Garrafas de Heineken em fábrica na Hungria (Akos Stiller/Bloomberg)
Tatiana Vaz
Publicado em 26 de fevereiro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2017 às 07h26.
São Paulo – Dizem que o ano começa depois do Carnaval – mas 2017 já provou que isso não é verdade para o mundo dos negócios.
Do primeiro dia do ano até hoje, muitos grandes negócios foram fechados, fusões foram feitas, estratégias anunciadas, prova de que muito ainda deve acontecer neste ano.
Separamos cinco notícias que foram bombásticas para as empresas, seja pela grandiosidade dos valores envolvidos ou pelas mudanças que elas devem gerar para alguns setores. Veja a seguir:
Heineken
Ford cancela investimentos no México
O ano de 2017 começou com Donald Trump assumindo a presidência dos Estados Unidos, simplesmente um dos cargos de maior responsabilidade social e econômica do planeta.
Cinco dias depois, a Ford, seguida pela GM, cancelou os investimentos que faria em uma nova fábrica no México, resultado de uma ameaça de Trump aumentar impostos ao setor para as montadoras que investissem fora dos Estados Unidos.
Toyota e BMW também sofreram ameaças e ainda não se posicionaram.
Por que é bombástica?
Com a recessão do mercado americano, a preocupação é que as montadoras tenham de cortar despesas em operações de outros países, além de investimentos, enquanto aguarda o mercado americano se recuperar.
Heineken compra Brasil Kirin
Em 13 de fevereiro, a Heineken pagou 664 milhões de euros pela segunda maior cervejaria do país, atrás da Ambev.
A companhia já anunciou que o Brasil será o seu maior mercado e ainda não divulgou se manterá todas as fábricas e marcas – que incluem refrigerante e água, produtos que a Heineken não possui em seu portfólio fora do país.
Por que é bombástica?
A aquisição deve trazer mudanças no mercado, especialmente para a Ambev, que domina com folga o mercado de cervejas, mas seus resultados só pioram – e com a Heineken fortalecida, a situação pode complicar mais (o que pode ser muito bom para os consumidores de cervejas das marcas)
A fome do 3G Capital
Em 21 de fevereiro, o Burger King, controlado pelo fundo 3G Capital, pagou US$ 1,8 bilhão de pela rede de frango frito Popeyes, nos Estados Unidos.
O curioso é que a compra aconteceu no dia seguinte do fundo ter ofertado US$ 143 bilhões pela Unilever por meio da Kraft Heinz, que também pertence ao fundo controlado pelos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira e pela Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett.
Por que é bombástica?
Se o ano começou com a oferta de compra da Unilever pela Kraft, é bem provável que a fome de aquisição do 3G Capital não acabe tão cedo. Se seguir assim, há uma chance de no futuro boa parte do que comemos e bebemos no mundo estarem nas mãos de um só negócio.
PDG pede recuperação judicial
O setor de construção está em um momento delicado há algum tempo, com mercado retraído, crédito escasso e taxa de desemprego aumentando no país.
Entre as 22 construtoras de capital aberto, que somam quase metade de todo o setor em faturamento, a Viver foi a primeira a pedir recuperação judicial, seguida pela PDG, no dia 22.
O barulho causado por essa segunda notícia, no entanto, foi sem comparação – proporcional ao tamanho que a PDG já teve em um passado não tão longínquo: a construtora já reinou na liderança do setor inteiro, na frente das tradicionais Cyrela e Gafisa, com lançamentos que fecharam a R$ 9 bilhões ao ano.
Por que é bombástica?
A preocupação de analistas e alguns empresários do setor ouvidos por EXAME.com é de a notícia complicar ainda mais a vida das demais empresas do ramo, cuja credibilidade é essencial – especialmente em um momento de falta de confiança na economia como um todo.
A maneira como a empresa vai lidar com os distratos ainda não pagos, atrasos de obras e pagamento de demais credores é o que fará a diferença.
Novo comando na Vale
Na última sexta, dia 24, Murilo Ferreira deixará o comando da Vale em maio, quando deverá ser substituído. As ações da empresa responderam com queda na bolsa.
A especulação sobre a sua saída da mineradora ganhou força em outubro deste ano. A decisão já teria sido tomada pelo governo, que está no bloco de controle por meio da BNDESPar e Previ. O Bradesco, outro sócio relevante, já teria sido avisado desde então.
Em junho, o presidente Michel Temer, ainda como interino, teria voltado atrás com a ideia de fazer uma mudança no comando da Vale, por medo de passar a impressão de que estava aparelhando uma empresa privada, como teria feito o governo anterior.
Por que é bombástica?
Especulações sobre quem poderia substituir Murilo começaram no mesmo dia. Mas a questão é que, até uma definição chegar, os papéis da companhia devem oscilar com os boatos – situação que traz impactos para o ibovespa e outros índices.