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90% dos investidores dizem que 2024 será melhor para o venture capital, diz estudo da Latitud

As novas projeções trazem uma mudança significativa no ânimo dos profissionais que atuam no mercado em relação ao ambiente de negócios vivido este ano

Os dados estão na segunda edição da “The LatAm Rech Report”, estudo elaborado pela Latitud (Latitud/Divulgação)

Os dados estão na segunda edição da “The LatAm Rech Report”, estudo elaborado pela Latitud (Latitud/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 29 de novembro de 2023 às 06h55.

Última atualização em 29 de novembro de 2023 às 11h58.

O ano foi difícil, o inverno demorou para passar, mas, como diz o ditado, “ano novo, vida nova”. No universo de inovação e startups tem muita gente apostando nisso e fazendo as suas simpatias para que o mercado dê uma guinada em 2024.

Tanto os fundadores de startups quanto os investidores na América Latina projetam maior liquidez no mercado nos doze meses do próximo ano em comparação com o ano de 2023. Entre os fundadores, o percentual chega a 77,8%. Outros 17,% pensam que o patamar se manterá igual e apenas 4,4% preveem um ambiente pior. 

Os investidores trabalham com um cenário ainda mais otimista. Entre os entrevistados, nenhum projeta um ambiente pior do que em 2023. 88,9% preveem um um ano positivo e 11,1% no mesmo nível de 2023.

Os dados estão na segunda edição da “The LatAm Rech Report”, estudo elaborado pela Latitud, plataforma de inovação e venture capital para startups latinoamericanas  criada pelo russo Yuri Danilchenko, o americano Brian Requarth e a brasileira Gina Gotthilf. A pesquisa foi realizada com mais de 100 fundadores e investidores que atuam na região.  

As novas projeções trazem uma mudança significativa no ânimo dos profissionais em relação ao ambiente de negócios vivido este ano. Em comparação a 2022, início do chamado “inverno”, os fundadores (36,7%) e investidores (51,9%) avaliaram que 2023 foi mais difícil. 

Quando a análise traça um paralelo com 2021, quando o venture capital teve um boom de investimentos, a fotografia ficou ainda pior, segundo 78,9% dos fundadores e 85,2% dos investidores.     

Esse é um quadro que pode ser traduzido em números. Em 2021, os aportes dos fundos de venture capital na região bateram de 15,97 bilhões de dólares, o auge na recente história das startups na América Latina.

Antes, o valor mais alto tinha sido em 2019, US$ 5 bilhões. Já em 2022, o montante aportado caiu para US$ 7,9 bilhões. E neste ano, uma nova retração está a caminho. Nos nove primeiros meses, apenas 2,7 bilhões foram investidos, diminuição de mais de 65% na comparação ano a ano.  

O que se manteve intacto, no entanto, foi a trajetória ascendente de startups apoiadas por fundos de venture capital. Apesar da crise no setor, neste ano 2.616 receberam investimentos, número maior que as 2.293 em 2022 - o Brasil manteve a tradição e responde por cerca de metade das empresas que captaram, 1.293.

O dado reforça tanto a presença de menores valores à mesa quanto a maior racionalidade no uso dos recursos. Além disso, confirma a tese corrente de que há mais dinheiro para novatas do que para startups de late stage, com demanda de cheques mais volumosos.  

O que explica o otimismo generalizado

Mas alguns eventos nos últimos meses apontam para uma virada no mercado de venture capital. Por aqui, os exemplos mais recentes são os aportes na QI Tech, R$ 1 bilhão, e na Daki, R$ 250 milhões. Como diz um meme em alta nas redes sociais, “haverá sinais”. 

“É importante ressaltarmos que no próximo ano devemos continuar a ver investidores seletivos e fundadores focando em métricas que denotem eficiência e lucratividade em longo prazo”, afirma Gina Gotthilf, sócia-fundadora da Latitud.

Segundo a executiva, há ainda outros dois elementos que levam ao otimismo: 

  • as “boas” startups se adaptaram para resistir ao cenário mais complexo e hoje apresentam indicadores melhores, ficando mais atrativas para receber investimentos
  • O cenário macroeconômico, com investidores precificando uma potencial queda de juros e de inflação no médio prazo, cria uma conjuntura que beneficia o investimento em empresas 

Quais os principais desafios

Apesar do otimismo com uma potencial mudança de perspectiva, a captação é o assunto que mais preocupa os fundadores de startups. O assunto apareceu nas respostas de 38,6% dos entrevistados. 

Na sequência estão algumas das principais dores das startups, principalmente aquelas em estágios mais iniciais:

  • Chegar ao product market fit, 36,4%
  • Encontrar a estratégia de vendas correta, 35,2%
  • Escalar o negócio, 34,1%
  • Definir a melhor estratégia de marketing, 25%  

“Nós mantemos uma reflexão que fizemos logo no início deste ano. Este é o momento das startups focarem no que realmente faz a diferença para seus negócios”, diz Gotthilf. 

Para a especialista, as empresas que fizerem a lição de casa terão mais capacidade de mostrar resultados e atrair fundos para o negócio. “Se esse trabalho for visível por meio de métricas, o investimento deve vir ao longo do caminho”.

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