O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta quinta-feira que a Rússia está tentando prolongar as negociações de cessar-fogo para ganhar tempo e fortalecer sua posição, com a intenção de lançar novas ofensivas contra as regiões ucranianas de Zaporizhzhya (sudeste) e Kharkiv e Sumy (nordeste).

"Estão atrasando as negociações e tentando atolar os Estados Unidos em debates intermináveis ​​e inúteis sobre falsas 'condições' simplesmente para ganhar tempo e então tentar tomar mais território", escreveu Zelensky nas redes sociais após participar de uma reunião em Paris de países dispostos a contribuir para uma força de paz na Ucrânia.

O presidente ucraniano estava se referindo às condições que a Rússia estabeleceu para a implementação da trégua marítima negociada pelas partes em conflito com a mediação dos EUA na Arábia Saudita. Moscou exigiu o levantamento das sanções ao seu setor agrícola como condição para declarar um cessar-fogo no Mar Negro.

“Levantar sanções à Rússia agora seria um desastre para a diplomacia. Sanções são uma das poucas ferramentas reais que o mundo tem para pressionar a Rússia”, disse o líder ucraniano, que advertiu sobre a possibilidade de as sanções suspensas não poderem ser restabelecidas se Moscou violasse posteriormente o acordo de trégua.

Zelensky acrescentou que a Rússia busca mais prazo para "negociar território a partir de uma posição de força" e pediu à comunidade internacional que continue fortalecendo a Ucrânia militarmente e investindo em sua indústria de defesa.

Nesse sentido, insistiu que a Ucrânia precisa de 5 bilhões de euros da União Europeia (UE) para comprar munição de artilharia este ano e alertou que a indústria de armas ucraniana precisa de 20 de euros bilhões adicionais em investimentos para desenvolver ainda mais seu potencial.

Em relação à possível mobilização de um contingente militar na Ucrânia, composto principalmente por soldados europeus, para garantir o cumprimento de um futuro acordo de paz, Zelensky reiterou que é preciso decidir o mais rápido possível quais países contribuirão, onde as tropas serão mobilizadas e como reagirão se a Rússia as ameaçar diretamente.

"Precisamos de um plano claro, um plano com o qual todos possamos concordar e começar a implementar", declarou o presidente ucraniano.