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Viver em uma bolha, a solução chinesa pós-apocalipse

Um ex-agricultor chinês criou refúgios esféricos de alta tecnologia capazes de resistir a dilúvios, tsunamis ou terremotos


	Liu Qiyuan posa entre suas cápsulas de sobrevivência em Pequim: "se realmente acontecer um Apocalipse, posso dizer que construí a sobrevivência da humanidade"
 (Ed Jones/AFP)

Liu Qiyuan posa entre suas cápsulas de sobrevivência em Pequim: "se realmente acontecer um Apocalipse, posso dizer que construí a sobrevivência da humanidade" (Ed Jones/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 14h30.

Qiantun - Em função do Apocalipse supostamente anunciado pelo calendário Maia, um chinês garante ter encontrado a solução perfeita contra o fim do mundo: refúgios esféricos de alta tecnologia capazes de resistir a dilúvios, tsunamis ou terremotos.

Liu Qyuan, de 45 anos, ex-agricultor que se transformou em marceneiro, examina sua última criação, uma esfera de sete metros de diâmetro batizada "Arca de Noé" e concebida para resistir às piores catástrofes.

"A esfera não terá o menor problema, inclusive com ondas de 1.000 metros de altura. É como uma bola de pingue-pongue: apesar de sua superfície fina, pode resistir a muita pressão", assegura o criador em entrevista à AFP em seu ateliê de Qiantun, a uma hora de Pequim.

As sete bolas, algumas terminadas e outras em construção, são fabricadas com fibra de vidro e uma armação de aço. Cada uma custa 300.000 iuanes (37.000 euros) e é equipada com oxigênio e reservas de água e alimentos.

A "bolha" tem também cinto de segurança, essenciais em caso de tempestades. Liu fez um teste de segurança pedindo a seus assistentes que agitassem fortemente uma das arcas com ele dentro.

"Estas embarcações foram concebidas para transportar 14 pessoas, mas é possível que até 30 pessoas possam sobreviver em seu interior durante dois meses", explica.

O isolamento é tão bom que "uma pessoa poderia viver quatro meses em seu interior no Pólo Norte ou Sul sem congelar ou sequer sentir frio", assegura Liu.

As habitações dispõem do essencial para o conforto doméstico, como uma mesa e uma cama, e são cobertas de papel florido.

Liu Qiyuan conta que teve a ideia de fabricar estes refúgios depois de assistir o filme americano de catástrofes "2012", baseado no fim do mundo de 21 de dezembro, segundo uma suposta conta por trás de 5.000 anos do calendário Maia.


"Se realmente acontecer um Apocalipse, posso dizer que construí a sobrevivência da humanidade", diz esse discípulo de Noé.

O medo do "fim do mundo" se espalhou na China, onde dois distritos rurais tiveram as velas esgotadas de suas prateleiras, porque os habitantes estão convencidos que o Sol não vai mais nascer após o solstício de inverno, segundo a agência Nova China.

Na província oriental de Zhejiang, um empresário recebeu 21 pedidos para embarcações de sobrevivência, que foram igualmente vendidas como "Arcas de Noé" por cinco milhões de iuanes (610.000 euros) cada una, segundo o jornal China Daily.

Em outro extremo do país, em Xinjiang (noroeste), um homem declarou à AFP ter investidos todas as suas economias, cerca de 120.000 euros, para construir um barco, pois teme que sua casa seja arrastada por um dilúvio.

As autoridades chinesas reagem com mensagens tranquilizadores: "O suposto fim do mundo é um rumor", segundo uma mensagem da polícia de Pequim na internet, em que pede à população que se remeta a "conceitos científicos".

As esferas de sobrevivência de Liu têm origem em uma real tragédia: a ideia de utilizá-las contra catástrofes como o tsunami de 2004 no Oceano Índico, que deixou cerca de 250.000 mortos.

Apesar da aproximação da suposta data fatídica, Liu Qiyuan, casado e com uma filha, não pode vender nenhuma de suas criações e teme não poder devolver os créditos que pediu para construí-las.

"Investi mais da metade das minhas economias nesta esferas, porque vale a pena, é para salvar vidas", explica.

Para demonstrar sua resistência, entra em uma das esferas e pede a um de seus assistentes que se choque contra ela com um caminhão. Resultado: uma pequena rachadura na superfície da esfera.

O inventor mostra a cabeça por uma pequena janela, satisfeito: "Nenhum problema, não senti nada!"

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