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Yale e Harvard removem funcionários e reitora de Columbia se demite após pressão de Trump

Governo federal ameaçou reter o financiamento das universidades após o presidente americano acusar as universidades de abrigar estudantes estrangeiros que apoiam Hamas

Em Harvard, o jornal estudantil informou que os líderes do corpo docente do Centro de Estudos do Oriente Médio terão que deixar seus cargos. (PGiam/Getty Images)

Em Harvard, o jornal estudantil informou que os líderes do corpo docente do Centro de Estudos do Oriente Médio terão que deixar seus cargos. (PGiam/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 30 de março de 2025 às 12h17.

As universidades americanas Yale e Harvard destituíram funcionários de seus cargos, conforme o governo Trump intensifica a pressão sobre as entidades com a premissa de aumentarem o combate ao antissemitismo dentro dos campus, sob risco de perderem financiamento federal. Em meio aos embates nas universidades, a reitora da Columbia comunicou sua saída do cargo nesta sexta-feira.

A Faculdade de Direito de Yale disse na sexta-feira que demitiu Helyeh Doutaghi, uma acadêmica de pesquisa, que foi colocada em licença este mês após ser acusada de ter supostos laços com um grupo sujeito a sanções dos EUA.

“Como resultado de sua recusa em cooperar com essa investigação, o contrato de trabalho da Sra. Doutaghi com Yale — que já estava programado para expirar em abril deste ano — foi rescindido com efeito imediato”, de acordo com uma declaração do porta-voz da Faculdade de Direito de Yale, Alden Ferro.

Doutaghi disse nas mídias sociais que foi alvo de um “ato evidente de retaliação contra a solidariedade palestina” e descreveu os ataques contra ela como “calúnias difamatórias amplificadas por trolls fascistas”.

Yale disse que analisou materiais que incluíam um texto no site do "Samidoun: Palestinian Prisoner Solidarity Network" identificando Doutaghi como membro da organização. Em outubro, o governo Biden classificou o grupo como uma “instituição de caridade falsa” que serve para arrecadar fundos para a Frente Popular para a Libertação da Palestina, que os EUA consideram uma organização terrorista.

"Para ser claro, Yale não toma medidas administrativas com base em reportagens da imprensa e tais medidas nunca são iniciadas com base no direito à liberdade de expressão de uma pessoa”, afirmou Ferro em nota.

Em Harvard, o jornal estudantil informou que os líderes do corpo docente do Centro de Estudos do Oriente Médio — o professor de Estudos Turcos Cemal Kafadar e a professora de História Rosie Bsheer — tiveram que deixar seus cargos. O centro foi criticado por sua programação, que foi considerada antissemita.

O Harvard Crimson disse que Kafadar deixaria seu cargo no final do ano, citando um memorando. O anúncio foi feito dias depois que a Escola de Saúde Pública de Harvard suspendeu uma parceria que mantém com a Universidade de Birzeit, na Cisjordânia.

Nem Kafadar nem Bsheer responderam aos pedidos de comentários. Um porta-voz da Faculdade de Artes e Ciências também não respondeu imediatamente às mensagens para comentários.

Retenção de financiamentos

O governo federal ameaçou reter o financiamento das universidades depois que os legisladores republicanos e o presidente Donald Trump acusaram as universidades de promover o antissemitismo e abrigar estudantes estrangeiros que demonstraram apoio ao Hamas, considerado uma organização terrorista. Isso causou preocupação em algumas universidades, pois o governo está suprimindo a liberdade de expressão e associando as críticas a Israel ao antissemitismo.

A reitora interina da Universidade de Columbia, Katrina Armstrong, deixou o cargo na sexta-feira depois que a instituição concordou em proibir máscaras, expandir os poderes da polícia do campus e nomear um vice-reitor sênior para supervisionar o departamento de Estudos do Oriente Médio, Sul da Ásia e África, em um esforço para descongelar US$ 400 milhões em verbas federais. Claire Shipman, que havia sido copresidente do conselho de administradores da universidade, foi nomeada presidente interina.

A universidade novaiorquina, que foi atravessada por uma série de protestos no ano passado e passou por diversas acusações de que havia se tornado um refúgio seguro para o antissemitismo, anunciou a mudança de liderança em um e-mail para o campus na noite de sexta-feira. A carta agradeceu à Armstrong por seus esforços durante “um período de grande incerteza para a universidade” e disse que Shipman tem “uma compreensão clara dos sérios desafios enfrentados por nossa comunidade”.

Há menos de uma semana, o governo Trump havia sinalizado que estava satisfeito com Armstrong e com as medidas que ela estava tomando para restaurar o financiamento. Contudo, em um comunicado na sexta-feira, a Força-Tarefa Conjunta de Combate ao Antissemitismo disse que a saída de Armstrong do cargo era “um passo importante para o avanço das negociações” entre o governo e a universidade.

A declaração incluía uma menção enigmática de uma “revelação preocupante” nesta semana, que parecia se referir aos comentários de Armstrong em uma reunião do corpo docente no fim de semana passado.

De acordo com um membro do corpo docente que estava presente, Armstrong e a diretora da universidade, Angela Olinto, deixaram algumas pessoas confusas quando pareceram minimizar os efeitos do acordo da universidade com o governo. Uma transcrição da reunião vazou para a mídia, bem como para o governo Trump, de acordo com duas pessoas familiarizadas com a situação.

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