Isabela Blasi, Vitor Avancini, Matheus Dellagnelo e Daniel Avancini, da Indicium: o foco do mundo em dados incentivou os quatro sócios a criarem a empresa em 2017 (Indicium/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 18h12.
Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 16h09.
Uma das capas recentes mais emblemáticas da The Economist, centenária revista inglesa de economia, foi o que motivou quatro sócios de Santa Catarina a criarem um negócio. Em 2017, a publicação fez uma reportagem falando que o recurso mais valioso do mundo já não era o petróleo, mas os dados.
Na época, os quatro sócios estavam ou trabalhando no setor de tecnologia, ou na graduação. Um foi convidando o outro e juntos fundaram a Indicium, uma empresa de serviços e soluções de dados para grandes empresas sediada em Florianópolis.
“Na época, só se falava disso”, diz Isabela Blasi, cofundadora e diretora de Novos Negócios da Indicium. “Mas ao invés de tentar criar uma empresa escalável, um unicórnio, fomos para o caminho de consultoria, de serviços para dados. Com isso, conseguimos nos destacar”.
A Indicium fornece hoje um serviço de dados considerado “one stop shop”. A ideia é oferecer tudo que o cliente precisar: desde o diagnóstico do que a companhia precisa, passando pela implantação de um sistema de análise de dados e chegando à formação de funcionários.
Na prática, a empresa ajuda na visualização e interpretação de dados. Num banco, por exemplo, pode juntar informações sobre empréstimos, centralizar num único sistema que permitirá à instituição financeira ver se os pagamentos estão sendo feitos em dia, com uma taxa de juro adequada. No varejo, podem pegar dados de tendência de vendas para ajudar no desenvolvimento de novos lançamentos — ou na garantia de um estoque.
Em 2023, com essa estratégia, a empresa faturou R$ 32 milhões. Na lista de clientes estão principalmente organizações estrangeiras, como a Fundação Bill e Melinda Gates, a Edenred, de pagamentos, e a Reps & CO, de entretenimento.
O plano para 2024 é praticamente dobrar de tamanho, alcançando R$ 60 milhões em receitas. Como? Focando no mercado estrangeiro, principalmente na América Latina e nos Estados Unidos.
A Indicium foca em atender, principalmente, empresas que faturam acima de R$ 1 bilhão por ano. Boa parte de seus clientes está nos Estados Unidos, mas há também operações locais e multinacionais que têm braços no Brasil. As principais áreas são:
"Percebemos que as enterprises já entenderam a relevância de usar dados e, por isso, aumentaram consideravelmente seus investimentos em soluções complexas para a área, especialmente nos últimos anos”, diz Biasi.
De acordo com estudos de consultorias como Statista, o mundo deve produzir 181 zettabytes de dados até 2025. É mais do que o dobro dos 79 zettabytes de 2019. Segundo a Grand View Research, o mercado global de análise de dados deve crescer 12,1% ao ano, passando dos US$ 89 bilhões de 2022 para US$ 221,6 bilhões até 2030.
Hoje, a Indicium já está em 20 países e já fez 185 projetos.
Além de Isabela, também estão na liderança do projeto o CEO Matheus Dellagnelo, o diretor de Dados Daniel Avancini e o diretor de Tecnologia Vitor Avancini.
Atualmente, com o atendimento focado nas enterprises, a empresa já vê 30% da receita vir dos Estados Unidos. O dinheiro entra no caixa da companhia catarinense pela venda de projetos. Um pouco diferente de um SaaS, aqui o cliente paga pela hora/homem do membro da empresa que está envolvido no projeto. Também há um pagamento pelos treinamentos.
Para crescer cerca de R$ 30 milhões em receita neste ano, a estratégia da empresa será apostar ainda mais nos mercados estrangeiros. Além do Brasil, querem ter participação em outros países da América Latina e seguirem estáveis nos Estados Unidos.
Localmente, estão abrindo um escritório em São Paulo — a primeira operação física da empresa — para estarem mais perto dos clientes e consolidar o negócio também na capital paulista.
“Há mais maturidade no mercado dos Estados Unidos para o uso de dados”, diz Dellagnelo. “Isso é um desafio aqui no Brasil, mas também é uma oportunidade. É um oceano azul”.
Para mergulhar nesse oceano, há outros desafios no caminho. Um deles é explicar para os líderes nacionais a importância do uso de dados para tomadas de decisões. Estratégias que começam a ser desenhadas agora, rumo a novas expansões.
A Indicium foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na 20ª colocação na categoria de 5 milhões a 30 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 205,17%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 4,6 milhões. Em 2022, subiu para R$ 14 milhões.
O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.
Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%.
Veja os resultados: