Linha de produção da Usiminas: entrada da Ternium no controle da companhia é movimento mais recente anunciado pela siderúrgica (DOMINGOS PEIXOTO/EXAME)
Daniela Barbosa
Publicado em 28 de novembro de 2011 às 15h03.
São Paulo – Na noite do último domingo, a compra de 27,7% das ações da Usiminas pela argentina Ternium foi mais um passo importante escrito na história da siderúrgica brasileira. A operação foi fechada por aproximadamente 5 bilhões de reais e envolveu a participação das empresas Votorantim e Camargo Corrêa na siderúrgica.
O negócio entre as companhias altera o grupo de controle da Usiminas que, a partir de agora, será composto por Nippon Steel, com 46,1% de participação, Ternium e empresas incorporadas, com 43,3%, e Caixa dos Empregados da Usiminas, com 10,6%.
Além da mudança no controle, a operação também afasta qualquer possibilidade de a CSN avançar na Usiminas.
No último ano, o empresário Benjamin Steinbruch, dono da siderúrgica, aos poucos aumentou a participação da CSN na Usiminas, chegando a deter 20,14% das ações preferenciais (com direito a voto) e 11,66% das ações ordinárias.
Além da disputa acirrada pelo controle da siderúrgica, outros fatos marcaram e mudaram a história da Usiminas ao longo do tempo. Veja, a seguir, 6 deles:
Privatização
Sem dúvida, a desestatização da Usiminas foi um dos passos mais importantes na história da siderúrgica. Foi a partir da privatização que a companhia começou a ter novo foco empresarial e a se posicionar no mercado siderúrgico de forma mais competitiva.
A privatização da Usiminas aconteceu em outubro de 1991. A siderúrgica foi a estatal brasileira que deu o pontapé inicial ao Programa Nacional de Desestatização (PND).
Compra da Cosipa
Ainda na década de 90, controladores da Usiminas, por meio de um leilão promovido pela Bovespa, privatizaram também a Cosipa. A compra da siderúrgica foi importante na história da Usiminas, pois foi o primeiro passo dado rumo ao processo de consolidação da companhia.
Apesar de a operação ter sido fechado em 1993, a Cosipa foi formalmente integrada à Usiminas somente em 2005 e seu nome alterado para Usiminas três anos atrás.
Investimento em mineração
Desde 2008, a Usiminas começou a investir em mineração. A decisão é considerada estratégica pelo mercado e é também um dos passos mais importantes dados pela siderúrgica, pois sinaliza uma nova fase de suas operações, além da diversificação do portfólio.
Sem deixar de lado sua principal atividade, a ideia da Usiminas de criar um braço de mineração era baseada em atrair um sócio estratégico, que pudesse ter participação relevante na nova empresa e realizasse investimentos para que o negócio prosperasse. O que mais tarde de fato aconteceu com a entrada da companhia japonesa Sumitomo.
Neste ano, a Usiminas anunciou investimentos na ordem de 4 bilhões de reais no seu braço de mineração a fim de atingir a produção de 29 milhões de toneladas de minério de ferro até 2015.
Chegada da Sumitomo
Em junho do ano passado, a Usiminas vendeu 30% de seu braço de mineração à companhia japonesa Sumitomo por mais de 1,9 bilhão de dólares.
A estratégia já estava nos planos da Usiminas. Na ocasião, a siderúrgica chegou a afirmar que parte do valor iria para o financiamento da expansão da mineradora.
Venda de participação na Ternium
A relação entre a Ternium e Usiminas é antiga. No passado, a siderúrgica brasileira já teve uma participação relevante na companhia argentina, que foi desfeita em fevereiro deste ano.
A Usiminas possuía quase 15% do capital da Ternium.
No começo deste ano, a Ternium recomprou, por 1, 03 bilhão de dólares, todas as ações em poder da Usiminas.
Multa milionária por formação de cartel
Em 1996, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acusou a Usiminas, Cosipa e CSN por formação de cartel. Na época, foi aplicado às companhias multa de cerca de 50 milhões de reais.
A decisão do Cade foi baseada em um parecer da Secretaria de Direito Econômico (SDE), vinculada ao Ministério da Justiça, que afirmava que as três siderúrgicas trocaram informações na fase em que estavam estudando o reajuste de preços.
No ano passado, o Cade conseguiu vitória no processo e as siderúrgicas tiveram que pagar o valor da multa corrigido.