Deixar os funcionários descontentes não é uma boa maneira de gerir uma empresa. Clique nas fotos para lembrar casos recentes de companhias que tiveram paralisações
Iberia e voos cancelados (Pierre-Philippe Marcou/AFP)
Tatiana Vaz
Publicado em 1 de maio de 2012 às 08h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h24.
A greve dos pilotos da companhia aérea espanhola Iberia, que começou esta semana, já causou um belo estrago: 37% dos 334 voos programados do dia 23, inclusive os trajetos de ida e volta que unem a capital espanhola à cidade de São Paulo. Os pilotos convocaram, há um mês, 30 dias de greve (todas as segundas e sextas entre o último dia 9 de abril e o próximo dia 20 de julho) em protesto contra a Iberia Express, que começou a operar no último dia 25 de março. Esses 30 dias de greve são a continuação de outro rodízio de interrupções convocado pelos sindicatos de pilotos da Iberia pelo mesmo motivo entre dezembro e fevereiro.
Cerca de 200 funcionários de uma fábrica chinesa controlada pela Foxconn, principal fabricante de produtos da Apple, ameaçaram saltar do alto de um edifício em protesto pelos baixos salários, na sexta. O protesto aconteceu em Wuhan, no centro da China. A ameaça ocorre um mês depois da Foxxconn e Apple anunciarem um acordo histórico quanto à melhora das condições de trabalho. As más condições de trabalho apontadas pelos funcionários chineses parecem se replicar no Brasil. Os 2.500 funcionários da empresa no país ameaçam entrar em greve a partir do dia 3, quinta-feira, caso alguns problemas não sejam resolvidos na unidade de Jundiaí da empresa. Falta d´água na unidade, má qualidade da alimentação e do transporte oferecido pela unidade são algumas das reclamações.
Em março, a Fiat teve de suspender novamente a produção em duas unidades na Itália por conta de uma greve de transportadores, ainda sem sinais de acabar. As produções focaram suspensas por três dias e, na unidade de Pomigliano d'Arco, por dois dias. Em Cassino, a empresa fabrica o Fiat Bravo hatchback, o Alfa Romeo Giulietta hatchback e o Lancia Delta, uma mistura de sedã com perua. A greve, que já dura um mês, está sendo realizada pelos motoristas que transportam carros recém-fabricados a partir de unidades da Fiat para concessionárias e outros lugares. A Fiat teve de suspender a produção em todas as cinco fábricas que possui na Itália em algum momento, ou em outro, desde que os problemas provocados pela greve na semana passada vieram a público.
Os cerca de sete mil trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) estão em greve desde a última segunda-feira. O CCBM não aceitou aumentar o valor da cesta básica de R$ 90 para R$ 300 e reduzir o período de visita às famílias de seis em seis para três em três meses, como pediam os trabalhadores. Em contraproposta, o consórcio aumentou o valor da cesta básica para R$ 110 e propôs um período de visita em menor intervalo, mas a redução passaria a ser contabilizada como adiantamento de férias, o que não agradou. Não houve acordo durante a audiência de conciliação na Vara da Justiça do Trabalho em Altamira (PA), realizada na quinta. Na quarta-feira, dia 25, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, em decisão liminar, considerou a greve dos trabalhadores ilegal e, por isso, os trabalhadores devem voltar da greve na quarta, dia 02 de Maio.
Cerca de 8000 trabalhadores de uma fábrica de display da LG na China entraram em greve para protestar contra discriminação racial pelo recebimento do bônus de fim de ano, em dezembro. Os funcionários da companhia na Coreia receberam bônus seis vezes maior que o pago pela empresa no país chinês. Os trabalhadores chineses receberam bônus equivalente a um mês de trabalho, a companhia fez uma proposta para pagar bônus de dois meses de salário, mas os trabalhadores não aceitaram, pois queriam o mesmo valor pago aos funcionários coreanos.
Os funcionários da Celpa, distribuidora de energia elétrica paraense do Grupo Rede Energia, decidiram fazer uma greve de 48 horas, em março, para protestar contra o não pagamento de parcela do Plano de Cargo de Carreira e Salários (PCCS) por parte da Celpa e para pedir a federalização da empresa. Os trabalhadores protestavam também em relação "à gestão equivocada" que levou a distribuidora de energia elétrica à atual situação, que culminou no pedido de recuperação judicial na semana passada. Por estar sob recuperação judicial, a empresa está impedida de realizar pagamentos que ficaram em aberto até 28 de fevereiro. O sindicato dos Urbanitários representa os empregados da Celpa, que tem cerca de 2.100 trabalhadores em seu quadro próprio.
Depois de cinco meses de paralisação, os 380 operários de uma usina siderúrgica grega se tornaram símbolo das lutas sindicais do país. A greve começou quando os trabalhadores denunciaram os planos da empresa de despedir metade dos funcionários ou diminuir os salários. A usina de Halyvourgia Ellados de Aspropyrgos localiza-se à beira da estrada que atravessa a zona industrial entre Atenas e Corinto. A greve – ‘a mais longa da Europa dos últimos anos, talvez desde as britânicas dos anos 1980', como descreveu um funcionário - está recebendo demonstrações de solidariedade de todo o país. Olheiras, barbas por fazer e o cansaço de noites em claro marcam os rostos dos operários paralisados às portas da usina, homens acostumados a trabalhar com fogo e aço.
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