Vivek Ramaswamy, durante o primeiro debate dos candidatos republicanos à Presidência, em 23 de agosto (Al Drago/Getty Images)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 27 de setembro de 2023 às 17h20.
Última atualização em 28 de setembro de 2023 às 09h49.
Um milionário que nunca foi político, mas quer se tornar presidente para salvar o país do que ele considera ameaças como o aumento da imigração e a perda de valores tradicionais. Esse posicionamento, que garantiu a vitória de Donald Trump em 2016, está sendo testado de novo nas eleições americanas de 2024, agora por Vivek Ramaswary.
Ramaswary, 38 anos, ganhou projeção a partir do primeiro debate entre os republicanos, em agosto. Assim como Trump, que também está na disputa pela Presidência e é favorito para obter a indicação republicana, mas não tem ido aos debates, o candidato chamou a atenção ao usar uma retorica dura contra os rivais. E subiu nas pesquisas depois disso, chegando ao terceiro lugar.
Filho de pais indianos, Ramaswary tem 38 anos e patrimônio estimado pela Forbes em cerca de 950 milhões de dólares. Ele nasceu nos EUA e se formou em Harvard e Yale, duas das mais prestigiadas do país. Como empreendedor, criou algumas empresas e enriqueceu com a ideia de captar recursos de investidores do mercado financeiro para criar remédios e outros produtos a partir de inovações na biotecnologia.
Uma de suas empresas, a Axovant, levantou 315 milhões de dólares em seu IPO, em 2015, o maior valor obtido por uma biotech até então. A empresa buscava desenvolver um remédio para o Alzheimer, que não funcionou. A falha deu prejuízo a investidores, mas Ramaswary conseguiu proteger seu patrimônio.
Nos últimos anos, o empreendedor ficou conhecido por criticar os esforços das empresas para se tornarem mais inclusivas e responsáveis socialmente, as ações resumidas na sigla ESG. Em livros como "Woke.Inc", de 2021, Ramaswary defende que as companhias devem se concentrar em dar lucro e compara os movimentos de inclusão, como o de mulheres, LGBTs e imigrantes, a puro vitimismo.
Ramaswary publicou uma lista que chama de "dez verdades", na qual defende que existem apenas dois gêneros, que Deus é real, que a humanidade precisa de combustíveis fósseis e que racismo reverso é racismo, entre outros temas, que o aproximam das ideias de Donald Trump. O candidato já fez vários elogios ao ex-presidente, a quem considera um dos melhores líderes que o país já teve.
Trump abriu espaço na política e no Partido Republicano ao confrontar adversários de forma dura e defender ideias conservadoras e contrárias a grupos minoritários, como dar sinais de apoio a grupos racistas e dificultar a entrada e a permanência de imigrantes. Uma das "verdades" de Ramaswary é "uma fronteira aberta não é uma fronteira".
Atualmente Ramaswary está em terceiro lugar nas pesquisas, com 5,7% das intenções dos republicanos. O governador da Florida, Ron Desantis, vem em segundo, com 13,8%. O ex-presidente Donald Trump é líder isolado, com 54,7% de preferência. Os dados foram compilados pelo site fivethirtyeight.
Apesar do favoritismo, Trump é alvo de vários processos na Justiça, e não está claro o que pode ocorrer se ele sofrer alguma condenação antes da eleição, marcada para novembro de 2024. A lei americana não impede condenados de concorrer ao cargo de presidente, mas nunca um partido de peso deu espaço para que um candidato condenado ou preso disputasse o comando do país.
O candidato republicano à Casa Branca será escolhido nas primárias, que começam em janeiro de 2024 e devem se estender até o meio do ano. O vencedor no partido provavelmente enfrentará o presidente Joe Biden, que deve garantir a nomeação do Partido Democrata para disputar a reeleição. Até agora, poucos nomes democratas lançaram candidatura, e é comum que o presidente em exercício consiga disputar a reeleição sem sofrer obstáculos em seu partido.