si não tem um grande fluxo de pessoas. Os dias de exceção, como festivais e a Fórmula 1, são poucos, mas realmente é algo surpreendente", diz o proprietário. Ele afirma que o número de clientes aumenta em pelo menos 1.000% durante o fim de semana do GP.
Em um fim de semana, a loja conquista um montante de vendas que é a mesma do resto do ano inteiro somado. "O faturamento gira entre 700 mil e 800 mil reais", diz Venturella.
A categoria de maior sucesso em vendas é de bonés. Porém, colecionáveis, como carros em miniatura e abridores de garrafa, também têm bastante saída.
O fim de semana de sucesso da OMP Racing segue uma tendência maior: a do crescimento do próprio GP de São Paulo.
Em 2024, o GP de São Paulo teve um impacto econômico de 1,9 bilhão de reais na cidade, crescimento de 14,3% comparado a 2023. Desde 2022, a cidade arrecada mais de 1 bilhão de reais por ano.
A tendência de aumento no faturamento provavelmente se manterá em 2025.
De acordo com dados da SPTuris (São Paulo Turismo) o impacto econômico estimado para este ano é de 2,2 bilhões de reais. A prefeitura de São Paulo publicou que a corrida em Interlagos deve gerar mais de 20.000 empregos diretos e indiretos.
Por trás desse crescimento há diversos fatores, mas o principal é a alta constante no fluxo de pessoas. Em 10 anos, o público cresceu em 120%, indo de 133.000 em 2014 para 291.000 em 2024. Em 2025, a estimativa de público para os três dias de prova é de 300.000 pessoas, segundo afirmação de Gustavo Pires, presidente da SPTuris, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Além de mais fluxo, o perfil do público também mudou. O aumento no número de estrangeiros é perceptível no autódromo e seus arredores, o que impacta como o bairro se prepara para recebê-los.
Dados de 2024 da organização do GP mostram que o público em Interlagos era predominantemente de fora: 70% eram de fora da capital, sendo 54,2% de outras cidades do Brasil e 15,8% de fora do país.
Seguindo a tendência de aumentos em todas as variáveis, em 2025 deve haver ainda mais estrangeiros em São Paulo devido à F1. “A gente espera ter um crescimento (no número de estrangeiros) neste ano. Se a gente pegar passagens emitidas de turistas internacionais para São Paulo, o número subiu em 20% - não necessariamente para o GP de F1, mas no mesmo recorte, no mesmo período”, disse Gustavo Pires.
A rede hoteleira de São Paulo está integralmente preenchida, com 100% de taxa de ocupação durante o fim de semana do GP.
Para Venturella, esse novo perfil de frequentadores é responsável por boa parte do faturamento da OMP Racing.
"75% do meu público nesse fim de semana é estrangeiro, principalmente de turistas da América Latina. Além deles, percebemos que de dois anos para cá têm vindo muitos canadenses e americanos. Até mesmo já atendemos um japonês", diz ele.
A fim de melhor atender a clientela, foi contratado um vendedor que fala espanhol fluente. Mas por que apenas 20% do público geral da corrida forma uma maioria tão grande entre os clientes da OMP?
"O valor dos produtos para eles é completamente diferente, porque é em dólar. Eles convertem e fica plausível vir aqui e comprar. A gente percebe que estrangeiros aqui na loja têm muito mais facilidade em passar o cartão do que os brasileiros", afirma Venturella.