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A compra da T-Mobile pela AT&T é grande até mesmo para os EUA?

Negócio de US$ 39 bilhões criaria a maior operadora de telefonia do país, mas há dúvidas se será aprovada pelo governo

AT&T: aprovar a compra da T-Mobile não será tão fácil quanto a empresa diz (Divulgação)

AT&T: aprovar a compra da T-Mobile não será tão fácil quanto a empresa diz (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2011 às 16h15.

São Paulo - A compra da T-Mobile, quarta maior operadora de telefonia dos Estados Unidos, pela AT&T, a segunda maior, já é vista por parte do mercado como um negócio grande demais, mesmo para a terra de Barack Obama. Por 39 bilhões de dólares, a AT&T roubaria da Verizon a liderança do setor. Mas há dúvidas sobre se as autoridades que regulam o mercado vão apoiar o acordo.

O primeiro passo da AT&T será convencer os órgãos de regulação do mercado: a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) e a Comissão Federal de Comunicaçãoes (FCC).

Não se trata apenas de uma questão de azeitar o lobby. A aprovação – ou não – do acordo envolve questões que extrapolam a própria aquisição. A primeira é uma controvérsia em torno do espectro de banda que uma operadora pode deter nos Estados Unidos.

Polêmica legal

Durante o governo de Bill Clinton, o FCC determinou que nenhuma companhia poderia deter mais de um terço de certa banda de frequência. O objetivo era garantir que houvesse, pelo menos, três empresas com porte suficiente para competir entre si no país.

A restrição, no entanto, foi retirada nos anos de George W.Bush, com o argumento de que, se a empresa é competente o bastante para atrair clientes e crescer, merece ter mais banda. Desde então, democratas e republicanos não se entendem sobre o assunto – e a análise da compra da T-Mobile pela AT&T vai reacender o debate.

As discussões devem esquentar ainda mais, quando se lembra que as operadoras e seus fornecedores preparam o lançamento dos aparelhos celulares 4G, que devem consumir ainda mais banda, gerando uma disputa feroz por frequências.

Fator político

Parte da imprensa americana afirma que, embora o país viva sob um governo democrata, talvez a pressão para reanimar a economia torne os órgãos de fiscalização mais brandos. Obama deve disputar a reeleição para a Casa Branca no ano que vem, e não deseja aparecer nem como obstáculo à geração de empregos, nem como barreira ao avanço das empresas americanas.


E, neste ponto, a AT&T tem um bom argumento: a T-Mobile pertence à alemã Deutsche Telekom. Comprá-la significaria uma vitória do capitalismo americano, humilhado por uma onda de estrangeiros que compraram algumas de suas maiores companhias.

Por outro lado, as entidades de defesa do consumidor argumentam que a união pode restringir ainda mais as opções e direitos dos clientes – algo que Obama e os órgãos antitruste precisam considerar.

Outro item que complica a análise do negócio é o impacto que causará sobre os concorrentes. Em especial, sua aprovação pode levar a uma corrida para consolidar um mercado que muitos já afirmam estar bastante concentrado. A AT&T alcançaria uma participação de 43% de mercado com a T-Mobile.

Reação em cadeia

Alijada da primeira posição, a Verizon poderia reagir comprando a Sprint, atual terceira maior operadora dos Estados Unidos. Muitos analistas afirmam que a aquisição traria mais problemas do que contribuições à Verizon, já que as tecnologias das suas companhias são distintas. Mas a Verizon é conhecida, no mercado, por não deixar movimentos relevantes da concorrência sem resposta – sobretudo quando se trata da AT&T.

Por ora, os únicos realmente eufóricos com a venda da T-Mobile para a AT&T são os investidores da Deutsche Telekom. A medida de seu otimismo é a alta dos papéis da companhia, na bolsa alemã. Mas, do outro lado do Atlântico, a transação começa a parecer grande demais, mesmo para a maior economia do planeta.

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