Mais do que nunca, a competitividade das empresas está intimamente relacionada à capacidade da liderança de pensar e repensar estrategicamente seus modelos de negócios (PM Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2022 às 08h00.
Mais do que nunca, a competitividade das empresas está intimamente relacionada à capacidade da liderança de pensar e repensar estrategicamente seus modelos de negócios.
As pequenas e médias empresas enfrentam um ambiente altamente competitivo, muitas vezes dominado pelas grandes empresas, permeado por turbulências no cenário econômico e político, frequentes mudanças no comportamento dos clientes e transformações tecnológicas cada vez mais aceleradas que impõem fortes pressões aos modelos de gestão empregados pelas organizações.
Esse mundo dinâmico exige dos líderes constante capacidade de se reinventar e repensar a estratégia, que deve ser traduzida em um modelo de gestão – com controles nos níveis estratégico e operacional.
Assim, tão importante quanto o planejamento estratégico é o processo de execução. O cenário planejado muda o tempo todo: a liderança ter foco também na execução estratégica passa a ser de suma importância para garantir o aprendizado e eventuais correções de rumo necessários para o alcance dos resultados almejados. Diante dessas circunstâncias, os líderes precisam se atentar para dois grandes desafios da Gestão Estratégica, caso queiram fazer sua empresa competitiva:
Segundo Ram Charam e Kaplan, muitas empresas, grandes, médias ou pequenas, falham na execução da estratégia. São muitas as razões, mas todas elas culminam com a capacidade da liderança de envolver e engajar emocionalmente os liderados.
Muitos fatores prejudicam o engajamento das pessoas como: má qualidade da estratégia; falta de conhecimento sobre a estratégia; falta de compreensão sobre a contribuição dos liderados à estratégia; falta de cobrança; falta de recursos; e despreparo da liderança. O estudo em pequenas e médias empresas permitiu estruturar cinco dicas para que os líderes dessas empresas trabalhem para aumentar a capacidade de execução e melhorar continuamente a qualidade da estratégia da empresa.
Em todos os casos, foi de suma importância envolver os liderados na discussão da grande ambição dos proprietários. Essa ambição está intimamente relacionada ao conceito de visão. Podemos entender visão de duas formas: algo que vislumbramos por meio de uma perspectiva mais atemporal e emocional; ou por meio de uma perspectiva objetiva de futuro, ou seja, o que queremos ser no futuro e como medir se estamos no caminho certo. A ambição deve estar alinhada a esse segundo aspecto.
É importante, em seguida, torná-la clara para todas as pessoas envolvidas no processo e resgatá-la sempre que for necessário. A ambição remete não apenas a números referentes à dimensão financeira do negócio, como também a aspectos subjetivos. A busca por reconhecimento é um forte driver de engajamento emocional: as pessoas são motivadas por fazer parte de algo maior e tendem a se envolver mais no processo de busca por resultados.
Estabelecer um diferencial estratégico é importante para definir o foco de atuação dos líderes e potencializar resultados em torno de expertises consolidadas. Permite a concentração de esforços de todos em torno de aspectos que efetivamente levarão à concretização da ambição da empresa.
O diferencial pode envolver a escolha de determinados focos estratégicos de crescimento, a busca por maior eficiência ou a busca por um posicionamento estratégico único e sustentável. Focos estratégicos de crescimento são avenidas que a empresa percorrerá para crescer, quais produtos ou serviços desenvolverá e em quais mercados ou segmentos atuará.
O posicionamento envolve essencialmente a forma como a empresa ou marca é vista pelo mercado. Por fim, o diferencial baseado na eficiência busca excelência operacional. Esse é o olhar da liderança para dentro da empresa.
A disciplina na execução diz respeito ao cumprimento do plano de ação derivado do planejamento ou das correções de rumo identificadas. O que mais observamos são líderes preocupados exclusivamente com as tarefas cotidianas, de curto prazo, desconsiderando o plano estratégico traçado para a empresa. Não podemos permitir que o operacional nos consuma a ponto de negligenciar a estratégia. Os líderes precisam criar rituais mensais de acompanhamento da evolução da estratégia com os liderados.
É fundamental para que esforços sejam empregados em torno dos mesmos objetivos. Envolve não apenas o compartilhamento da ambição pelas pessoas da empresa, mas também a aderência dos processos e orçamento à estratégia definida.
É a partir das reuniões de resultado que a liderança consegue identificar falhas, lacunas e levantar quais pessoas e processos não estão conseguindo entregar o que se propõem ou quais tecnologias estão insuficientes para embasar as operações.
Outra ferramenta que precisa ser alinhada à estratégia é o orçamento. Ele é importante para alinhar a necessidade de recursos financeiros à execução da estratégia, na medida em que permite controlar custos, despesas, investimento e, principalmente, necessidade de capital de giro.
É importante ressaltar que há um certo encadeamento entre os fatores que compõem os segredos do sucesso da execução da estratégia. Sem assegurar a ambição, o diferencial, a disciplina e o alinhamento, não é possível construir um time campeão. O objetivo é garantir as pessoas certas, no lugar certo, estimuladas na medida certa, dando espaço para realizarem seu potencial.
O líder tem um papel crucial no engajamento emocional dos liderados, que deve ser conquistado por meio de uma ampla comunicação da estratégia e do desdobramento dessa estratégia para o nível individual, para que cada um entenda sua contribuição sobre o resultado global. Mas principalmente, por meio da inclusão de cada um na tomada de decisão das iniciativas que o afeta. Ora, se a participação é fundamental, a execução da estratégia inicia-se na definição da metodologia de planejamento: em que medida decidimos envolver ou não as pessoas em cada uma das etapas do processo, desde seu início.
É necessário ter em mente que a formação do time campeão é um processo contínuo, na medida em que se busca criar uma equipe capaz de aprender. Uma equipe que aprende é aquela que vai entendendo as reações do mercado e as formas como suas ações geram reações e contribuem para os resultados. Para essa equipe, o primeiro planejamento nem é tão relevante em termos de qualidade. A ideia é partir logo pra execução. Uma metodologia mais ágil permite um aprendizado constante e correções de rumo de forma mais veloz, melhorando a qualidade da estratégia.
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