Fluxo de lava atrás de casas após a erupção de um vulcão no parque nacional Cumbre Vieja em Los Llanos de Aridane, nas Ilhas Canárias (Borja Suarez/Reuters)
Da redação, com agências
Publicado em 19 de setembro de 2021 às 13h52.
Última atualização em 20 de setembro de 2021 às 08h16.
O vulcão Cumpre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, no arquipélago das Canárias, entrou em erupção neste domingo (19) após dias de intensa vigilância devido à sua atividade sísmica, anunciaram as autoridades locais.
“A erupção começou na área de Cabeza de Vaca, em El Paso”, informou o governo local da ilha em sua conta no Twitter, que começou a evacuar as áreas habitadas próximas ao vulcão.
O vulcão expeliu grandes colunas de fumaça, cinzas e lava, de acordo com as primeiras imagens transmitidas ao vivo pela televisão pública espanhola por volta das 16h30 (11:30h BRAS).
O Cumbre Vieja ficou em alto nível de alerta por uma semana devido ao aumento da atividade sísmica na ilha.
ACABA DE COMENZAR LA ERUPCIÓN EN LA PALMA. ESTAS IMÁGENES HAN SIDO GRABADAS POR PERSONAL DE INVOLCAN. pic.twitter.com/CjdR7ZnKzh
— INVOLCAN (@involcan) September 19, 2021
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, viajará neste domingo para a ilha de La Palma, anunciou seu gabinete.
"Diante da situação gerada na ilha de La Palma, o presidente do Governo adiou a viagem prevista para hoje a Nova York" para participar da Assembleia Geral da ONU, "e se deslocará nesta mesma tarde às Canárias para acompanhar a evolução dos acontecimentos", informou o serviço de imprensa do governo espanhol em um comunicado.
Desde sábado, o Instituto de Vulcanologia das Ilhas Canárias registrou vários milhares de terremotos de baixa intensidade, até o nível 4 da escala Richter, na área do vulcão.
A última erupção do Cumbre Vieja ocorreu em 1971. O arquipélago espanhol das Ilhas Canárias teve sua última erupção em 2011, desta vez debaixo d'água, na ilha de El Hierro.
Nesta semana, internautas ficaram assustados com a possibilidade da erupção vulcânica provocar um tsunami capaz de atingir o litoral do Brasil. Com isso, o termo entrou nos assuntos no momento, provocando ainda inúmeros memes. Mas, afinal, as chances de acontecer esse fenômeno são motivo de real preocupação?
Na visão do professor Francisco de Assis Dourado, do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), as consequências da erupção do vulcão na ilha La Palma não seriam as responsáveis por gerar ondas colossais. Ele explicou que as simulações que mostram a chegada de um tsunami usam velocidades extremas.
"Mas as probabilidades dentro desses parâmetros são muito pequenas", afirmou.
Embora as chances de tsunamis na costa do país sejam raras, um fenômeno desse tipo já aconteceu por aqui. O perfil no Twitter da Rede Sismográfica Brasileira lembrou, numa postagem de 1º de novembro de 2020, quando um tsunami atingiu o litoral do Nordeste em 1755.
🔴Imágenes de la erupción volcánica en La Palma. La UME confirma que se está desplazando a la isla. pic.twitter.com/1IJi9FmEjr
— 7NN Noticias (@7nn_Tv) September 19, 2021
Para Dourado, um motivo de preocupação real para o Brasil seria um evento justamente como o que ocorreu em 1755, quando um terremoto atingiu Lisboa e acabou provocando de fato um tsunami que chegou no litoral do Nordeste. Se algo dessa forma se repetisse, aí sim o professor diria que os moradores poderiam começar a se preocupar.
"Eu diria que La Palma pode ser um motivo interessante para chamar a atenção para o real risco que a gente tem no nosso litoral. E aí eu chamo a atenção para uma coisa: pode ser um tipo de fenômeno que ocorre muito raramente", declarou. "Por exemplo, se o terremoto de 1755 [em Portugal] acontecesse novamente, nas mesmas proporções que ocorreram na época, que destruiu Lisboa e o Sul da Europa, aí a gente teria de se preocupar porque estaríamos falando de uma onda que chegaria [pelas simulações que a gente fez, bem embasadas cientificamente] em Fernando de Noronha com 2 metros de altura, e aqui na costa do Nordeste em alguns pontos em 1,7 ou 1,8 metro de altura.
O professor então disse que ondas dos tamanhos descritos podem ficar ainda maiores ao chegar à costa, com riscos de causar perdas e danos.
"Ou seja, vamos supor que chega uma onda de 2 metros no litoral: a altura máxima que ela vai alcançar é até regiões com altitude de 8 metros."
Assim como em 1755, o Nordeste seria novamente a região com maior risco de receber ondas grandes caso o Cumbre Vieja entre em erupção.
"O Nordeste é a região que pode ser mais afetada por este fenômeno lá de La Palma, porque apesar de estar a mais de 4.500 quilômetros, seria a parte mais próxima que o Brasil tem dessa região." (Com AFP e Agência O Globo)
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