Negócios

A disputa bilionária pela herança do patriarca da Fiat vai respingar até na Ferrari

Documento recém-apresentado no tribunal pode mudar a estrutura de poder do império Agnelli, com implicações para as gigantes Ferrari e Stellantis

Gianni e Umberto Agnelli: advogados do neto John Elkann argumentam que divisão feita em 2004 é definitiva  (Santi Visalli/Getty Images/Divulgação)

Gianni e Umberto Agnelli: advogados do neto John Elkann argumentam que divisão feita em 2004 é definitiva (Santi Visalli/Getty Images/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 10h42.

Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 11h54.

A disputa pela herança de Gianni Agnelli, o patriarca da Fiat, teve um novo desdobramento nesta segunda-feira, 29.

Em uma audiência no Tribunal de Turim, na Itália, os advogados de Margherita Agnelli, filha de Gianni, apresentaram um documento que, segundo ela, seria um testamento inédito de 1998, o que pode mudar o futuro da herança familiar.

A fortuna da família é estimada em US$ 14,2 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

O documento, que até então era desconhecido, aponta que 25% da holding Dicembre — a principal empresa que controla os ativos da família Agnelli — deveria ser destinado ao filho de Gianni, Edoardo.

Saint Paul lança graduação inédita em Administração com padrão global; inscrições estão abertas

No entanto, Edoardo faleceu em 2000, dois anos antes de Gianni.

Isso coloca o novo testamento em conflito com outro documento de 1996, que designava a mesma parte da herança para John Elkann. Neto de Gianni e filho de Margheritta, ele é o atual presidente da Stellantis, além de CEO da Exor, o grupo que controla empresas como a Ferrari e a Juventus.

A disputa familiar

O centro da disputa não é apenas sobre a divisão de dinheiro, mas sobre quem controlará o império empresarial da família.

Quando Gianni faleceu em 2003, sua viúva, Marella Caracciolo, seguiu com a carta de 1996 e transferiu a parte de 25% da Dicembre para John Elkann, garantindo a ele o controle majoritário dos negócios da família.

No entanto, Margherita Agnelli afirma que o testamento de 1998 deveria ser considerado, já que representaria melhor a vontade de Gianni.

Segundo os advogados de Margherita, esse novo documento mostraria que a parte da Dicembre deveria ser dada a Edoardo, não a John.

Isso complicaria a divisão feita anos antes e traria novas questões sobre o controle da família sobre as empresas que representam seu maior patrimônio.

O império Agnelli

John Elkann, Lapo e Ginevra Elkann são atualmente os principais herdeiros do império da família Agnelli.

O controle da Exor, através da Dicembre, é essencial para manter o poder nas grandes empresas do grupo, como a Ferrari e a Stellantis. A disputa pela herança envolve o futuro dessas empresas e pode afetar a direção de negócios bilionários.

Em 2025, os Elkann também enfrentaram outra batalha legal, quando concordaram em pagar 175 milhões de euros ao fisco italiano para encerrar uma investigação sobre impostos de herança não pagos.

A visão de Margherita

Margherita, que tem cinco filhos do seu segundo casamento, sempre questionou a distribuição da fortuna, afirmando que o patrimônio de Gianni foi mal administrado e que sua parte da herança foi negligenciada.

Ela acredita que os três filhos de seu primeiro casamento receberam uma parte maior do que seria justo, considerando que seus outros filhos também deveriam ter sido mais bem contemplados.

Por outro lado, os advogados de John Elkann argumentam que a divisão feita em 2004 é definitiva. Eles afirmam que o testamento de 1998 não altera a distribuição feita conforme os documentos anteriores.

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:FiatHerançaStellantisFerrari

Mais de Negócios

Mercado Livre premia vendedores no maior evento de e-commerce da América Latina

O novo lance milionário do São Paulo: fazer R$ 90 milhões com startups

Oceano, o primeiro hub imobiliário de Florianópolis, projeta fechar o ano com R$ 1,6 bilhão em VGV

O segredo dos bilionários? 15% seguiram o mesmo caminho de Warren Buffett