American Airlines: reestruturação não vai impactar funcionamento da companhia (Wikimedia Common/Wikimedia)
Daniela Barbosa
Publicado em 29 de novembro de 2011 às 13h45.
São Paulo – Nesta terça-feira, o grupo AMR, dona da American Airlines, entrou com pedido de concordada nos Estados Unidos a fim de conseguir honrar suas dívidas no longo prazo. Durante o processo de reestruturação, a terceira maior companhia aérea americana, entretanto, vai continuar operando normalmente.
No começo do mês passado, a possibilidade de a companhia pedir ajuda à Justiça foi descartada pela própria empresa e por analistas que acompanham o mercado de aviação nos Estados Unidos. No entanto, rumores de que a American Airlines entraria a qualquer momento com pedido de falência voltaram a circular depois que a companhia apresentou resultados financeiros negativos no terceiro trimestre.
Apesar de encerrar o período com caixa de 4,8 bilhões de dólares, a American Airlines somou prejuízo de 162 milhões de dólares no terceiro trimestre, revertendo lucro de 143 milhões de dólares acumulado no mesmo período do ano anterior.
Segundo documento apresentado hoje a um tribunal de Nova York pela companhia, a dívida líquida da American Airlines totaliza 29,6 bilhões de dólares, já o total de seus ativos não chega a 25 bilhões de dólares.
Em nota, Thomas Horton, CEO da American Airlines, afirmou que a decisão é difícil, mas necessária para tornar a companhia mais eficiente, financeiramente fortalecida e mais competitiva para o futuro.
Veja, a seguir, 4 razões que levaram a American Airlines à beira da falência:
Endividamento com juros altos
A American Airlines acumula quase 30 bilhões de dólares em dívidas. O montante é superior ao total de ativos da companhia aérea, que valem cerca de 25 bilhões de dólares.
Se ter mais débitos mais elevados que o valor dos ativos já é sinal de problema, ter dívidas com juros altíssimos torna o impasse ainda mais grave.
Segundo analistas internacionais, a American Airlines paga um dos juros mais altos do mercado.
Em setembro, a companhia renegociou 725,7 milhões de dólares em dívidas e pagou a taxa de juros mais alta do mercado desde 2009.
Preço do combustível
Assim como no Brasil, o aumento de preço do combustível afeta companhias aéreas em todo mundo e com a American Airlines não seria diferente.
O prejuízo acumulado de 162 milhões de dólares no terceiro trimestre foi justificado pela alta de 40% no preço do combustível, segundo a própria companhia.
No primeiro trimestre do ano, a American Airlines já havia totalizado perdas de mais de 500 milhões de dólares pelo mesmo motivo.
Frota de aviões antiga
Recentemente, a American Airlines anunciou a compra de 460 aeronaves para renovar sua frota. O contrato fechado entre as fabricantes
Boeing e Airbus foi avaliado em cerca de 40 bilhões de dólares.
Com as aquisições, a American Airlines pretende reduzir em 15% os custos com combustível e manutenção. Hoje, boa parte da frota da companhia é composta por aviões antigos, que geram gastos maiores.
Custos trabalhistas elevados
A desvantagem da American Airlines com relação a outras operadoras no que diz respeito a custo da mão de obra soma cerca de 800 milhões de dólares.
A companhia é conhecida por ter gastos mais elevados com honorários na comparação com as demais concorrentes. Os custos acabam impactando os resultados da companhia.