André Esteves, fundador do BTG Pactual: depender muito dele é um dos pontos críticos do banco (Arquivo)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2012 às 11h49.
São Paulo – Candidato a protagonizar uma das maiores aberturas de capital do Brasil, o BTG Pactual, banco de investimentos fundado por André Esteves, também tem seus pontos fracos.
No prospecto da oferta, a instituição relaciona cinco riscos a que está exposta. Caso algum deles ocorra, o banco admite que pode sofrer fortes perdas, ou, pelo menos, comprometer sua competitividade no mercado.
Sem dúvida, seria uma grande frustração para os investidores, que podem aportar de 2,6 bilhões a 4,1 bilhões de reais na abertura de capital – segundo a faixa de preços estimada pelos coordenadores do IPO.
Veja, a seguir, os cinco principais riscos a que o BTG Pactual está exposto:
1. Grande dependência de seus principais sócios
Um banco de investimentos é, antes de tudo, baseado na capacidade de atrair o dinheiro de grandes investidores, como milionários e fundos de pensão. Essa habilidade depende, sobretudo, da boa rede de relacionamento de seus membros.
Um risco do BTG Pactual é, justamente, depender muito da rede de contatos de seus principais sócios (chamados no prospecto de partners sêniores). “Se qualquer partner sênior ingressar em um atual concorrente ou constituir uma empresa concorrente, alguns dos nossos clientes poderão optar por utilizar os serviços desse concorrente”, admite o banco – e não há nenhuma garantia de que as cláusulas de não concorrência sejam respeitadas nesse caso.
2. Perder talentos para a concorrência
Ser abandonado por um sócio principal não é o único temor do banco. O mercado financeiro está cada vez mais competitivo, e perder talentos para a concorrência também pode comprometer o negócio. A lógica é a mesma: um banco de investimentos depende, sobretudo, da rede de contatos de seus profissionais para a atração de recursos para as suas carteiras.
“Nossos profissionais são o nosso ativo mais importante, e o nosso sucesso contínuo (incluindo nossa capacidade de competir de forma eficaz em nossos negócios) é extremamente dependente dos esforços de todos os nossos partners”, afirma o prospecto.
3. Ninguém tem bola de cristal
A lógica de um banco de investimentos é aplicar os recursos captados em diversos ativos, como ações, câmbio e títulos de renda fixa. Para proteger seus clientes, a instituição adota uma série de cuidados para evitar uma exposição excessiva ao risco, que vão de ferramentas de modelagem estatística a análises qualitativas e muito mais.
O problema é que não há garantia de que elas funcionem em 100% dos casos. “Essas ferramentas e métricas qualitativas poderão falhar nas previsões de exposições a riscos futuros”, adverte o banco. As razões para uma eventual falha variam de imprecisões no próprio modelo, até a falta de boas informações de empresas ou setores analisados.
4. Sucesso passado não indica, necessariamente, sucesso futuro
“O investidor deve ter em mente que o desempenho histórico não é necessariamente um indicativo de resultados futuros e não há nenhuma garantia de que atingiremos resultados semelhantes”, diz o prospecto.
Segundo o banco, as condições econômicas “não são previsíveis” e mudanças bruscas de cenário podem comprometer os planos de aplicação dos recursos.
5. Os prejuízos podem ser bem pesados
Todo banco de investimento sabe que o humor do mercado pode mudar do dia para a noite. O BTG Pactual afirma que possui “posições consideráveis” – isto é, muito dinheiro aplicado – em câmbio, ações, renda fixa e commodities no Brasil e no exterior (principalmente, nos Estados Unidos).
Para se proteger, o banco adota uma série de posições compradas e vendidas, a fim de compor um hedge de ativos. Em alguns casos, como o das posições vendidas (quando o banco aposta que um ativo vai se desvalorizar), “uma alta nesses mercados poderia nos expor a prejuízos potencialmente ilimitados.”