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Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2010 às 15h59.
Madri - O governo espanhol desmentiu nesta sexta-feira anúncio feito pelo chefe de governo, José Luis Rodríguez Zapatero, de que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, ameaçou tirar a França da zona do euro para pressionar a Alemanha, tal como foi informado pelo jornal El País (centro-esquerda).
A informação "não tem fundamento", declarou à AFP uma fonte da presidência do governo espanhol, referindo-se à edição do jornal, desta sexta-feira, segundo a qual o chefe do governo espanhol teria comentado, informalmente, que Sarkozy ameaçara tirar a França do euro para obrigar a Alemanha a aceitar o plano de resgate à Grécia.
"Não me consta que essa informação esteja correta", afirmou, por sua vez, a vice-presidente do executivo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega, em coletiva de imprensa realizada depois de uma reunião de ministros.
O jornal, próximo aos socialistas da situação, afirmou que Zapatero fez tais declarações durante uma reunião na quarta-feira com líderes de seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), em Madri.
O presidente francês exigiu na sexta-feira passada um "compromisso de todos, para ajudar a Grécia, cada um em sua medida, ou a França reavaliará sua situação no euro", teria dito Zapatero, segundo o El País, que não identifica a pessoa que transmitiu a declaração.
"Sarkozy chegou a dar um soco na mesa e ameaçar retirar-se do euro, o que obrigou (a chanceler alemã) Angela Merkel a ceder e chegar a um acordo", segundo outro líder socialista que também teria ouvido as supostas palavras.
"França, Itália e Espanha formaram uma frente comum diante da Alemanha, e Sarkozy chegou a ameaçar Merkel com a quebra do tradicional eixo franco-alemão", motor da União Europeia, afirmou outro participante da reunião.
Em Paris, um funcionário próximo a Sarkozy desmentiu a informação à AFP, qualificando-a de "rumor totalmente infundado, como acaba de confirmar o governo espanhol".
Uma porta-voz do governo alemão também desmentiu a informação considerando-a "sem nenhum fundamento".
Questionado pela AFP sobre o tema, o El País afirmou que "a redação confirma o conteúdo de seu artigo".
Os chefes de Estado e de governo da zona do euro reuniram-se na sexta-feira em Bruxelas para aprovar o plano de ajuda à Grécia, um superpacote de 110 bilhões de euros em empréstimos durante três anos, financiado pela zona do euro e pelo FMI, ao qual a chanceler Merkel tinha se mostrado reticente nas semanas anteriores.
Essa resistência de Merkel ocorre porque a ajuda à Grécia é bastante impopular entre os alemães. Seus opositores também reprovam o fato de a Alemanha ter cedido a Sarkozy a liderança na Europa durante a gestão da crise grega.