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Zimbábue comemora posse de seu novo presidente com cautela

A posse de Mnangagwa marcou o fim da crise no país, durante a qual milhares de cidadãos foram às ruas para exigir a saída de Mugabe

Zimbábue: ativistas e defensores dos direitos humanos comemoraram a queda do regime de Mugabe (Siphiwe Sibeko/Reuters)

Zimbábue: ativistas e defensores dos direitos humanos comemoraram a queda do regime de Mugabe (Siphiwe Sibeko/Reuters)

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EFE

Publicado em 24 de novembro de 2017 às 15h54.

Harare - O povo do Zimbábue que presenciou nesta sexta-feira a posse do seu novo presidente, Emmerson Mnangagwa, comemorou a primeira mudança na liderança do país em 37 anos, enquanto ativistas pedem cautela e lembram que o novo chefe de Estado é um dos principais aliados históricos de seu antecessor, Robert Mugabe.

No Estádio Nacional de Harare, que tem capacidade para 60 mil pessoas, o público ovacionou o novo chefe de Estado, que foi recebido com 21 salvas de honra e pelos aviões de combate e helicópteros das forças armadas, enquanto a rádio estatal falava sobre o "amanhecer de uma nova era".

"Felicidades, camarada presidente Mnangagwa", dizia um dos cartazes nas arquibancadas. Outras pessoas exibiam crocodilos de pelúcia, em alusão ao apelido do presidente.

O presidente da Suprema Corte do país, Luke Malaba, colocou em Mnangagwa o colar de ouro e a faixa presidencial verde, uma imagem inédita para boa parte do país.

A maioria do público era de pessoas nascidas depois da independência do Zimbábue (1980), por isso eles não conheciam outro presidente além de Robert Mugabe, de 93 anos, que renunciou no último dia 21, depois que o exército se levantou contra ele e tomou o controle do país.

A posse de Mnangagwa marcou o fim da crise no país, durante a qual milhares de cidadãos foram às ruas para exigir a saída de Mugabe, que foi abandonado pelo próprio partido do qual foi cofundador, a União Nacional Africana de Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF).

O futuro de Mugabe não está claro ainda, mas a imprensa local acredita que ele permanecerá no país após ter negociado imunidade em troca de sua renúncia.

Os militares retiraram hoje a ordem de prisão domiciliar que pesava sobre o agora ex-presidente, e libertaram o ministro das Finanças, Ignatius Chombo, que tinha sido detido por ser considerado um dos principais aliados da primeira-dama, Grace Mugabe, que pretendia se transformar na sucessora de seu marido no poder.

Foram precisamente Grace Mugabe e seus aliados que desencadearam a intervenção militar ao forçar a destituição de Mnangagwa como vice-presidente no último dia 6, ao considerá-lo como possível candidato à sucessão de Mugabe.

Os ativistas e defensores dos direitos humanos comemoraram a queda do regime de Mugabe, que acusam de manter uma política de repressão durante décadas, mas receberem com cautela a nomeação de um homem que, até a sua destituição, fez parte de todos os sucessivos governos comandados por Mugabe desde a independência.

A Associação para os Direitos Humanos do Zimbábue citou o analista político McDonald Lewanika, que disse que "o povo está confuso pelo que aconteceu no país, não sabe se foi um golpe ou não. O fato de estarem gostando do que está acontecendo hoje não quer dizer que vão gostar do que vai acontecer amanhã".

Mnangagwa garantiu hoje que governará para todos e que o bem do país está acima das ambições políticas. Também falou de segurança para os cidadãos, mas não de direitos humanos, por isso algumas vozes se levantaram contra ele no Twitter, pedindo liberdade de expressão e tolerância com a oposição.

Apesar da mudança na presidência, o Zimbábue seguirá nas mãos do ZANU-PF, o partido que governou o país nas últimas décadas.

Para o líder do principal partido da oposição, o Movimento pelo Mudança Democrática (MDC-t), Morgan Tsvangirai, houve uma mudança efetiva no país e o governo de Mnangagwa "não deve reproduzir o regime maléfico, corrupto, decadente e incompetente de Mugabe".

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