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A era dos pneus inteligentes chega ao Brasil

A aposta da Michelin ao comprar a Sascar é se transformar em uma fornecedora de soluções para transportes e não apenas fabricante de pneu


	Michelin: a tecnologia da Sascar de monitoramento de frotas deve ser aplicada para dar informações sobre o pneu
 (Thierry Zoccolan/AFP)

Michelin: a tecnologia da Sascar de monitoramento de frotas deve ser aplicada para dar informações sobre o pneu (Thierry Zoccolan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2014 às 10h14.

São Paulo - A cifra bilionária envolvendo a aquisição da Sascar pela Michelin, anunciada este mês, indica que a corrida de tecnologia e oferta de novos serviços deve ficar mais acirrada no mercado de pneus.

A fabricante francesa pagou R$ 1,6 bilhão para levar a companhia brasileira de rastreamento de veículos, trazendo para dentro de casa uma empresa de tecnologia aplicada ao setor automotivo.

A aposta da Michelin é se transformar em uma fornecedora de soluções para transportes e não apenas fabricante de pneus, um movimento seguido pelas suas concorrentes.

"Com a Sascar, a Michelin entra em uma fase mais digital. Teremos uma oferta mais completa para as transportadoras e a integração dessa tecnologia ao nosso negócio nos permitirá até mesmo propor novos serviços", disse o presidente da Michelin na América do Sul, Jean-Philippe Ollier.

A tecnologia da Sascar de monitoramento de frotas deve ser aplicada para dar informações sobre o pneu, como temperatura e pressão. O pneu é o segundo maior custo de um caminhão, depois do combustível. E metade das vezes que um motorista para na estrada é por problemas no pneu, segundo estimativas de mercado.

Além disso, a qualidade do pneu influencia entre 20% e 30% no consumo do combustível. "Com mais informações, é possível fazer uma gestão melhor do pneu e reduzir o custo para as transportadoras", explicou Ollier.

A Pirelli também se aliou à indústria de TI para oferecer novos serviços. Em novembro de 2012, a empresa lançou um sistema de monitoramento constante de temperatura e pressão de pneus de caminhões, batizado de Cyber Fleet, em parceria com a Autotrac, empresa concorrente da Sascar e que tem entre os acionistas o ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet.

Ao todo, 20 frotistas usam o serviço - o pneu e o chip que vai dentro dele são vendidos, enquanto o serviço de monitoramento de dados é alugado. "O pneu se tornou um produto embarcado de muita tecnologia. Não é uma commodity", disse o diretor comercial da Pirelli na América do Sul, Vicente Marino.

Pacote completo

Ao trazer uma empresa de tecnologia para dentro de casa, a Michelin se prepara para oferecer um "serviço completo" no setor de transportes.

Em alguns países da Europa e dos Estados Unidos, a companhia já oferece aos clientes a venda de pneu por quilômetro rodado e não por unidade.

Ou seja, a empresa fecha um preço por quilômetro e assume para si a responsabilidade de fazer todas as trocas de pneu que forem necessárias.

Na América do Sul, a Michelin já testa esse modelo de custo por quilômetro na oferta de pneus para máquinas de mineradoras no Brasil e no Chile. "Podemos vender menos pneus, mas ganhar mais melhorando a performance do produto."

A oferta de serviços pelas fabricantes de pneu foi uma alternativa que as grandes marcas encontraram para fugir de uma disputa unicamente por preço.

Na década passada, as grandes fabricantes, como Michelin, Bridgestone, Pirelli e Goodyear estavam focadas em negociar vendas a montadoras, apostando que os donos de veículos iriam manter a marca original nas trocas de pneu.

"Com a competição com os importados, a diferença de preço se tornou relevante e os clientes testaram outras marcas", disse o consultor Robert Wieselberg, sócio da Mindpartners, focada em estratégia de negócios.

A concorrência trouxe uma competição por preços e o negócio de fabricar e vender pneus passou a render margens mais baixas. "As grandes fabricantes reagiram com a aposta em tecnologia e na oferta de serviços", disse o coordenador do Centro de Pesquisa em Estratégia do Insper, Luiz Fernando Turatti.

A Goodyear investiu US$ 100 milhões para instalar em 2008 na sua fábrica no Brasil uma máquina capaz de entregar pneus padronizados, patenteada pela empresa e disponível em apenas três países.

De lá para cá, gastou mais US$ 250 milhões em inovação no País.

Segundo o gerente de marketing para a área de pneus comerciais, Fábio Garcia, a empresa tem investido para melhorar a performance do pneu e apostado na criatividade para comprovar e comunicar isso ao cliente.

A empresa lançou neste ano no Brasil seis aplicativos para o iPhone e para os celulares com sistema Android com informações técnicas, depoimentos de clientes e diversos comparativos.

Nesses aplicativos, o motorista consegue calcular, por exemplo, quanto economiza de combustível, em litros e em reais, usando o pneu da marca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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