Negócios

99 cidades, 400.000 membros: o gigantismo do WeWork

Rede de escritórios compartilhados que chegou ao Brasil no ano passado investe em novas frentes, como escolas e mercados, mas perde dinheiro

Miguel McKelvey: Cofundador e vice-presidente da WeWork, que coloca em ação sua estratégia de expansão (Germano Lüders/Exame)

Miguel McKelvey: Cofundador e vice-presidente da WeWork, que coloca em ação sua estratégia de expansão (Germano Lüders/Exame)

NB

Naiara Bertão

Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 07h04.

A rede de escritórios compartilhados Wework divulga nesta terça-feira dados operacionais que darão uma ideia de seu crescimento exponencial. O grupo já está em 26 países, 99 cidades e tem 400.000 membros. Em setembro, ultrapassou o banco J.P. Morgan e se tornou o maior locatário de Manhattan (Nova York), com 1,6 milhão de metros quadrados. Já é também o maior de Washington, capital americana, e de Londres (Reino Unido). O número de posições de trabalho mais do que dobrou em todo o mundo em 12 meses. Em 2017, seu faturamento chegou a 900 milhões de dólares e a expectativa é mais do que dobrar este ano. No primeiro semestre, as receitas cresceram 110%, fechando em 766 milhões de dólares.

Contudo, o grupo ainda é uma máquina de perder dinheiro – só nos seis primeiros meses teve um prejuízo de 723 milhões de dólares, bem acima dos 154 milhões negativos do primeiro semestre de 2017 (o resultado financeiro anual será divulgado em fevereiro de 2019). Em novembro, fechou uma nova rodada de captação de 3 bilhões de dólares junto a seu principal investidor, o conglomerado japonês Softbank. Com isso, a rede de escritórios compartilhados fundada em 2010 por Miguel McKelvey e Adam Neumann bateu um valor de mercado estimado em 45 bilhões de dólares. Até agora, foram mais de 10 bilhões de dólares em investimentos captados e a expectativa é que a empresa abra seu capital em 2019.

O Brasil é um dos mercados que mais crescem. Com apenas um ano e meio de atuação, já são 15 escritórios no país – 10 em São Paulo, quatro no Rio de Janeiro e um em Belo Horizonte. Hoje são 15.000 membros que pagam em torno de 800 reais mensais por posição de trabalho. O WeWork espera triplicar o número de membros no ano que vem e já confirmou a chegada a Curitiba (Paraná), Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e Brasília (Distrito Federal).

Um dos maiores destaques do ano foram os avanços da companhia em outras frentes. Abriu em setembro em Nova York, por exemplo, uma escola privada para crianças, a WeGrow, que além do currículo habitual, tem aula de agricultura e yoga. A empresa é dona também da Flatiron School, uma escola de programação que adquiriu em 2017.

Em 2018 a empresa inaugurou seu primeiro minimercado, o WeMrkt, onde a ideia é vender comidas, bebidas, materiais de escritório e outros produtos feitos por membros do WeWork. O plano, segundo o presidente da companhia, Julie Rice, é abrir 500 novas lojas do tipo nos próximos anos. O Wework também expandiu sua operação via aquisições. Foram quatro em 2018: as americanas Conductor (plataforma de marketing e publicidade digital) e Teem (software para aumentar produtividade de reuniões e dias de trabalho), a inglesa LTB, que faz gestão de construção civil e o coworking chinês Naked Hub.

Comunidade

Nos últimos anos, muitas empresas grandes começaram a enviar funcionários para coworkings à procura de novas ideias de negócios e até parcerias com startups. No WeWork, 29% dos postos de trabalho já são ocupados por funcionários das companhias acima de 1.000 funcionários. No Brasil, a empresa também começou em 2018 a construir e gerenciar escritórios exclusivos para empresas, divisão chamada de Powered by We. Atualmente são mais de 30 clientes, a exemplo do novo prédio do Cubo, centro de empreendedorismo mantido pelo Itaú Unibanco em parceria com o fundo de investimento Redpoint e.Ventures, e do InovaBRA Habitat, uma parceria da WeWork com o banco Bradesco, ambos em São Paulo.

Para se diferenciar dos concorrentes, uma estratégia que o WeWork adotou desde o início foi estimular os membros a expandirem seu networking e mostrarem seu trabalho, seja através de happy hours até projetos que remunera boas ideias, como o Creator Awards. Em 2018 foram nove Creator Awards no mundo, que premiaram 220 vencedores em 14 cidades. O Brasil teve a primeira edição no segundo semestre, quando distribuiu mais de 3 milhões de reais em investimentos para projetos de alto impacto.

Outra iniciativa global que veio ao Brasil é o WeWork Labs, que, além de espaço físico para encontros e cursos, também tem uma plataforma que conecta as startups com mentores, clientes e, eventualmente investidores e fundos. Cinco unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, já tem esse projeto e a empresa está inaugurando um em Minas Gerais dedicado para bucar inovação para a indústria da mineração, o Mining Hub, iniciativa apoiada por 12 empresas do setor.

O WeWork revolucionou o mercado de trabalho. O desafio agora é mostrar que tem um plano para transformar tantas iniciativas em lucro para seus investidores.

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