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Zelensky diz que concordaria em conversar com Putin para acabar com a guerra

Na semana passada, presidente russo disse que Moscou dialogaria com Kiev, mas descartou a possibilidade de falar diretamente com líder ucraniano, chamado por ele de 'ilegítimo'

Agência o Globo
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Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 07h33.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que concordaria em conversar diretamente com o líder russo, Vladimir Putin, para pôr fim aos quase três anos de guerra entre os países. A declaração foi feita em uma entrevista ao jornalista britânico Piers Morgan, publicada nesta terça-feira no YouTube.

"Se essa for a única configuração em que possamos trazer paz aos cidadãos da Ucrânia e não perder pessoas, com certeza vamos optar por essa configuração", disse Zelensky ao ser questionado sobre como se sentiria se estivesse sentado à frente de Putin em uma mesa de negociações, acrescentando que a "quatro participantes".

Zelensky não especificou quem seriam os quatro participantes, mas Morgan falou anteriormente de possíveis conversas entre Rússia, Ucrânia, União Europeia (UE) e Estados Unidos.

"Não serei gentil com ele, eu o considero um inimigo. Para ser honesto, acho que ele também me considera um inimigo",  disse o líder ucraniano.

Efeito Trump

Os comentários foram feitos em meio à grande expectativa para que as negociações comecem desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca prometendo acabar com os combates, que completem três anos em 20 de fevereiro.

Na segunda-feira, Trump, um crítico ao financiamento americano a Kiev, condicionou o envio de ajuda ao país a vantagens como o fornecimento de terras raras aos EUA. As terras raras são um grupo de elementos considerados cruciais em indústrias como a aeroespacial e, no que parece interessar Trump, de alta tecnologia. A Ucrânia tem reservas consideráveis, e era uma das principais exportadoras europeias antes da guerra.

"Quero ter segurança para obter terras raras. Estamos investindo centenas de bilhões de dólares. Eles têm ótimas terras raras. E eu quero segurança para obter terras raras, e eles estão dispostos a fazer isso", disse Trump a jornalistas na Casa Branca. "Estamos procurando fazer um acordo com a Ucrânia, onde eles vão garantir o que estamos dando a eles com suas terras raras e outras coisas".

Além delas, o país tem, segundo estimativas, 500 mil toneladas não exploradas de lítio, um mineral usado em baterias de carros elétricos, telefones e computadores. Hoje, dos quatro principais depósitos já identificados em solo ucraniano, dois estão em áreas controladas pela Rússia. Segundo especialistas, o controle de parte das reservas minerais ucranianas pode ter sido uma das motivações para a guerra de Putin.

No mês passado, Trump indicou que consideraria impor novas sanções à Rússia caso o país se recuse a negociar um possível fim da guerra na Ucrânia. Na posse do republicano, Putin parabenizou Trump e disse estar "aberto ao diálogo" com o novo líder americano.

Impacto no front

Na semana passada, Putin disse que Moscou estaria disposto a conversar com Kiev, mas descartou a possibilidade de falar diretamente com Zelensky, chamado por ele de “ilegítimo”, o mandato presidencial de Zelensky terminou oficialmente em maio do ano passado, mas como a lei marcial em vigor veta a realização de novas eleições, ele permanecerá no cargo até a revogação da medida, sem qualquer ilegalidade segundo a lei da Ucrânia.

Diante de uma iminente negociação em meio à pressão americana, ambos os países tentam apressar uma vantagem no campo de batalha. Kiev tem se esforçado para conter as forças russas, mas Zelensky admitiu que é improvável que a Ucrânia recupere parte dos 20% do seu território perdido para a Rússia.

"Lamentavelmente, o apoio fornecido por nossos parceiros é insuficiente para expulsar Putin totalmente de nossos territórios", disse ele.

A UE e Kiev compartilham algumas preocupações de que Trump forçaria Kiev a fazer concessões injustas a Moscou. Zelensky também repetiu que um caminho para a Ucrânia se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar ocidental liderada pelos EUA, continua sendo a maneira preferida de Kiev para acabar com a guerra e obter “garantias de segurança”.

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