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Wikileaks começa a divulgar documentos sobre Guantánamo

A organização fundada por Julian Assange anunciou através de um comunicado que, ao longo do próximo mês, vai divulgar os arquivos "Políticas de Detenção"


	Prisão americana de Guantánamo: segundo Assange, os documentos mostram a anatomia do monstro criado após os atentados de 11 de setembro de 2001
 (Paul J. Richards)

Prisão americana de Guantánamo: segundo Assange, os documentos mostram a anatomia do monstro criado após os atentados de 11 de setembro de 2001 (Paul J. Richards)

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Da Redação

Publicado em 25 de outubro de 2012 às 20h29.

Washington - O site Wikileaks começou nesta quinta-feira a divulgar uma centena de documentos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos que contém os procedimentos a serem seguidos com os suspeitos sob custódia das autoridades militares americanas nas prisões no Iraque e na prisão da base de Guantánamo (Cuba).

O primeiro a ser publicado é o manual do procedimento militar no Acampamento Delta da base de Guantánamo divulgado entre o pessoal civil e militar em novembro de 2002, no qual se estabelecem as normas administrativas, o regulamento de confinamento e o código de conduta dos funcionários.

A organização fundada por Julian Assange anunciou através de um comunicado que, ao longo do próximo mês, vai divulgar os arquivos "Políticas de Detenção" em ordem cronológica com as indicações seguidas pelos cargos militares durante mais de uma década.

Os documentos incluem os Procedimentos Operacionais Frequentes (SOPs, na sigla em inglês) das prisões de Bucca e Abu Ghraib, no Iraque, e Guantánamo, assim como os manuais para os interrogatórios e Ordens Fragmentárias (FRAGOs) sobre as mudanças nas políticas de detenção.

Estes documentos "mostram a anatomia do monstro criado após os atentados de 11 de setembro de 2001, a criação de um espaço cinzento no qual a lei e os direitos não existem. As pessoas podem ser detidas sem deixar rastro, de acordo com a vontade do Departamento de Defesa", garantiu Assange em comunicado.

Além disso, "mostram os excessos dos primeiros dias da guerra contra um "inimigo" desconhecido e como estas políticas amadureceram e evoluíram" dando lugar, segundo disse, "a um estado de exceção permanente no qual se encontra agora os Estados Unidos uma década mais tarde".


Assange, que se encontra exilado na embaixada do Equador em Londres para evitar sua extradição à Suécia, destaca a importância "histórica" destes documentos, já que "Guantánamo se transformou no símbolo do abuso sistemático dos direitos humanos", acrescentou.

A organização publicará vários documentos relativos às políticas de interrogatórios de prisioneiros no Iraque correspondentes aos anos 2004, 2005 e 2008, que revelarão técnicas para difundir o medo e pressionar emocionalmente os detentos.

O Wikileaks afirma que, "embora a violência física esteja proibida por escrito, uma política habitual de atemorizar os presos, combinada com uma política de destruição de registros, provocou abusos e impunidade".

Também será divulgada uma "Ordem Fragmentaria" de 2008, divulgada após o escândalo das torturas na prisão de Abu Ghraib (Iraque) que "elimina a obrigação de registro das sessões interrogatórias" em determinadas áreas da prisão.

Além disso, apesar de afirmar que os interrogatórios realizados na Divisão de Internamento e na Brigada de Internamento devem ser gravados, estabelece que os arquivos terão que "ser apagados antes de 30 dias". Uma política que foi revogada pelo governo de Barack Obama, reconheceu o Wikileaks.

A administração do presidente George W. Bush (2001-2009) teve que adaptar parte da base militar de Guantánamo para receber os supostos terroristas após os atentados em 11 de setembro de 2001.

Na prisão, que chegou a abrigar até 500 detentos, ainda estão 166 suspeitos de terrorismo que esperam por julgamento. 

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