Fernando Silva, fundador do Jeitto: foi ele quem estruturou o Renaissance Credit, um dos maiores bancos de crédito da Rússia
Repórter
Publicado em 7 de maio de 2025 às 07h00.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 08h46.
O Brasil tem 70 milhões de pessoas sem acesso ao sistema financeiro formal. Para elas, conseguir crédito pode ser um desafio quase impossível. Sem histórico bancário ou garantia, as alternativas se resumem a empréstimos informais, financeiras que cobram juros abusivos ou o crediário das grandes varejistas. No final, o custo do dinheiro pesa muito mais para quem menos pode pagar.
Foi nesse vácuo deixado pelo sistema bancário tradicional que a fintech Jeitto encontrou uma oportunidade. Focada nas classes C e D, a empresa se consolidou como uma das principais alternativas de crédito para quem está fora do sistema bancário tradicional. Em 2024, a fintech finalizou o ano com R$ 770 milhões em faturamento e atingiu o breakeven.
Entre janeiro e março de 2025, a companhia registrou uma receita bruta de R$ 174,7 milhões, um crescimento de 12,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A carteira de crédito também apresentou expansão, com alta de 13,6% em relação a março de 2024.
Houve também a redução de 24% no índice de First Payment Default (FPD), indicador que mede o percentual de clientes que não quitam a primeira parcela do crédito na data de vencimento. É a maior queda de FPD já registrado pela companhia.
Como reflexo desse desempenho, o EBITDA foi 34% superior ao registrado no primeiro trimestre de 2024. Agora, para o fim de 2025, um plano ainda mais ambicioso: atingir R$ 1 bilhão em receita.
Engenheiro metalúrgico de formação, Fernando Silva construiu uma carreira global antes de apostar no mercado brasileiro. Começou na Índia nos anos 90 e, depois de um mestrado na University of Birmingham, no Reino Unido, entrou no setor financeiro no Brasil.
Daqui, partiu para uma jornada internacional que incluiu lideranças estratégicas na GE Capital e a criação de bancos e fintechs em mercados emergentes como Rússia, Nigéria e Leste Europeu.
Foi ele quem estruturou o Renaissance Credit, um dos maiores bancos de crédito da Rússia, e expandiu suas operações para países como Ucrânia, Romênia e Polônia.
Na Nigéria, participou da criação de uma nova instituição financeira focada em concessão de crédito. E, em 2012, cofundou a fintech Mokka, especializada em pagamento parcelado, que se tornou referência em países como Rússia e Bulgária.
"Vi de perto como soluções financeiras bem estruturadas podem transformar a vida das pessoas. O Brasil tem um mercado gigante e uma demanda reprimida enorme", explica. Foi com essa visão que ele decidiu voltar ao país e criar o Jeitto.
O Jeitto é um aplicativo de crédito e consumo focado nas classes C e D, operando como uma carteira digital.
Os usuários podem pagar contas, recarregar celulares, fazer compras online e realizar transferências sem precisar de uma conta bancária tradicional.
A fintech se diferencia ao utilizar inteligência artificial para analisar o perfil de crédito, permitindo aprovações mesmo para clientes que têm restrições no CPF.
Foram 10 milhões de clientes conquistados em 2024, o que levou a empresa a quase dobra o faturamento. Além disso, a empresa atingiu o breakeven, um marco importante para a sustentabilidade do negócio.
Rebranding do Jeitto: novo posicionamento de marca visa aproximar marca do consumidor
Com a marca consolidada, o Jeitto anunciou um rebranding completo para refletir seu compromisso com o público-alvo. A nova identidade visual traz um logo inspirado no símbolo de atualização, reforçando a ideia de agilidade e inovação.
"Estamos ao lado dos brasileiros que fazem muito com pouco. Nossa comunicação precisava traduzir isso de forma clara e acessível", diz Marcus Pesavento, Head de Marketing.
A empresa também reforça seu modelo de trabalho baseado em aprendizado contínuo. De acordo com Alex Franco, CRO e CTO do Jeitto, a equipe está estruturada para testar e validar novas soluções rapidamente, sempre com base em dados e no feedback dos usuários.
Além da nova identidade, o Jeitto está ampliando seu portfólio. Recentemente, adquiriu a Pilla, plataforma de crédito consignado, e lançou o Shópi Jeitto, um marketplace com mais de 25 lojas parceiras. A ideia é oferecer não apenas crédito, mas também soluções de consumo acessíveis, permitindo que os clientes utilizem seus limites diretamente dentro do app.
A partir de 2026, a expectativa é iniciar uma nova fase de aceleração, com a retomada de um ritmo de crescimento superior a 50%. Mas, para o CEO Fernando Silva, o objetivo continua o mesmo: democratizar o crédito no Brasil. "O sistema financeiro tradicional ainda não atende milhões de brasileiros. Queremos mudar isso, garantindo acesso a soluções financeiras de forma justa, transparente e eficiente", afirma.