Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, antes de reunião com líderes europeus em Bruxelas (Tetiana DZHAFAROVA/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 26 de março de 2025 às 13h57.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta quarta-feira, 26, que um novo ataque em larga escala lançado pela Rússia contra o território ucraniano, poucas horas após os dois países concordarem com a interrupção de bombardeios no Mar Negro e contra instalações de energia, é uma prova de que Moscou não tem compromisso com um processo real de paz. A fala do presidente, após a ofensiva com mais de 100 drones, acontece em um momento em que o Kremlin diz manter um contato continuado com os EUA.
"Lançar ataques assim, em uma escala tão grande, após negociações de cessar-fogo é um sinal claro para o mundo inteiro de que Moscou não busca uma paz real", escreveu Zelensky em uma publicação na rede social X. "Deve haver também pressão clara e uma ação forte do mundo contra a Rússia - mais pressão, mais sanções dos Estados Unidos - para frear os ataques russos".
Kiev e Moscou concordam em evitar ataques no Mar Negro e a instalações elétricas, após uma rodada de negociações com representantes americanos na Arábia Saudita, que ouviram as delegações em separado. Contudo, a aplicação e os limites da trégua continuam em aberto, pois o Kremlin impôs como condição o levantamento de sanções ao seu banco agrícola e outras instituições financeiras e empresas envolvidas na exportação de alimentos e sua readmissão ao sistema de pagamentos internacionais controlado pelos EUA.
Em um anúncio feito pelo porta-voz do Kremlin na manhã desta quarta-feira, a Presidência russa se disse satisfeita com o diálogo com os americanos e assegurou que contatos "intensivos" prosseguem.
"Estamos satisfeitos com a forma pragmática e construtiva como este diálogo está se desenvolvendo, que, além disso, está dando resultados", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Em uma entrevista à rede americana Newsmax na noite de terça-feira, o presidente americano, Donald Trump, disse que acredita que a Rússia quer acabar com sua guerra com a Ucrânia, mas que Moscou pode estar retardando um acerto.
"Acho que a Rússia quer ver um fim para isso, mas pode ser que eles estejam 'arrastando os pés'. Eu fiz isso ao longo dos anos", disse o presidente.
Enquanto falta clareza sobre os detalhes, incluindo o escopo e a data de início dos termos que foram aceitos pelos dois países, a situação no front continua igual ao período anterior às negociações. Os militares ucranianos afirmaram que Moscou lançou 117 drones contra o país entre a noite e a madrugada. Alguns drones atingiram edifícios na região central de Kryvyi Rih, cidade natal de Zelensky, e na zona fronteiriça de Sumy, segundo os governos regionais.
Outras regiões na frente de batalha também foram atacadas, incluindo a região leste de Donetsk, onde três pessoas morreram nas últimas 24 horas, segundo o governador Vadim Filashkin.
Autoridades russas, por sua vez, afirmaram que uma jornalista de um canal de televisão estatal morreu na explosão de uma "mina inimiga" na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia. Anna Prokofieva era correspondente de guerra do canal Pervy Kanal. Segundo a emissora, a equipe de reportagem passou por cima do explosivo, provocando a detonação. Um cinegrafista ficou ferido e está em condição "grave" no hospital.