Nuvem de cinzas do vulcão Puyehue, no sul do Chile (Claudio Santana/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2011 às 18h35.
Entre Lagos, Chile - Abrigados em locais aquecidos e bebendo mate, os removidos das cidades chilenas próximas ao vulcão Puyehue, que entrou em erupção sábado, no sul do país, viviam a incerteza sobre a duração do estado de emergência, que obrigou as autoridades, nas últimas horas, a ampliar o raio de evacuação.
"Não sabemos quando voltaremos", disse à AFP Ana Márquez, que foi levada sábado a um abrigo instalado na biblioteca municipal na pequena cidade de Entre Lagos, às margens do lago Puyehue, onde descansava diante de uma lareira junto a outras mulheres.
Ana vive em Ticahue, ao norte de Entre Lagos, e recorda o momento em que o vulcão entrou em erupção: "Vi como explodia e tudo ficava preto e vermelho. Fiquei muito nervosa", conta.
À noite, um espetáculo de relâmpagos emanados da imensa nuvem de cinzas iluminou de forma intermitente a escuridão do sul chileno.
No abrigo de Entre Lagos estão 3.500 pessoas que foram retiradas de pequenas localidades agrícolas localizadas em torno do vulcão, que levantou uma nuvem de cinzas de 10 km de extensão.
Uma mudança na direção dos ventos de sudeste a nordeste -que afetava, antes, principalmente o balneário argentino de Bariloche- levou as autoridades a ampliar nas últimas horas o raio de evacuação.
Há temor de que a nuvem de material expulsa chegue às águas dos rios, provocando aluviões, segundo o subsecretário do Interior, Rodrigo Ubilla, que de dirigiu à zona de emergência.
A retirada das pessoas foi ampliada às zonas de Riñinahue Alto e Riñinahue Bajo, na comuna de Lago Ranco, que "apresentam riscos".
As crianças aguardavam a possibilidade de assistir às aulas numa dependência especial.
"Não foi detectada a presença de lava, mas de fluxos piroclásticos" - os sedimentos originários das atividades vulcânicas explosivas, das quais provêm fragmentos de vários tamanhos, desde poeiras até blocos, que se vão depositar, formando os depósitos piroclásticos -, disse Ubilla.
Do lago argentino, cessaram nas últimas horas os lançamentos de cinzas nas cidades turísticas de Bariloche e Villa La Angostura, onde as aulas e o expediente nos departamentos públicos foram suspensos.
Foi mantido, no entanto, o estado de emergência em Bariloche, onde o aeroporto local está fechado, assim como a rodovia internacional Samoré, que une a Argentina e o Chile.