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Obra faraônica: China inaugura a maior ponte marítima do planeta

Obra faraônica, que começou em 2009, foi marcada por numerosos atrasos, superfaturamento, casos de corrupção e mortes de operários

Enorme estrutura, de 55 quilômetros de comprimento, inclui a ponte sobre o delta do Rio das Pérolas e um túnel submarino (Aly Song/Reuters)

Enorme estrutura, de 55 quilômetros de comprimento, inclui a ponte sobre o delta do Rio das Pérolas e um túnel submarino (Aly Song/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de outubro de 2018 às 09h22.

Última atualização em 23 de outubro de 2018 às 09h43.

O presidente da China, Xi Jinping, inaugurou nesta terça-feira a maior ponte marítima do mundo, uma gigantesca construção ligando Hong Kong, Macao e a China continental, em um momento em que Pequim aumenta seu domínio sobre a antiga colônia britânica.

A enorme estrutura, de 55 quilômetros de comprimento, inclui a ponte sobre o delta do Rio das Pérolas e um túnel submarino.

A construção permite ligar, graças a ilhas artificiais e a gigantescas estruturas rodoviárias, a ilha de Lantau, em Hong Kong, à antiga colônia portuguesa de Macau, a oeste, e à cidade de Zhuhai, na província de Cantão.

A ponte será aberta ao tráfego oficialmente na quarta-feira, um dia após sua inauguração.

"Declaro oficialmente inaugurada a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macao", disse o presidente chinês em uma breve declaração durante a cerimônia na cidade de Zhuhai.

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, já havia agradecido ao presidente chinês por inaugurar a ponte pessoalmente.

A obra faraônica, que começou em 2009, foi marcada por numerosos atrasos, superfaturamento, casos de corrupção e mortes de operários.

Para as autoridades, a ponte promoverá os intercâmbios comerciais, unindo de forma espetacular as duas margens do estreito.

Em Hong Kong, no entanto, os detratores do projeto consideram que é mais uma tentativa de Pequim de aumentar sua influência nesta ex-colônia britânica, que em tese possui uma ampla autonomia em virtude do princípio "Um país, dois sistemas", decidido durante a devolução à China em 1997.

A nova estrutura faz parte do projeto do governo chinês conhecido como a "Grande Baía" (Greater Bay Area), que prevê a integração das duas "regiões administrativas especiais" de Hong Kong e Macau em uma enorme urbe de 75 milhões de habitantes, que incluirá ainda nove cidades da província de Cantão, a mais dinâmica da China, entre elas sua capital homônima e Shenzhen.

Outro elemento-chave deste projeto global é a nova linha de trem de altavelocidade entre Cantão e Hong Kong, inaugurada em setembro passado.

Os críticos desta conexão ferroviária a consideram um "cavalo de Troia" de Pequim em Hong Kong, pois incluiu a construção de uma nova estação no centro da ex-colônia britânica, vigiada por agentes de segurança chineses. É a primeira vez desde a devolução de Hong Kong ao gigante asiático que as leis da China são aplicadas em uma área do território semiautônomo.

Restrições

O principal trecho da ponte está sob a soberania chinesa e os motoristas de Hong Kong devem "submeter-se às leis e normas do continente", anunciou o Departamento de Transportes da cidade.

Para poder circular pela ponte, os motoristas de Hong Kong também precisarão de uma autorização - a aprovação desta permissão depende de critérios muito restritivos, como o fato de ocupar determinados postos oficiais na China ou ter feito doações a organizações de caridade em Cantão.

A maioria dos passageiros utilizará a ponte a bordo de ônibus com autorização oficial.

Muitos internautas de Hong Kong criticaram as restrições de uso a uma construção financiada em grande parte pelo território semiautônomo.

A China já possui o recorde de maior ponte do mundo: o viaduto ferroviário Danyang-Kunshan, de 164,8 km de comprimento.

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