São Paulo – Emprestar dinheiro para o seu cunhado, e ter consciência de que ele pode não te devolver, é uma coisa. Fazer grandes volumes de empréstimo ou prestar serviço para grandes empresas que, até então, tinham como pagar é outra completamente diferente. Os credores contam com os recursos que viriam da outra parte e o medo do calote os leva a perder o sono de tantas dúvidas sobre como tocar suas próprias contas e negócios. E, para aqueles listados em bolsa, ter de justificar ainda para os acionistas por que assumiram esse risco. Listamos, a seguir, algumas empresas que têm tirado a paz de alguns credores por situações diversas. Confira quais são elas.
Em meio à enxurrada de más notícias divulgadas nos últimos meses, os credores da empresa OGX, de Eike Batista, andam cada vez mais preocupados. A companhia foi listada com a terceira do mundo com o maior risco de dar calote, pela consultoria Kamura. Desde junho, vem realizando conferências com aqueles a quem deve, para esclarecer em que pé está a situação. Depois da notícia recente, de que companhia poderá ter de devolver o campo de Tubarão Azul, caso a Agência Nacional do Petróleo (ANP) o considere economicamente viável, deve ter exaltado ainda mais o ânimo dos credores.
Fornecedora de equipamentos para a indústria petrolífera, a Lupatechanunciou na sexta que deixou de pagar uma dívida de mais de 6,7 milhões de dólares no exterior. O montante é referente ao pagamento de juros aos titulares dos bônus perpétuos de sua subsidiária integral Lupatech Finance Limited e tinha vencimento no dia 10 de julho. "A Lupatech espera apresentar uma solução, de médio e longo prazo para a companhia, no menor tempo possível", disse a empresa, em nota.
A Imcopa, processadora de soja do estado Paraná, é outra que entrou com um pedido de recuperação judicial para tentar pagar suas dívidas com os bancos e fornecedores. O pedido foi feito para conseguir uma "solução final da estabilização de seu endividamento" e para obter uma "harmonização" de seu relacionamento com o sistema financeiro, afirmou a empresa por meio de comunicado.
Na tentativa de acertar as contas com os fornecedores, a Mabe Brasil, fruto da fusão da GE Dako com a área de refrigeração da CCE, em 2004, passou a renegociar suas dívidas, segundo a empresa admitiu para representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região no início do ano. Em maio, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial, pouco tempo depois de anunciar o fechamento de uma unidade fabrie em Itu, interior paulista.
O grupo Modelo, rede de supermercado forte no estado do Mato Grosso, também está sem saber como pagar seus credores e entrou com pedido de recuperação judicial em fevereiro. A empresa já negociou 60% da dívida de 170 milhões de reais que possui hoje com os bancos – calcula-se que 75% do montante tenha que ser pago para as instituições. Até agora, o pagamento de 102 milhões de reais foram negociados com 3.400 credores, 2.300 deles funcionários da companhia que teriam a promessa de receberem 2,3 milhões de reais da rede de supermercados.
Com uma dívida de milhões de reais prestes a vencer, o grupo Rede Energia não viu outra saída no ano passado se não a de pedir recuperação e começar a negociar o pagamento de parte do rombo com os credores, por meio de seus advogados. Na hipótese mais provável da época, eles receberiam 900 milhões de reais, o equivalente a 15% do que lhes era devido, como pagamento. Em junho, com apoio de parte desses credores, a empresa passou então a negociar a venda de seu controle para CPFL e Equatorial que, agora, depende da aprovação do juiz que cuida do processo. A Energisa propõe que 1,95 bilhão de reais que seriam recebidos na transação sejam alocados para o pagamento aos credores e 1,1 bilhão para investimento na empresa.
Há cerca de um ano, a livraria La Selva acumula dívidas com as maiores editoras brasileiras, somando uma dívida estimada em 1 milhão de reais. Mas, segundo uma reportagem da Folha de S. Paulo, a companhia deve muito mais no mercado – 120 milhões de reais. Tanto que, em junho, a livraria entrou com um pedido de recuperação judicial por não conseguir mais arcar com os pagamentos aos credores.
Em janeiro, a refinaria Manguinhos ingressou com pedido de recuperação judicial na tentativa de equacionar suas dívidas e poder continuar suas atividades. Um plano de como fazer isso foi apresentado aos credores em meados de março. A empresa teve dificuldade de operações causadas, entre outras coisas, pela alta de insumos devido ao câmbio.
Em fevereiro, a empresa de lácteos LBR entrou com pedido de recuperação judicial no Foro Central da Comarca de São Paulo, apesar de garantir, por meio de nota, que “vai honrar com os compromissos e efetuar os pagamentos em dia a funcionários e fornecedores”. A companhia afirmou que irá suspender os pagamentos "essencialmente a credores financeiros" e que isso garantirá que o aumento da eficiência e permanência dos 5.000 funcionários e 20.000 produtores entre seus fornecedores.
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