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Walesa: 30 anos depois do Solidariedade, o mundo ainda tem muito a fazer

Depois de amanhã faz trinta anos que o sindicato Solidariedade nascia e começava a balançar as estruturas do comunismo

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2010 às 18h03.

Gdanski, Polônia - Trinta anos depois do nascimento na Polônia do sindicato Solidariedade, que fez vacilar o bloco soviético, seu fundador Lech Walesa considera que o mundo ainda tem muito a fazer para deixar para trás o período da Guerra Fria.

"O Solidariedade pôs fim à época de divisões e estabeleceu as bases da unificação da Alemanha e da Europa", disse à AFP o ex-eletricista que liderou em agosto de 1980 uma greve de duas semanas nos estaleiros de Gdansk, um desafio inaudito num país comunista.

Em 31 de agosto, o poder aceitava a criação do primeiro sindicato independente no espaço dominado pela União Soviética, era o 'Solidarnosc', que contribuiu em boa medida para a queda do comunismo na Europa no final dos anos 80.

"O mundo conservou estruturas herdadas da época anterior que ainda estão por organizar e adaptar", disse, citando a OTAN, privada agora de seu adversário, o Pacto de Varsóvia, e "um capitalismo que olha muito para o dinheiro e já não vê o Homem".

"Enquanto nos fundamentarmos em visões superadas, o mundo não estará seguro", afirma.Quanto aos europeus, "devem entender que o Estado-nação terminou. Já não há mais França nem Polônia em muitos âmbitos como na ecologia, na informação, na economia", diz. "Cada Estado tem um sistema de atendimento à saúde diferente, uma fiscalização diferente, isso não pode acontecer!".

A Europa também deve ampliar-se: "a Europa não existe sem a Turquia", comenta este católico praticante, criticando as reticências alemãs e francesas à entrada de um país muçulmano na União.

Aos 66 anos, o ex-presidente polonês diz que vive "aposentado" em Gdansk, sua cidade adotiva. Mas todas as manhãs vai a seu escritório espaçoso do último andar de um elegante prédio do século XVI inspirado no da prefeitura de Antuérpia, reconstruído depois da guerra.

Cultua as visitas, deixa-se fotografar com convidados e divulga imediagamente as fotos em seu blog, dizendo-se apaixonado pelas tecnologias da informação.

Empresta voz sem descanso à defesa dos direitos humanos, como fez este ano a favor dos presos políticos cubanos ou recentemente, num caso de televisões ucranianas privadas de licença.

"São muitas as causas a defender", diz o Prêmio Nobel da Paz 1983, admitindo que o reconhecimento do mundo exterior ajudou seu movimento a obter vitória em 1989 sobre o regime comunista.

Trinta anos depois, o Solidaridade já não representa todo um país. É um sindicato com 700.000 filiados e com o qual Lech Walesa não mais comunga, reprovando mil coisas, entre elas seu apoio ao candidato conservador Jaroslaw Kaczynski na eleição presidencial de junho e julho passados.

"Identifico-me com o 30º aniversario do grande Solidariedade que possuía 10 milhões de membros, pelo que decidiu ignorar as festividades do 31 de agosto; mas promete que estará presente no 50º aniversário, em 2030.

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