Hipermercado Extra: garoto de dez anos é discriminado por seguranças (Creative Commons)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2011 às 16h51.
São Paulo – Dizer que empresas são feitas, antes de tudo, de pessoas entra na categoria do “óbvio ululante” de Nelson Rodrigues. Mas tão óbvia – ou ululante – é a dificuldade das companhias em mudar comportamentos e cortar maus hábitos de seus funcionários.
É claro que, nem sempre, a alta direção de uma empresa está diretamente envolvida, ou mesmo incentiva, práticas de discriminação contra consumidores e clientes. Mas os casos a seguir, ocorridos neste ano, mostram que este é um assunto no qual as empresas não podem relaxar – sob pena de arranharem sua imagem e sofrerem punições bem concretas.
Sony Music é condenada por música do Tiririca
O palhaço Tiririca, deputado federal mais votado do país, está bem comportado no Congresso Nacional, mas sua carreira artística está rendendo dores de cabeça à Sony Music.
Em fevereiro de 2004, a gravadora foi condenada pela Justiça a pagar uma indenização de 300.000 reais a entidades de luta contra a discriminação. O motivo foi a divulgação da música “Veja os cabelos dela”, de Tiririca, no qual o agora parlamentar compara a cabeleira de uma mulher a palha de aço, entre outras gracinhas. No final de março deste ano, a Justiça determinou a revisão do valor a ser pago – que pode praticamente dobrar.
Metrô é multado por discriminar transexual
No início de maio, a Secretaria de Justiça e Defesa à Cidadania do Estado de São Paulo multou o Metrô paulistano em 87.250 reais por discriminar uma transexual. Em 2010, a mulher requereu um bilhete único especial no Metrô.
Ela apresentou um laudo médico com seu nome social (feminino) e seus documentos civis (com o nome masculino). Pela diferença das nomenclaturas, o funcionário do Metrô negou-se a emitir o bilhete. A Defensoria Pública do Estado entrou no caso, e a estatal foi punida.
Devassa é notificada por racismo em publicidade
Em 30 de maio, a cerveja Devassa foi notificada pelo Procon de Vitória por racismo. Uma de suas peças publicitárias exibia uma mulher negra em trajes sumários, ao lado do slogan: "É pelo corpo que se conhece a verdadeira negra."
Na ocasião, o Procon afirmou que a peça era “explicitamente desrespeitosa em relação às mulheres”. A cervejaria foi multada e obrigada a lançar uma campanha de contrapropaganda.
Extra, do Pão de Açúcar, indeniza garoto por racismo
Nesta quinta-feira (21/7), O Estado de S.Paulo noticiou que o Extra, uma das bandeiras do Grupo Pão de Açúcar, aceitou pagar uma indenização de 260.000 reais a um garoto de dez anos.
A criança foi abordada por seguranças do hipermercado, no bairro paulistano da Penha, sob a suspeita de que tivesse roubado produtos da loja. Levado a uma “sala reservada”, sofreu ofensas racistas e foi obrigado a ficar nu para ser revistado. O garoto só foi liberado quando os seguranças viram a nota fiscal da compra. Poderiam ter pedido antes, não?