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400 pessoas mais ricas do mundo ganharam US$ 92 bi em 2014

Entre os motivos para o aumento estão a queda dos preços da energia e a agitação geopolítica provocada pelo presidente russo


	Jack Ma, o criador do Alibaba: ele foi o maior ganhador
 (Daniel J. Groshong/Bloomberg)

Jack Ma, o criador do Alibaba: ele foi o maior ganhador (Daniel J. Groshong/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2014 às 08h42.

Moscou e Nova York - As pessoas mais ricas da Terra enriqueceram mais ainda em 2014. Elas adicionaram US$ 92 bilhões à sua fortuna coletiva com a queda dos preços da energia e a agitação geopolítica provocada pelo presidente russo, Vladimir Putin.

A fortuna líquida dos 400 bilionários mais ricos do mundo era, no dia 29 de dezembro, de US$ 4,1 trilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index, um ranking diário das pessoas mais ricas do mundo.

O maior ganhador foi Jack Ma, um dos fundadores da Alibaba Group Holding Ltd., a maior empresa de comércio eletrônico da China.

Ma, ex-professor de inglês que em 1999 fundou a empresa com sede em Hangzhou no seu apartamento, adicionou US$ 25,1 bilhões à sua fortuna graças ao crescimento de 56 por cento das ações da companhia desde sua abertura de capital em setembro.

Ma, 50, com uma fortuna de US$ 28,7 bilhões, ultrapassou Li Ka-Shing como a pessoa mais rica da Ásia por um breve tempo.

“Eu só posso me sentir feliz quando jovens da China se saem bem”, disse Li, 86, através de sua porta-voz em Hong Kong.

As ações mundiais aumentaram em 2014. O MSCI World Index avançou 4,3 por cento durante o ano e encerrou a 1.731,71 no dia 29 de dezembro.

O Standard and Poor’s 500 Index aumentou 13 por cento para fechar a 2.090,57. O Stoxx Europe 600 cresceu 4,9 por cento e encerrou a 344,27.

Outros dois entre os maiores ganhadores do ano foram Warren Buffett e Mark Zuckerberg dos EUA. Buffett, presidente da Berskhire Hathaway Inc., somou US$ 13,7 bilhões à sua fortuna líquida porque a empresa com sede em Omaha, Nebraska, ganhou 28 por cento com a produção de lucros recordes nas dezenas de empresas operacionais compradas pelo homem de 84 anos nas últimas cinco décadas.

Gates, Slim

Buffett superou o bilionário mexicano das telecomunicações Carlos Slim no dia 5 de dezembro ao se tornar a segunda pessoa mais rica do mundo.

A fortuna de Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft Corp., cresceu US$ 9,1 bilhões durante o ano. O homem de 59 anos continua sendo a pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna de US$ 87,6 bilhões.

Zuckerberg, o CEO da maior rede social do mundo que usa moletons, ganhou US$ 10,6 bilhões porque a empresa com sede em Menlo Park, Califórnia, bateu um recorde no dia 22 de dezembro.

Neste ano, o Facebook progrediu no setor de dispositivos móveis, um negócio que floresceu com o aumento das publicidades nos dispositivos e a expansão de iniciativas de marketing com aplicativos e vídeos.

A aquisição do Instagram pelo Facebook em 2012 por US$ 1 bilhão também vem rendendo frutos: um analista do Citigroup Inc. disse no dia 19 de dezembro que o aplicativo para compartilhar fotos vale US$ 35 bilhões.

Penúrias da Rússia

A empresa de Zuckerberg enfrentou um desafio na Rússia, onde o bloqueio de uma página do Facebook que promovia uma reunião de opositores ressaltou os desafios enfrentados pela rede social quando Putin apertou o cerco contra a internet em meio a uma iminente retração econômica.

A União Europeia e os EUA limitaram o acesso de empresas russas a financiamentos para punir Putin pela anexação da Crimeia em março. Os problemas da Rússia foram agravados pela queda do preço do petróleo, base da economia do país.

Ninguém foi mais afetado que Vladimir Evtushenkov. Outrora a 14ª pessoa mais rica da Rússia, o homem de 66 anos perdeu 80 por cento de sua fortuna, o que o deixou fora do ranking da Bloomberg.

Ele foi sentenciado a prisão domiciliar por um tribunal de Moscou em setembro depois de uma investigação por lavagem de dinheiro ligada à compra de US$ 2,5 bilhões de ações da produtora de petróleo OAO Bashneft.

Um de apenas alguns poucos russos entre as 400 pessoas mais ricas do mundo que enriqueceu em 2014 foi o bilionário do alumínio Oleg Deripaska, que ganhou US$ 1,6 bilhão porque sua empresa United Co. Rusal, com sede em Hong Kong, cresceu 122 por cento. Deripaska aumentou sua fortuna para US$ 8,2 bilhões. Ele é a 154ª pessoa mais rica do mundo.

Adelson cai

Bilionários russos não foram os únicos a sofrer perdas. Sheldon Adelson, o magnata do jogo que controla a Las Vegas Sands Corp., a maior empresa de cassinos do mundo, perdeu US$ 8,7 bilhões devido à queda de 25 por cento da empresa com sede em Las Vegas.

Segundo, depois de Adelson, em perdas vem Jeffrey Bezos, o presidente da Amazon.com Inc. O homem de 50 anos perdeu US$ 7,2 bilhões da fortuna porque a empresa com sede em Seattle perdeu território no mercado de computação em nuvem para a concorrente e vizinha Microsoft Corp.

As dez pessoas mais ricas da China incorporaram juntas quase US$ 48 bilhões neste ano. Na sequência do ganho de US$ 25,1 bilhões de Ma, os empreendedores da tecnologia Richard Liu, da varejista on-line JD.com, e Robin Li, da Baidu Inc., ganharam juntos US$ 8 bilhões.

O crescimento vertiginoso da Alibaba criou pelo menos três bilionários novos neste ano, entre eles Simon Xie, um dos fundadores da Alibaba e o segundo maior acionista da empresa financeira afiliada, que é dona da Alipay. Xie, 44, é dono de 9,7 por cento da Zhejiang Ant Small Micro Financial Services Group Co., a companhia controladora da Alipay, segundo fatos relevantes da empresa obtidos pela Bloomberg News.

Bilionários ocultos

A Bloomberg News descobriu 86 bilionários novos ou ocultos que nunca tinham aparecido em um ranking internacional de riqueza. Entre eles estão os seis herdeiros de uma fortuna de US$ 13 bilhões em Mônaco, revelados depois que a matriarca da família, Hélène Pastor, foi morta a tiros em um estacionamento em Nice, França, em maio.

A fortuna abrange duas linhas da família Pastor, que construiu grande parte dos edifícios de Mônaco e é dona de milhares de apartamentos na cidade-estado.

Carlos Pellas se tornou o primeiro bilionário da Nicarágua, reconstruindo a usina de açúcar de sua família e apostando os lucros em um novo banco, o BAC-Credomatic, que em 2005 era uma das maiores instituições financeiras da América Central. Ele vendeu o banco à General Electric Co. em uma transação realizada entre 2005 e 2010 por cerca de US$ 1,7 bilhão.

Entre outras fortunas que emergiram na América Latina há cinco bilionários do Brasil – Joesley, Wesley, Valere, Vanessa e Vivianne Batista – que criaram a maior produtora de carne do mundo gastando mais de US$ 17 bilhões em aquisições.

A empresa, a JBS SA, liderou o maior rali de ações do Ibovespa neste ano, com uma alta acumulada no ano de 30 por cento, alimentada pelo crescimento vertiginoso dos preços da carne e pela suspensão de uma proibição da Rússia contra as usinas de processamento de carne do Brasil.

Imóveis, juros

As propriedades imóveis são vistas como uma forma de os ricos continuarem enriquecendo em 2015.

“Pelo fato de que as taxas de juros continuarão baixas, poderiam existir algumas oportunidades, especialmente com imóveis residenciais na Europa”, disse Efrat Peled, presidente da Arison Investments, em entrevista por telefone do seu escritório em Tel Aviv.

Uma pergunta que paira sobre 2015 é se as taxas de juros continuarão baixas. A presidente da Reserva Federal, Janet Yellen, parece disposta a elevar as taxas de juros pela primeira vez em quase uma década, e os prognosticadores estão convencidos de que os yields dos títulos do Tesouro só podem subir.

Suas previsões de yields mais altos para o ano que vem são as mais marcadas desde 2009, quando os títulos de dívida dos EUA sofreram perdas recordes, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Supondo que os preços do petróleo continuarão baixos por algum tempo, esse é realmente um pacote de estímulo global”, disse John Benevides, presidente da consultoria de riqueza CTC myCFO LLC, com sede em Chicago, em entrevista por telefone.

“O caso do petróleo é um bom caso, vai ajudar a manter um apoio para os preços de ativos de risco e não vai provocar nenhuma corrida ampla para venda no mercado de títulos”.

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