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A dança das cadeiras no comando da Azul

John Rodgerson, um dos fundadores da empresa, foi anunciado como novo presidente no lugar de Antonoaldo Neves, que ocupava o cargo desde 2014

David Neeleman: o fundador da Azul escolheu um velho conhecido para comandar a companhia (Germano Lüders/Site Exame)

David Neeleman: o fundador da Azul escolheu um velho conhecido para comandar a companhia (Germano Lüders/Site Exame)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 24 de julho de 2017 às 18h45.

Última atualização em 24 de julho de 2017 às 18h55.

Pouco mais de três meses depois de ir à bolsa, a Azul Linhas Aéreas anunciou nesta segunda-feira uma dança das cadeiras em seu comando. A mais importante delas: John Rodgerson, um dos fundadores da empresa, foi anunciado como novo presidente no lugar de Antonoaldo Neves, que ocupava o cargo desde janeiro de 2014 e passará a compor o conselho da aérea portuguesa TAP, da qual a Azul se tornou sócia em 2016.

David Neeleman, fundador e Presidente do Conselho da Azul, afirmou que continuará “intimamente envolvido no dia a dia dos negócios da companhia, ajudando a tomar as decisões estratégicas”.

As mudanças respondem a questões burocráticas e a outras pra lá de estratégicas. O americano Rodgerson comandará a companhia brasileira como presidente da Azul S.A., holding que controla a Azul Linhas Aéreas.

Mas Neeleman vai manter o cargo de presidente do conselho da Azul Linhas Aéreas porque estrangeiros estão proibidos por lei de assumir aéreas brasileiras. Além disso, a mudança também serve para cumprir regras do mercado de capitais no Brasil, que impede que o mesmo executivo, Neeleman, acumule a presidência do conselho de administração e da companhia.

Rodgerson ingressou na Azul em 2008 e ajudou na elaboração do plano de negócios inicial, além de atuar em diversos momentos da história da Azul, incluindo o levantamento de capital nos últimos nove anos, que culminou no processo de abertura de capital no Brasil e nos EUA. Até então, o executivo ocupava o posto de diretor financeiro e de relações com investidores. Antes da Azul, ele acumulou experiência na companhia aérea norte-americana JetBlue, também fundada por Neeleman.

Alex Malfitani, que também integra o grupo de executivos fundadores, assume como novo vice-presidente de Finanças. Ele já esteve à frente da Tesouraria, do Planejamento Financeiro e de Relações com Investidores na Azul. Nos últimos três anos, comandou o programa de vantagens, o TudoAzul, posição que acumulará interinamente com seu novo cargo de CFO. Antes de ingressar na Azul, Malfitani teve passagens pela United Airlines e pelo Deutsche Bank.

Malfitani assume as finanças da companhia em um momento teoricamente positivo, uma vez que a empresa começa a reverter o prejuízo de 126,3 milhões de reais em 2016 com um lucro de 55,3 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano. Com a abertura de capital, a companhia levantou 2 bilhões, sendo 1,3 bilhão em recursos novos. Na ocasião, o então presidente da empresa, Antonoaldo Neves, afirmou que o montante seria direcionado para redução da dívida, expansão de frota e outros propósitos, sem dar detalhes.

O mercado parece ter recebido bem as mudanças no corpo diretivo da companhia. As ações da Azul encerraram o dia em alta de 0,30%, negociadas a 26,33 reais.

O que vem pela frente

A Azul é a terceira maior companhia aérea do Brasil e transporta cerca de 18% dos passageiros do país com 739 voos diários, 102 destinos e uma frota de 123 aeronaves (que já chegou a 150). Em entrevista a EXAME HOJE no início do ano, o então presidente da companhia, Antonoaldo Neves, ressaltou o potencial do mercado nacional, que para ele deve dobrar de tamanho até 2030, para cerca de 200 milhões de passageiros.

“Apenas cerca de 20 milhões de brasileiros já viajaram de avião. O processo de interiorização da aviação, aliado ao crescimento da renda e do aumento de viagens a lazer devem contribuir para esse crescimento do mercado”, afirmou.

Na época, o executivo, que agora enfrentará desafios do mercado europeu, já criticava a morosidade da regulação do setor aéreo nacional e citava como principais gargalos a questão da cobrança proporcional por bagagens (alterada recentemente após muita polêmica), o aumento da participação de investidores estrangeiros nas aéreas nacionais e a cobrança exagerada de impostos, principalmente ICMS.

“O novo presidente da Azul herda basicamente os mesmos problemas com um agravante da crise política que culmina na demora das discussões do setor, que vinham em ritmo constante e foram muito ofuscadas com as delações da JBS”, diz um analista do setor.

Segundo a Secretaria Nacional de Aviação Civil, a agenda deve ser retomada em agosto e tem cinco frentes: fim do limite ao capital estrangeiro nas empresas, limite para alíquotas de ICMS sobre querosene, o acordo de céus abertos Brasil- Estados Unidos, nova rodada de concessões de aeroportos e o início das atividades da Asas, uma subsidiária da Infraero, com 49% de participação da alemã Fraport, para prestar serviços na aviação regional. São os desafios no caminho de Rodgerson.

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