Pedro Miranda, fundado do Grupo IPM: “O aluno sabe que será acompanhado de perto e que precisa se comprometer para alcançar a aprovação" (Leandro Fonseca (foto) e Catarina Bessell (Ilustração)/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 14 de setembro de 2025 às 18h19.
Última atualização em 14 de setembro de 2025 às 18h23.
Enquanto grande parte do mercado de educação médica aposta em influenciadores e campanhas agressivas de marketing, a IPM Educação segue outro caminho.
Fundada em 2020 em Goiânia pelo médico radiologista Pedro Miranda, a empresa cresceu 1.631% em 2024, alcançando R$ 44,5 milhões de receita líquida apenas na vertical de cursos preparatórios para residência médica.
O resultado colocou a empresa na primeira posição entre as empresas da categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais do Ranking EXAME Negócios em Expansão 2025.
O diferencial está na individualização do aprendizado. Antes de iniciar os estudos, cada aluno passa por um simulado diagnóstico e um teste comportamental que definem seu perfil de aprendizagem. A partir desses dados, a equipe monta um cronograma exclusivo, com conteúdos e formatos ajustados a cada necessidade.
“No primeiro ano tivemos 100% de aprovação dos alunos. Ninguém faz o que a gente faz: reunião semanal, análise de dados, trilha personalizada para cada aluno", diz o fundador Pedro Miranda
Em apenas quatro anos, o grupo se transformou em um ecossistema de ensino médico. Hoje, soma 11 empresas, sendo cinco aquisições estratégicas, que vão de cursos preparatórios a editoras e serviços de apoio à carreira. O faturamento consolidado atingiu R$ 122 milhões em 2024.
NEEX Road Show em Goiânia: garanta sua vaga gratuita no evento da EXAME voltado para empresas em expansãoO modelo também garantiu aumento da base sem perda de eficiência: no preparatório para residência, os alunos saltaram de 1.000 para 3.250 em dois anos, e já são mais de 10 mil estudantes ativos em todas as frentes. O ticket médio chega a R$ 24 mil por aluno, sustentado por aprovações de destaque em provas entre as mais concorridas do país.
O crescimento da IPM se apoia em um fenômeno estrutural do setor. Segundo a pesquisa Demografia Médica no Brasil, o número de médicos cresce a cada ano: só nos últimos cinco anos, foram 116.546 novos profissionais. Até o fim de 2025, o país deve alcançar 635,7 mil médicos ativos, equivalente a 2,98 por mil habitantes.
O avanço, porém, não é acompanhado pela ampliação das vagas em residência médica, que seguem limitadas. Em 2024, o país tinha 287,4 mil alunos matriculados em medicina, mas apenas 47,7 mil cursando residência. O descompasso tornou o acesso à residência mais competitivo que a própria graduação.
Parte da estratégia da IPM é atender médicos que já reprovaram ao menos uma vez, um público mais maduro e disposto a se dedicar intensamente.
“O aluno sabe que será acompanhado de perto e que precisa se comprometer para alcançar a aprovação", diz Miranda.
A IPM diferencia seu modelo de ensino pela combinação de tecnologia e acompanhamento humano. Uma plataforma própria monitora em tempo real o nível de atenção dos alunos, gerando relatórios que alimentam os “anjos” — psicólogos organizacionais que se reúnem semanalmente com cada estudante para ajustar rotina, prioridades e disciplina.
“Aqui no IPM não é sobre pagar, é sobre fazer. Se você não quiser se dedicar e lutar, não entre, porque nós vamos te cobrar”, reforça Pedro Miranda, fundador da instituição.
NEEX Road Show em Goiânia: garanta sua vaga gratuita no evento da EXAME voltado para empresas em expansãoO contato humano segue no centro da estratégia. Miranda ainda responde pessoalmente centenas de mensagens de estudantes diariamente. “A humanização do aprendizado é o que mantém a proximidade. Tecnologia sozinha não faz milagre”, afirma.
Desde o início do curso, os alunos passam por testes de aprendizagem e comportamento que alimentam o sistema de monitoramento, permitindo gerar relatórios sobre tempo de estudo, distrações e rendimento.
Com base nesses dados, os “anjos” oferecem suporte emocional e organizacional, ajustando rotinas de estudo de forma rápida e precisa, sem comprometer a qualidade, explica Miranda.
A IPM vai além do preparatório. A companhia oferece pós-graduações em áreas específicas, cursos intensivos e extensivos, salas de estudo personalizadas e até uma plataforma de tecnologia licenciada para terceiros. Ao todo são mais de 10.000 alunos.
Foram seis aquisições em três anos, que reforçam o objetivo de construir uma plataforma completa para médicos. Entre as aquisições estão editoras e empresas de tecnologia para aumentar a eficiência no acompanhamento dos alunos sem prejudicar a qualidade dos atendimentos.
“Queremos acompanhar o médico ao longo de toda a sua carreira, da graduação à educação continuada”, explica Miranda.
Com faturamento acima de R$ 120 milhões e crescimento de três dígitos, o desafio da empresa agora é sustentar a escalada. O plano é dobrar a base de alunos do preparatório, alcançar 6 mil matriculados no curso preparatório de residência e acelerar a expansão das pós-graduações.
A metodologia também poderia ser replicada para outras áreas, como direito ou concursos públicos, mas, por ora, a companhia prefere manter o foco. “A medicina ainda tem muito espaço para crescer. Nosso objetivo é consolidar o IPM nesse mercado antes de pensar em outras frentes”, afirma Miranda.
De Goiânia para o Brasil, a IPM transformou não só a forma de aprender, mas também a forma de crescer.