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4 erros estratégicos da Peugeot, segundo o governo francês

Relatório aponta os erros da Peugeot que teriam contribuído para a necessidade de reestruturação da empresa; plano prevê cortes de 8.000 empregos no país


	Para o governo, Peugeot teria demonstrado "falta de ambição global"
 (Lionel Bonaventure/AFP)

Para o governo, Peugeot teria demonstrado "falta de ambição global" (Lionel Bonaventure/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2012 às 10h01.

São Paulo - No meio de julho, a Peugeot anunciou na França que deveria cortar 8.000 postos de trabalho e fechar uma fábrica no norte do país até 2014. O plano causou chiadeira: na época, o presidente francês François Hollande chegou a taxá-lo de inaceitável. A posição parece ter sido suavizada: ontem o governo divulgou um relatório em que afirma que "a reorganização industrial e o corte de empregos não é contestável, infelizmente".

Mas o texto não deixa de fazer ressalvas ao plano de investimentos tocado pela companhia ao longo dos anos. "Provavelmente, a empresa está pagando pelo seu tamanho modesto, resultante de um despertar tardio para a importância dos mercados emergentes", diz um trecho do relatório, assinado por Emmanuel Sartorius e encomendado pelo ministro da Indústria, Arnaud Montebourg. "Enquanto os concorrentes começaram uma expansão internacional a partir do final da década de 1980 e início da década de 1990, a Peugeot não dedicou os mesmos recursos para a tarefa."

Além da falta de investimento nas economias emergentes, confira outros três erros estratégicos da Peugeot que teriam, segundo o relatório do governo francês, contribuído para levar a empresa à encruzilhada de hoje:

Interesses familiares

Com 25% da companhia e 38% do poder de voto, a família Peugeot teria, na visão do governo, priorizado a distribuição de dividendos e a recompra de ações da companhia - o relatório estima que entre 99 e 2011 a montadora tenha reservado 6 bilhões de euros aos objetivos. Como resultado, o foco na expansão global teria ficado de lado.

Em comunicado, a Peugeot sustentou que a política não teria afetado de nenhuma forma seus investimentos nos negócios, que teriam ficado na casa de 39 bilhões de dólares entre 2000 e 2011.

Independência ao invés de crescimento

No primeiro semestre, a empresa registrou um prejuízo de 819 milhões de euros. Sua exposição excessiva ao mercado europeu - que não anda exatamente bem das pernas - teria contribuído sobremaneira para o resultado.


De acordo com o relatório do governo francês, a Peugeot "parece ter falta de ambição global". A companhia, que já ocupou o segundo lugar em vendas de carros no Velho Continente, está na atual oitava posição. Para o governo, a insistência da montadora em manter sua independência ao invés de buscar um parceiro para consolidar sua posição internacionalmente teria cobrado seu preço.

Neste ano, a Peugeot firmou uma parceria com a General Motors fora dos Estados Unidos. Mas sua rival Renault já teria abraçado estratégia semelhante com japonesa Nissan há mais de uma década. Em resposta, a companhia sustentou que até 2015, metade de suas vendas serão feitas fora da Europa.

A polêmica planta de Madrid

A Peugeot planeja encerrar as atividades de uma fábrica em Aulnay-sous-Bois, norte da França. A investida marcará o primeiro fechamento de uma planta de carros em 20 anos no país.

Embora não se mostre contrário à decisão, o relatório do governo questiona por que a unidade de Madrid não teria sido considerada para o "sacrifício". Segundo o texto, a planta espanhola teria inúmeras falhas, como a baixa capacidade de produção e o fato de ser distante dos fornecedores.

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