Andreas Pohlmann: executivo palestrou em fórum de EXAME e VEJA (Reprodução)
Victor Caputo
Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 12h50.
Última atualização em 17 de janeiro de 2017 às 16h55.
São Paulo -- Andreas Pohlmann é considerado um dos maiores especialistas em ética empresarial no mundo. Em 2007, ele foi nomeado o chefe global de compliance (boas práticas) da Siemens, momento em que a empresa de tecnologia alemã tentava emergir de um dos maiores escândalos corporativos da história. Em 2006, uma investigação nos Estados Unidos descobriu que a pagou 1,6 bilhão de dólares em propinas em diversos países. Os subornos foram pagos em troca de contratos públicos.
Como poucos especialistas no mundo, Pohlmann sabe as consequências das más práticas em empresas com atuação global. “A ética nas empresas não se limita a um manual de boas práticas”, disse ele, um dos participantes do fórum A Revolução do Novo, realizado em parceria entre as revistas VEJA e EXAME. “É preciso que isso seja praticado e reforçado aos funcionários constantemente.”
Entrevistado por André Petry, diretor de redação de VEJA, Pohlmann reconheceu a dificuldade de manter negócios totalmente limpos, livres de atalhos como os utilizados pela Siemens para conquistar contratos com governos mundo afora. “Os empregados são sempre colocados à prova com ofertas de facilitação”, afirma. “Mas não pode haver concessões. Decisões erradas podem destruir as vidas e as carreiras de milhares de pessoas.”
Internamente, pressões como a dificuldade de fechar contratos acabam se impondo, afirma o especialista. Áreas de empresas responsáveis por contratos podem se queixar da perda de negócios por causa de regras muito rígidas. A criatividade é uma das respostas possíveis a essa pressão, diz Pohlmann. “Como podemos fazer diferente sem abrir mão de nosso princípios? Isso precisa ser exercitado e reforçado sempre.”
O fórum A Revolução do Novo está sendo realizado no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e se estenderá até o início da tarde desta terça-feira.