Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino: conheça algumas histórias de mulheres empreendedoras (uzenzen/Getty Images for National Geographic Magazine)
Repórter de Negócios
Publicado em 19 de novembro de 2023 às 15h00.
Última atualização em 21 de novembro de 2023 às 11h15.
Mulheres recebem menos apoio para abrir ou gerir pequenas empresas do que os homens, mostra pesquisa divulgada pelo Sebrae no Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, celebrado neste domingo, 19 de novembro.
De acordo com o levantamento, as donas de negócios dedicam menos horas às suas empresas pois utilizam praticamente o dobro de tempo do que os homens nos cuidados com familiares e com afazeres domésticos.
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Apesar disso, o número de mulheres empreendedoras vem crescendo no Brasil. De acordo com o estudo realizado pelo Sebrae com base nos dados divulgados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de empreendedoras em relação ao total de negócios chegou a 34,4% em 2022, totalizando 10,3 milhões de mulheres donas de seus próprios negócios.
Para inspirar mulheres a empreenderem, separamos algumas histórias de executivas que se desafiaram e inovam no mercado de startups.
Enxergando que na maioria das vezes, o apoio vem do próprio grupo feminino, Mariana Paixão, cofundadora e CEO da Melvi, healthtech que conecta pacientes à médicos especialistas, presencialmente, em cinco minutos e sem mensalidade, sentiu na pele a importância da representatividade e suporte de outras mulheres.
“Tenho 40 anos, então vi a representatividade das mulheres no mercado financeiro aumentando com a minha geração. Quando entrei no fundo em Boston, havia seis mulheres investidoras, e desde a minha entrada, praticamente duplicou. E ainda somos pouco representadas", diz.
"Na minha visão, mulheres atraem mulheres, uma vez que possuem mais facilidade em ter empatia e aplicar motivação. Então eu me cerco dessas que estão em posições de liderança, até para abrirmos nossas fragilidades e falar sobre a vida real, dos desafios que encontramos nessa jornada”, explica a executiva.
E os desafios são muitos. Jornada tripla, remuneração injusta, racismo, preconceito, mansplaining, manterrupting, entre tantos outros, situações acumuladas por gerações em que a figura masculina tinha a palavra final.
Saville Alves, Sócia e Líder de Negócios da SOLOS — startup nordestina de impacto socioambiental —, é uma mulher nordestina, que mora na Bahia, e começou a empreender aos 25 anos, em um segmento bastante masculino. Para ela, apesar do cenário parecer impenetrável, as mulheres que têm ocupado posições de liderança estão conseguindo puxar outras, o que busca fazer na companhia.
“Hoje tenho um quadro de mais de 70% de mulherzces no time e 100% de mulheres na liderança. Além disso, as mulheres gestoras têm também apresentado que soft skills socialmente mais atribuídas a nós, como a colaboração, empatia e a criatividade, são elementos fundamentais para a nova economia e novas tendências de mercado.”, diz.
O encontro feminino é tão fundamental para consolidar o apoio de mulheres para mulheres, que Mariana Dias, CEO e cofundadora da Gupy - empresa líder em soluções para RH no Brasil - criou a Máfia do Moscatel.
O projeto começou há três anos como um café da manhã em sua própria casa e hoje reúne mais de 60 fundadoras de startups em tração, que se encontram recorrentemente para estimular um ambiente seguro para trocas, networking, mentorias e compartilhamento de conhecimentos, impulsionando o potencial de cada uma.
Formada em Engenharia da Computação pelo ITA, que até os anos 2000 não aceitava mulheres, Ludmila Pontremolez, cofundadora e CTO da Zippi — fintech que entrega capital de giro semanal para micro e pequenos empreendedores — vivenciou em sua jornada acadêmica e profissional, ambientes predominantemente masculinos e quando decidiu empreender, a ideia de servir como um modelo de referência para mulheres interessadas na área de tecnologia foi motivação.
“Ao longo dos últimos 10 anos percebo que houve um aumento gradual na presença de mulheres na tecnologia, mas os avanços continuam sendo lentos. Quando observamos o cenário empreendedor no Brasil, é notável a baixa representatividade feminina também", diz CTO de Zippi.
"Apenas o fato de ocupar posições de liderança em um setor predominantemente masculino é uma quebra de paradigma, já que muitas pessoas com quem interagimos nunca tiveram a oportunidade de ver uma mulher desempenhando esse papel”.
55,6% das empreendedoras têm planos para expandir seus negócios
Além disso, dados da pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), 83% das empresárias possuem, pelo menos, metade do quadro de colaboradores formado por grupos femininos. Já nos negócios chefiados por homens, o número cai para 63%.
Esse é o caso da Pina — house de storytelling e PR — que foi criada pelas empreendedoras Jennifer Queen e Anne Fadul. Até julho deste ano, a empresa era composta por times inteiramente femininos.
“Queremos (e estamos!) construir uma companhia que motive as nossas pinadas, como nos chamamos carinhosamente. Tanto eu quanto a Jennifer buscamos ser um suporte, para que possamos nos desenvolver juntos. Nos propomos a oferecer um espaço seguro e de escuta ativa e qualificada, apoiando a jornada de cada mulher", diz Anne Fadul.