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A empresa dele ficou 18 meses com 'receita zero'. Agora, vai movimentar R$ 1 bilhão com ingressos

Plataforma de venda de tíquetes já processou 30 milhões de ingressos para 50 mil shows

Guilherme Feldman, da Bilheteria Digital, sobre aumento na projeção de faturamento para R$ 1 bilhão: "Eu nunca errei tanto, mas ainda bem” (Alexandre Machado/Bilheteria Digital/Divulgação)

Guilherme Feldman, da Bilheteria Digital, sobre aumento na projeção de faturamento para R$ 1 bilhão: "Eu nunca errei tanto, mas ainda bem” (Alexandre Machado/Bilheteria Digital/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de agosto de 2023 às 17h48.

Última atualização em 17 de agosto de 2023 às 16h45.

Houve poucos setores econômicos tão afetados pela pandemia como o de eventos. Com shows e festas suspensas por quase dois anos inteiros, a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) calculou que as empresas dessa categoria deixaram de faturar ao menos R$ 230 bilhões entre 2020 e 2021.

A Bilheteria Digital que o diga. A empresa que fornece tecnologia e plataforma para venda de ingressos viveu 18 meses de “receita zero”, diz o CEO Guilherme Feldman. Por isso, ele quase não acredita que agora, apenas pouco mais de um ano após o arrefecimento da pandemia, seu negócio esteja passando pelo melhor momento, chegando próximo a uma movimentação de R$ 1 bilhão na plataforma.

“A gente está em um momento maravilhoso, o mercado está muito aquecido”, afirma.

Caso a previsão de bater o R$ 1 bilhão se concretize, significará que a Bilheteria Digital dobrará de tamanho em relação a 2022, quando movimentou R$ 500 milhões. Esse número está apoiado em novos contratos e também em um aquecimento geral do setor. 

“Os clientes que já são da base estão aumentando muito a venda, e isso puxa a Bilheteria Digital”, diz Feldman. “E fazemos um trabalho também de atuar com clientes menores, com produtores pequenos com potencial de crescimento”. 

Como a Bilheteria Digital atravessou a pandemia 

Não foi fácil para a Bilheteria Digital atravessar a crise de covid-19. Na semana em que foi decretada a pandemia, a empresa acabara de realizar um evento para contar as novidades que esperavam para 2020. E que não aconteceram.

“Foram 18 meses com receita zero. E não tem livro que mostre como sobreviver com receita zero”, diz Feldman.

Como sobreviveram, então? “Um dia de cada vez”, diz o executivo. A decisões foram:

  • Não demitir os funcionários e usar como apoio programas governamentais que ajudaram o setor para manter os empregos.
  • Renegociar dívidas com bancos e contratos com fornecedores.
  • Sócios aportaram dinheiro na operação. 

Hoje, Feldman entende que o fato de ter mantido os empregos durante a pandemia ajudou no momento de retomada, porque já tinha uma equipe por dentro dos processos e da cultura da empresa. 

“A gente saiu da pandemia muito bem preparado para atender a demanda que estava explodindo”, diz. “Dobramos o tamanho em 2022 em relação a 2019”.

Como a Bilheteria Digital trabalha

O negócio da Bilheteria Digital é ajudar o produtor do evento a vender ingresso. Ela faz isso fornecendo tecnologia, infraestrutura e suporte técnico. Além da plataforma de marketplace, também dá outros produtos, como os equipamentos e softwares para processar as entradas nos locais de evento. 

Atualmente, está em várias frentes de evento, como shows, palestras, jogos de futebol e workshops. A empresa se posiciona nacionalmente, inclusive com sete escritórios espalhados pelo país. 

Um dos clientes da empresa é a turnê Tardezinha, um projeto do cantor Thiaguinho. Com esse evento, foram mais de 1.000 ingressos vendidos por minuto e mais de 100 mil acessos simultâneos.

“Ela trouxe um desafio operacional gigantesco”, afirma. “Explodiu a quantidade de pessoas com venda de ingresso. Passaram de 70 mil pessoas. Hoje, até os estádios de futebol não chegam nessa quantidade. E é um evento que está passando por 25 cidades, então também testou nossa presença nacional”.

Outros destaques são Universo Parallelo, de música eletrônica, e o Festival de Parintins. A Bilheteria Digital fatura com uma taxa de conveniência aplicada sobre o valor do ingresso. Normalmente, ela varia entre 10% e 20%.

A história da Bilheteria Digital

A Bilheteria Digital foi fundada em 2009 em Brasília e passou por uma época de forte crescimento na virada da década, quando adquiriu a empresa goiana Ticket Plus. Naquela ocasião, passou de 50 para 500 eventos simultâneos. “Mas aí, veio a velha história que a empresa cresce mais rápido do que sua estrutura aguenta”, diz o executivo.

Em meados de 2018, então, a empresa foi vendida e Feldman assumiu a gestão executiva da operação. Ele já tinha feito, anos antes, uma startup de venda de ingressos e já trabalhava na Bilheteria Digital. 

“Sou filho, neto e bisneto de empreendedores”, afirma Feldman. “Ao longo do segundo ano do ensino médio, em algum momento pensei em ser médico, mas durou pouco. Sempre quis empreender. Fiz administração, lancei a empresa de tíquetes com meu irmão, depois ela se integrou à Bilheteria Digital, onde estou desde então”.

Quais são as metas da Bilheteria Digital

A Bilheteria Digital quer fechar 2023 com a meta de ter próximo ao R$ 1 bilhão movimentado na plataforma, contando a parte do produtor e a parte da empresa. A expectativa, no início do ano, era que chegasse aos R$ 700 milhões, mas o número já foi revisto. 

“Eu nunca errei tanto a projeção, mas ainda bem”, diz Feldman. “A gente entrou mirando R$ 700 milhões, mas estamos com novos contratos fechados que vão performar neste ano, estamos prevendo acima de R$ 900 milhões, com uma meta mais ousada de bater R$ 1 bilhão. É marcante. Por muito tempo, olhamos para o bilhão como uma realidade distante”.

Agora, porém, está bem perto. Mais um número a somar com os 30 milhões de ingressos emitidos e 50 mil eventos realizados.

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