50,45% é a parte que pertencia à ala da família representada por Adriano Schincariol que foi vendida por 4 bilhões de reais para a Kirin (Alexandre Battibulgi/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2011 às 11h19.
* Atualizada às 11h19, desta sexta-feira (14)
São Paulo – Quando crescer com as próprias pernas fica difícil, é mais do que comum que empresas procurem uma parceria. Afinal, grandes grupos conseguem ser mais competitivos, líderes de mercado e, claro, diminuem seus gastos. As fusões e aquisições têm se acelerado a cada ano e se torna mais comum a associação de empresas nacionais a grupos estrangeiros.
Se, por um lado, essas transações mostram a força da economia brasileira, que atrai cada vez mais investidores, por outro, alimentam o interminável debate sobre o que é melhor para o país: fortalecer as empresas nacionais, ou permitir que sejam vendidas a estrangeiros mais competitivos em um determinado setor. A última delas é a Schincariol, que foi vendida à japonesa Kirin por 4 bilhões de reais. Veja outros exemplos de empresas de DNA nacional que passaram para o controle estrangeiro recentemente.
Schincariol
A segunda maior cervejaria do país vendeu seu controle para os japoneses da Kirin, que pagaram 4 bilhões de reais por 50,45% do capital da empresa. A operação provocou desavenças entre os sócios da Schincariol. Os irmãos Alexandre e Adriano venderam sua parcela aos japoneses, o que desagradou seus primos Gilberto e Daniela, detentores do restante da empresa. Eles afirmam que tinham o direito de comprar a parcela dos irmãos antes da venda à Kirin – considerada a sexta maior cervejeira do mundo. Depois de sucessivas ações na Justiça, a venda foi permitida e os japoneses devem assumir a Schincariol ainda nesta semana.
A empresa foi fundada em 1939, em Itu, no interior de São Paulo. Inicialmente produzia apenas licor de cacau, groselha, conhaque e refrigerantes. Apenas em 1989, a Schincariol começou sua produção de cerveja. A partir daí, o negócio cresceu com a aquisição de outras marcas como Cintra, Nobel, Devassa, Baden Baden e Eisenbahn. Com 13 fábricas em 11 estados. Em 2010, teve lucro líquido de 54 milhões de reais e receita líquida de quase 2,9 bilhões de reais.
Pão de Açúcar
A rede de Abílio Diniz passará para as mãos dos franceses do Casino em 2012, segundo prevê o acordo de acionistas firmado entre as empresas. Em 2005, Diniz tirou toda a sua família do capital do Grupo Pão de Açúcar e vendeu metade do controle da companhia para o grupo varejista francês Casino, com o qual já tinha um acordo acionário desde 1999.
A última tacada de Abílio Diniz para continuar no controle foi a negociação da compra da unidade brasileira do Carrefour, sem avisar os sócios do Casino. Os franceses não gostaram nada dessa tentativa feita sem consultá-los, afinal o Carrefour é rival do Casino na França. Resultado: o plano de Abílio naufragou e só piorou a relação dele com os sócios.
O Pão de Açúcar é o maior varejista do país. Fundado em 1948, o grupo controla hoje as Casas Bahia, Ponto Frio, Assaí e Sendas, além de ter criado marcas como Extra, Extra Fácil e CompreBem. No segundo trimestre do ano, o Pão de Açúcar teve lucro líquido de 91 milhões de reais – um salto de 64% em relação ao mesmo período de 2010.
TAM
A maior companhia aérea do Brasil anunciou sua fusão com a chilena Lan para dar origem à Latam, a maior empresa do setor na América Latina. De tão complexa, a operação anunciada em agosto de 2010 só foi aprovada pelas autoridades chilenas em setembro e ainda espera decisão dos órgãos brasileiros. Apesar de ser uma fusão, o controle da Latam -- que terá as duas empresas sob sua guarda -- fica com Enrique Cueto atual vice-presidente da LAN. O atual vice-presidente do conselho de administração da TAM, Mauricio Rolim Amaro, será o presidente do conselho de administração da LATAM. O acordo prevê que os controladores de cada empresa, no entanto, mantenham seu controle.
Até chegar ao topo do mercado brasileiro, a TAM percorreu um longo caminho. Quando surgiu em 1961, a Táxi Aéreo Marília fazia o transporte de cargas e de passageiros entre o Paraná, São Paulo e Mato Grosso. Seis anos depois o empresário Orlando Ometto comprou a empresa e mudou seu perfil. Em 1971, o comandante Rolim Amaro, que já havia trabalhado na companhia, foi convidado por Ometto para ser sócio minoritário da empresa, com 33% das ações. No ano seguinte, o piloto adquireiu metade das ações da TAM e assumiu a direção da empresa. O ano de 1976 marca o surgimento da TAM como é conhecida hoje. No segundo trimestre deste ano, a TAM registrou lucro líquido de 60,3 milhões de reais e reverteu as perdas do mesmo período de 2010, quando teve prejuízo líquido de 174,8 milhões de reais.
GBarbosa
O crescimento da rede sergipana despertou a atenção da chilena Cencosud. A brasileira, hoje a quarta maior do setor, foi vendida à varejista chilena em 2007. O GBarbosa foi fundado em julho de 1955 pelos irmãos Gentil e Noel Barbosa. A princípio, tratava-se de uma mercearia que vendia secos e molhados, no centro da capital sergipana. Além da GBarbosa, a Censocud comprou, em outubro passado, a mineira Bretas, então a sétima maior rede de supermercados do país, com faturamento de 2 bilhões de reais. Seis meses antes, já havia comprado a Perrini, que tem sete lojas em Salvador, por 30 milhões de reais.
Cia Nacional de Açúcar e Álcool
A britânica BP comprou, em março, a Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA), produtora brasileira de etanol e açúcar por 680 milhões de dólares (cerca de 1,1 bilhão de reais) para adquirir 83% das ações da CNAA e refinanciar 100% das dívidas de longo prazo da companhia.
Com a aquisição, a BP se tornou operadora de duas usinas localizadas em Goiás e Minas Gerais. Há uma terceira usina da CNAA em desenvolvimento em Minas Gerais. A capacidade combinada de moagem das três usinas, quando em plena operação, está estimada em 15 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. A capacidade de produção anual de cada usina será de cerca de 480 milhões de litros de etanol equivalentes.