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Zelensky anuncia plano para trocar premiê da Ucrânia; oposição vê tentativa para ampliar poderes

A medida, que seria a mais alta reformulação do governo desde a invasão russa, precisa ser aprovada pelo Parlamento, onde o partido de Zelensky, Servo do Povo, tem maioria

Agência o Globo
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Publicado em 14 de julho de 2025 às 17h40.

Última atualização em 14 de julho de 2025 às 17h47.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou nesta segunda-feira, 14, um plano para substituir o primeiro-ministro do país, Denys Shmyhal, que está no cargo desde quando a Rússia invadiu o país. A medida, que seria a mais alta reformulação do governo desde a invasão russa, precisa ser aprovada pelo Parlamento, onde o partido de Zelensky, Servo do Povo, tem maioria.

No Facebook, Zelensky afirmou que nomearia Yulia Svyrydenko, que atualmente ocupa o cargo de ministra do Desenvolvimento Econômico e Comércio da Ucrânia e desempenhou um papel importante na negociação de um acordo sobre recursos naturais com o governo Trump. Na publicação, Zelensky disse que queria "renovar" o governo.

A ministra supervisionou, em fevereiro, as negociações com o governo Trump sobre o controverso acordo para compartilhar os lucros dos recursos naturais ucranianos com os Estados Unidos. Na ocasião, Trump, por sua vez, exigiu o acordo como condição para uma maior cooperação militar.

Ao anunciar a candidatura de Svyrydenko, o presidente ucraniano disse que havia discutido com ela planos para expandir a produção nacional de armas — uma prioridade para o esforço de guerra — e esforços para fortalecer a rede de segurança social do país, que ficou desgastada durante o conflito.

A Constituição da Ucrânia concede ao primeiro-ministro amplos poderes em matéria de política interna. Sob presidentes anteriores, os primeiros-ministros exerciam o poder de forma independente, muitas vezes em desacordo com os presidentes a quem serviam, mas protegidos da destituição pelo apoio do Parlamento.

O anúncio ocorre após meses de crescentes ataques russos com drones e mísseis contra cidades ucranianas, além do impasse nas negociações de cessar-fogo promovidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nesta segunda-feira, inclusive, Trump anunciou que vai impor "tarifas muito severas" a países que fizerem negócio com a Rússia caso Moscou não aceite negociar um cessar-fogo com a Ucrânia em 50 dias.

Pesquisas recentes sugerem um pessimismo crescente na Ucrânia sobre a guerra com a Rússia, uma mudança em relação ao início do conflito, quando a maioria dos ucranianos expressou otimismo de que seu país sairia vitorioso.

Mas o partido político de Zelensky detém a maioria no Parlamento e já elegeu dois primeiros-ministros alinhados com o presidente. A sessão parlamentar deve começar na próxima terça-feira.

Os oponentes políticos de Zelensky questionaram se a substituição do primeiro-ministro realmente constituía uma mudança, dizendo que a medida tinha como objetivo instalar um político aliado e consolidar ainda mais o poder do presidente.

Na Ucrânia, têm aumentado as acusações de que Zelensky está abusando dos poderes da lei marcial imposta após a invasão russa, e elas se intensificaram depois que alguns prefeitos eleitos foram substituídos por militares.

Trump dá ultimato à Rússia

Trump anunciou que vai impor "tarifas muitos severas" a países que fizerem negócio com a Rússia caso Moscou não aceite negociar um cessar-fogo com a Ucrânia em 50 dias. O anúncio foi feito a partir da Casa Branca, ao lado do secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte. De acordo com o republicano, a taxação poderá chegar a 100%, o que afetaria países como China, Índia e Brasil. Os líderes também aproveitaram o encontro para anunciar um novo acordo firmado entre Washington e aliados da Otan para fornecer bilhões em armas para Kiev, incluindo sistemas de defesa anti-mísseis Patriot, custeado pelos europeus.

— Vamos aplicar tarifas secundárias se não chegarmos a um acordo em 50 dias, é muito simples. Elas serão de 100%, e assim será — disse Trump a repórteres na Casa Branca.

A ameaça de tarifas de 100% feita por Trump tem uma abordagem diferente do pacote de sanções que um grupo bipartidário de mais de 80 senadores tem defendido no Capitólio. A proposta buscava atingir a economia russa com sanções ainda mais duras: 500% para países que comprarem petróleo e urânio russos. O presidente, por outro lado, não delimitou quais commodities seriam ou não afetadas.

Rutte, por sua vez, alertou o presidente russo, Vladimir Putin, a levar a sério as ameaças de Trump:

— Portanto, se eu fosse Vladimir Putin hoje, e você [Trump] estivesse falando sobre o que planejava fazer em 50 dias, e sobre esse anúncio, eu reconsideraria se não deveria levar as negociações sobre a Ucrânia mais a sério do que estou fazendo no momento.

Trump manifestou novamente seu descontentamento com a postura de Putin durante as negociações, indicando que o líder russo poderia estar travando o diálogo propositalmente.

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