Vladimir Putin, primeio-ministro da Rússia, ainda não sabe se quer retornar ao Kremlin
Da Redação
Publicado em 29 de fevereiro de 2012 às 22h14.
Moscou - O primeiro-ministro russo e candidato à Presidência, Vladimir Putin, preocupado em se mostrar um homem de ação, desceu ao fundo do mar em um submarino, pilotou um carro de Fórmula 1 e um bombardeiro, caçou uma baleia e dominou um tigre na Sibéria, como uma espécie de "Super-homem".
Grande favorito nas eleições presidenciais de 4 de março, desde que chegou ao poder, em 2000, o premiê russo fez de todo o possível para manter essa imagem.
Primeiramente, o ex-agente da KGB (serviço de inteligência soviético) destacou seu interesse em artes marciais, em especial pelo judô, em que é faixa preta.
Fã também do esqui, foi de helicóptero até o cume do Cáucaso para experimentar as pistas das Olimpíadas de Inverno de Sochi, que serão celebradas em 2014.
Aos 58 anos, começou a jogar hóquei sobre o gelo e em poucos meses treinava com as estrelas do esporte.
Fotos em que aparece cavalgando, sem camisa, com um fuzil em meio à natureza, mostraram aos russos que este quinquagenário se mantém em plena forma.
A televisão exibe sua imagens regularmente enfrentando animais selvagens, seja sedando uma tigresa que, segundo a imprensa russa, estaria ameaçando os jornalistas, ou caçando baleias --durante uma missão científica-- a bordo de um bote inflável sacudido por ondas de três metros no Oceano Pacífico.
"Não tenho medo de nada", declarou aos jornalistas.
Foi visto ainda acariciando um urso polar (certamente sob efeito de tranquilizantes), descendo a 1,4 mil metros em um submarino ao fundo do Lago Baikal, na Sibéria, praticando rafting e mergulhando para anexar um transmissor nas costas de uma baleia beluga, um cetáceo parecido com o golfinho.
Aparentemente tão hábil em uma moto de neve na Sibéria quanto em uma Harley Davidson, Putin também pilotou um Fórmula 1 no circuito de São Petersburgo.
Essas ações são, sem dúvida, menos impressionantes que seu voo em um caça até a Chechênia ou quando foi co-piloto de um avião-tanque durante os grandes incêndios do verão de 2010 na Rússia.
Mas seu maior espetáculo ainda é o voo em um bombardeiro estratégico em que quebrou a barreira do som e efetuou um exercício de tiro de mísseis de cruzeiro.
Para demonstrar que seus dotes não são apenas físicos, mas também artísticos, Putin improvisou no piano e cantou Blueberry Hill de Louis Amstrong em um concerto beneficente em São Petersburgo.
Também pintou um quadro em 15 minutos, que foi vendido por cerca de 1,1 mil dólares em um leilão para caridade.
Entretanto, nesta série impressionante, houve também um erro, quando, depois de um mergulho em um sítio arqueológico, Putin deixou a água com dois vasos, feito que no final do dia foi reconhecido por seu porta-voz como uma encenação.
De Putin Super-homem a São Putin há uma pequena distância que alguns já percorreram, como uma seita de Nijni Novgorod (região de Volga) que agora o cultua como a reencarnação de São Paulo.
Sem ir tão longe, o idealizador do Kremlin, Vladislav Surkov, descreveu Putin como "um homem que Deus e o destino enviaram à Rússia em um período difícil".
"A identificação de Putin como um herói corresponde aos valores da maioria dos russos. A profissão de agente secreto tem uma aura romântica e Putin, que possui algo de herói de conto popular, domina as criaturas selvagens e luta no tatame. É o czar protetor", comentou a cientista política Olga Mefodieva.
"Putin sucedeu Boris Yelsin, fraco e velho. A Rússia queria um presidente que fosse forte e ativo", acrescentou o ex-conselheiro do Kremlin Gleb Pavloski.