Yoani Sanchez: "O regime também está perdendo muito espaço, muito controle sobre a realidade", afirmou a filóloga. (Cesar Manso/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2013 às 15h53.
Cidade do México - A blogueira cubana Yoani Sánchez afirmou nesta quarta-feira que espera que "muito em breve" haverá uma transição à democracia na ilha e pediu à comunidade internacional uma postura "exigente" em relação à violação de direitos humanos em seu país.
"Tenho esperança" que a transição acontecerá "muito em breve porque noto uma ebulição na sociedade civil, um aumento da crítica", declarou ao canal "Televisa".
"O regime também está perdendo muito espaço, muito controle sobre a realidade", afirmou a filóloga que no dia 18 de fevereiro iniciou no Brasil uma viagem internacional de 80 dias.
Yoani reconheceu que com Raúl Castro no poder ocorreram "certas reformas econômicas", mas destacou que "em temas de direitos civis de associação e expressão nada evoluiu".
Na opinião de muitos cubanos, "Raúl Castro não se atreveu a aprofundar ou agilizar as reformas porque seu irmão mais velho está olhando tudo", disse a blogueira em alusão a Fidel, a quem descreveu como "um homem que ficou encalhado no século 20".
Fidel Castro representa um "freio às reformas", mas já está "na meia-noite de sua vida", acrescentou Yoani, que lamentou a "grande confusão" que existe em muitos países da Europa e da América Latina que afrouxaram sua postura em relação à ilha.
Sobre os grupos que a atacaram durante sua viagem, a criadora do blog "Generación Y" indicou que, embora não tenha provas que o governo cubano esteja por trás deles, assinalou que todos operaram da mesma forma no Brasil, na República Tcheca, na Espanha e no México.
Yoani aceitou esses atos porque são uma "mostra que há liberdade de expressão", mas lamentou que se baseiem em insultos e tentem restringir sua própria liberdade.
"Respeito seu direito de protestar, mas têm que respeitar meu direito à réplica", comentou Yoani após lembrar que desde pequena escutava as mesmas acusações que agora fazem a ela contra qualquer pessoa que emitia críticas.
"Qualquer opositor era tachado de agente americano, mercenário, recrutado pela CIA ou pelo Pentágono, mas essa é a estratégia do governo para desviar a atenção do verdadeiro conflito na ilha", concluiu.